ATUAL DIRETORIA AJEB-CE - 2018/2020

PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque

PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira

1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa

2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade

1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros

2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros

1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas

2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes

DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles

DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque

CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira

CONSELHO

Evan Gomes Bessa

Maria Helena do Amaral Macedo

Zenaide Marçal

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020
DIRETORIA ELEITA POR UNANIMIDADE

sábado, 30 de janeiro de 2010

VISITAÇÃO - ILNAH SOARES


E a tarde chegou em minha vida,
devagarinho.
Aproximou-se, doce e langue,
e se espreguiçou dolentemente,
trazendo sombras
mas também encantos.
E eu, sonolenta,
quis adormecer,
mas os olhos entreabri...
E vislumbrei
o mais belo crepúsculo
que já vi...

INTERAÇÃO - VIVIANE MONTEIRO

Eu faço parte da Mãe Natureza:
sou ar, sou fogo, sou terra e sou água.

Como folha que cai e se amolda no movimento,
sinto-me sempre bem, pois estou sempre em meu lugar.

Como águia em cativeiro,
Vaguei curva por certo tempo
- inúmeras as amarras...
Retomo, no infinito, meus limites...
Minhas fadinhas do Sonho e do Amor
sempre comigo...
Sinto o ambiente, e ele também fala
e sabe dizer exatamente o que preciso
e o que mais me agrada ouvir.

Sou meio bruxa, meio médium e devota.
Colho de todas as doutrinas
o que sinto ser mais certo:
alma em Rosa Mística, Samsara,
sou miscelânea de todos os credos...

E quando a mente esvazia,
o peito se enche de sentimentos,
e minha natureza inflama:
cerro e abro meus luzeiros,
descalça, renasço cigana,
e cultivo no vento, o meu maior timoneiro...

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - SABRINA MELO

Mulher
Abrigas em teu teu corpo
A capacidade de gerar
Uma pétala de ti mesma
E para quem de seiva e calor
Irás para sempre alimentar
Mulher
A beleza será eterna companheira
Presente na ternura do sorriso
No olhar que tudo transmite
Na profundidade de tu'alma
Na doçura do teu ser

Mulher
Trarás na canção da vida
A melodia em teu coração
E na busca constante de teus dias
Encontrarás o néctar dos sonhos
Mesmo no despertar de outono

MORTE DAS PAIXÕES - SÉRGIO MACEDO

As nossas paixões morreram.
Adormeceram nossas crenças.
Os meus e os teus caminhos continuam abertos,
réus de si mesmos.
Procuramos as rosas negras no céu,
não as vemos, não as temos.
A tua imagem se desvanece à medida que o tempo passa.
Dissolve-se em mim, eu mesmo, lido como pessoa.
Não tenho, não temos mais procuras nem esperas.
As rosas negras no céu desapareceram,
dentro de garagens fétidas.

Não creio em tua crença nem tu no em que acredito.
Temo não vê-la mais,
escondida que estarás, sempre, atrás de barris de pólvora e outros pensamentos.
Temo não tê-la mais,
nas mãos de quem estás, na emoção sob a qual estás.
Mas isso é apenas um simplório sinal dos tempos.
Tenho por perdido o diamante louco e belo.
Temo sermos, nós dois, o diamante que perdemos.
Temo estar, sem saber, hibernando qual um urso, à espera do próximo
inevitável inverno da alma.
Temo não alcançá-la nem ver a ventania e a nevasca da manhã, tal qual
o velho e cansado e perecível urso, perdido
dentro da brancura perdida de seus tempos...

AS NOITES - VICENTE ALENCAR


As noites foram feitas de sonhos,
por isso são noites.
As noites foram feitas para o amor,
por isso são noites.
As noites foram feitas para falar a dois,
por isso são noites.
As noites foram feitas para os encontros,
por isso são noites.
As noites foram feitas para rir baixinho,
por isso são noites.
As noites foram feitas para cantar com a alma,
por isso são noites.
As noites foram feitas para quem tem coração,
por isso são noites.
As noites foram feitas para dedicar um ao outro,
por isso são noites.
As noites foram feitas para sentir o cheiro,
por isso são noites.
As noites foram feitas para sentir a pele,
por isso são noites.
As noites foram feitas para acarinhar,
por isso são noites.
As noites foram feitas para beijar amando,
por isso são noites.
As noites foram feitas para serem diferentes,
por isso são noites.

GRAFITES - NILZE COSTA E SILVA


O meu caderno de infância
tinha uma casinha feliz
um cacto mal desenhado
do lado esquerdo um sol
ao fundo uma bananeira
com um coração flechado
que eu nem sabia de quem

O caminho traçado a lápis
ia dar bem no jardim
de onde um gato espreitava
entre os cheiros de jasmins

Por trás da casinha feliz
subia um coqueiro alto
ia bater lá no céu
juntava-se às nuvens
que ameaçavam chover

Chovia quando eu queria
nos desenhos que eu fazia
sol e lua se encontravam
e tudo se harmonizava
num contorno de alegria

Do meu grafite saía
tanta coisinha bonita
que me dá saudade agora
meu pai, minha mãe eu fazia
todos de pernas finas
e eu ficava no meio
ao redor os meus irmãos
ninguém tinha ido embora

Meu caderno de infância...
dobrei todas as páginas
que é pra ninguém fugir
metade do eu ser no mundo
ficou naqueles grafites
de onde eu nunca saí...

OS AMANTES - MARIA LUÍSA BOMFIM

Corpos suados
beijos apaixonados,
marcas de batom
no papel.
Palavras sussurradas,
juras de amor,
na suíte do motel.
Encontros marcados,
minutos contados,
perfume de jasmim.
Música "blue",
abajour lilás,
saudade doída,
dúvida sem fim.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SEIS DA TARDE - NEIDE AZEVEDO

As mãos uniram-se em prece
A lágrima furtou-se aflita
O verde se fez fadiga
O anjo cantou tristesse
a nuvem afastou o vento
O trigo se fez farinha
A mãe desfia uma história
O padre uma ladainha.
O pai pagou uma dívida
O filho foi à quermesse
O galo cantou seu canto
O dia quase amanhece
O sino bateu seis horas,
Anunciando; anoitece...
(2º lugar no Prêmio Costa Matos de Poesia)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ROSAS DA MANHÃ - GISELDA MEDEIROS


Quando vieres
vem de leve
assim como a primeira estrela
que paciente desponta
jogando sua luz
por entre as brumas
consciente da importância
de sua chegada.

Vem com dedos de carícias
silenciosas
com mãos de artista
leves
para que não me doa
o poema que fizeres.
Ou melhor
vem como quiseres.
Estarei aqui
em mim
dentre outras mulheres,
mas a única que te sabe
florir em versos.

domingo, 24 de janeiro de 2010

VEM! - ZENAIDE MARÇAL


Vem!
Vem de mansinho
como a brisa cálida
que acaricia o verde da colina!
Faze meus olhos brilharem
como olhos de menina...

Vem!
Vem como o vento forte e insistente
que tange as folhas pelos campos
e, insensato e inconsequente,
atiça o fogo das queimadas...

Vem!
Mesmo que seja como o redemoinho
que gira feito louco e tudo envolve
num abraço passageiro...

Vem!
Não importa como chegues,
feito brisa ou vento alísio,
mas vem!

Vem,
sacode e desperta
meu dormente coração!

sábado, 23 de janeiro de 2010

POSSIBILIDADES - REJANE COSTA BARROS




Sou pedaço de carne
cravada na faca fria do nada porta entreaberta mirando as paisagens molhadas. Um porto esperando os navios que chegam e partem, sou metade da lenda que já está quase escrita, com letras vermelhas, pulsantes, vivo sangue que derrama desejos, cores, ardores. Sou a cantiga e a calmaria,
um bule cheirando a vida e esperança
e a alma a lavar-e em todos os segredos. O Auto de Suassuna e o som da sanfona do Rei migrando acordes; sou humor, gritaria, a sonoridade do canto do Uirapuru. O DNA que precisa de códigos sem regras, a luz que espera um brilho que te segue. Posso viver e te amar arrastando as correntes pela escada, subindo as árvores e sacudindo as folhas pelo vento, ser um quadro com pintura azul e cheirando a mar. Voar nas asas de um astro, do pássaro mais veloz, carregando as mágoas do mundo e dando a ti muitas cores, vários aromas, as malícias deste querer que não tem pressa. A espada cortando o fogo e o fel, a única certeza de se remediar o medo o espaço vago da plantação do sonho mais antigo. Agora é hora de debulhar o tempo e esperar a colheita campo limpo de todas as esferas, verdes promessas de todos amores, leitura acesa do meu tempo que se reflete em todos os espelhos.
(poema classificado no XII Prêmio Ideal Clube de Literatura)

Nossa homenagem póstuma ao poeta Costa Matos


Há de Brilhar um Sol Quando eu Passar

José Costa Matos


Quando estiver de volta o dono das searas
para os ritos finais da bênção das colheitas,
a lama em que eu pisei há de elevar-se em araonde oficiarão benditas mãos eleitas.

Frondes vastas, fulgindo à luz das manhãs claras,
contemplarão de perto as grandes mãos perfeitas
multiplicando o pão das multidões ignaras,
tornando em vinho louro as águas mais suspeitas.
E um sol de hóstia, sol de ouro, um grande sol de festa,
há de irromper, fundindo a pedra dos altares,
no incêndio deste ideal, o maior que me resta!

E os que me amaram sempre, os corações de escol,
hão de sentir-me ali, já livre de pesares,
e hão de buscar, chorando, a glória deste Sol!
(Estações de Sonetos)