ATUAL DIRETORIA AJEB-CE - 2018/2020

PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque

PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira

1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa

2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade

1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros

2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros

1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas

2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes

DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles

DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque

CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira

CONSELHO

Evan Gomes Bessa

Maria Helena do Amaral Macedo

Zenaide Marçal

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020
DIRETORIA ELEITA POR UNANIMIDADE

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A LETRA POÉTICA DE SILVIO, BENDITO PELOS SANTOS


Quando criança, um parente presenteou-me com um livro. No livro, a história da persistência. Chamava-se MENSAGEM A GARCIA e o autor era Elbert Hubbard. A história fala que a um homem fora dada uma missão quase impossível. Teria que levar uma mensagem a uma pessoa que não conhecia, num lugar que não sabia onde era. Assim mesmo, aceita o desafio e a ele se dedica com afinco e perseverança. A aventura é fantástica porque são enormes os obstáculos que enfrenta. Ao término, a gente se comove com a coragem e o otimismo do personagem que nunca desiste de sua tarefa, mesmo caindo tantas vezes e tendo o mundo todo contra ele.
Lendo a mensagem a Garcia, ficamos cheios de entusiasmo, e acabamos dizendo a nós mesmos que nada nos impedirá de conquistar o mundo. Ao nos depararmos com mais uma obra de Silvio dos Santos Filho, temos a certeza de sua evolução literária e de sua construção na prosa poética, de sua persistência em levar sua mensagem aos leitores e a eles permitir ter esperança. A cada tijolo colocado, sua obra se engrandece e se descortina diante de nossos olhos num deslumbramento pulsante.
Há neste livro um sopro de energia que nos passeia à alma, nos envolve o semblante, nos traz alegrias, nos permite muitos momentos de emoções. Os textos produzidos em linguagem simples nos mostram um autor de espírito grande e a conduta sublime dos bons, auferindo das coisas e do tempo motivações e arrebatamentos, mostrados em sua obra, os quais se tornam para nós, retratos de um dia-a-dia de expressões cristalinas e o doce perigo da aventura a rondar nossas pegadas.
Silvio dos Santos Filho mostra-se maduro, aprimorado pela experiência, vivido em suas leituras, cujo exercício maior é a imaginação. Consciente de que muitos se perdem em outros lugares, ele trabalha com a paciência de um artesão, fazendo e refazendo as rendas de um bordado demorado, cuidadoso. Vai cortando arestas e plantando raízes que, sabe muito bem, darão planta boa, forte, fluente.
Pela frente, sabe que tem o horizonte perpétuo dos filhos de Orfeu e sabe, também, que traz nesta obra um recado: que viver é o mais importante e necessário. Mesmo passando por agruras, devemos pensar no amanhã, que será sempre melhor que o hoje. As perdas, as decepções, as lamúrias devem ser deixadas de lado, e o sorriso leve e morno de um amigo pode nos redimir de todo e qualquer mal.
Seu livro é rico em detalhes, em verbos conjugados, em veredas a serem desvendadas, e cada leitor que nele ponha as mãos vai se enxergar em algumas das histórias nele contidas. Há nesta publicação uma riqueza de temas, com os quais o autor constrói sua escritura e nos cristaliza as sensações.
Imaginamos vários lugares em um só, várias pessoas numa só, muitos momentos em nenhum especial. O comum dá lugar ao vertical, ao poético jeito do autor nos apresentar sua prosa. Essa verdade estética é experiência amorosa, é maneira simples de edificar o crescimento literário deste homem que desvenda sua alma e fala de amor e morte como se esses sentimentos fizessem parte de um só itinerário.
As palavras se ampliam e criam asas, voando entre figuras de linguagem e o esboçar de um distinto ato de doação: o amor.
Em seus passos de andarilho, vem açoitando as mulas mancas que teimam em estacionar em seu trajeto, tirando lições e criando alguns truques de como enganar o destino, riscando um traço a cada esquina e fazendo curvas em toda a extensão de seus afetos.
A literatura é sua senhora e dona, amada e amante de quase todas as horas. A terra de Iracema e Alencar o acolheu de braços abertos e não se arrepende de ter registrado em seu cartório maior, o coração, esse filho bondoso, vindo de longe para ser o mais fiel intérprete da alma nordestina, dando o tom certo às canções que vem compondo por esse caminhar poético.
Retire as pedras, sopre a poeira e acalente suas serenas lembranças de menino sonhador, de ilustre caminhador, de condutor maior do seu passeio em busca desta que é a única construção à qual o homem se permite, sem medos e sem moléstias, que é a busca para a felicidade e a certeza de todas as conquistas!
O que justifica viver é a busca da felicidade.
Este é um livro para ser delicadamente folheado e lido sem pressa!

Rejane Costa Barros
Da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A BIENAL COM O OLHAR VOLTADO ÀS NOVAS GERAÇÕES - Evan Bessa

Acompanho a Bienal Internacional do Livro desde o início de sua instalação em nossa capital. Tenho observado que a cada evento está havendo maior receptividade por parte do público. Adultos, jovens, adolescentes, crianças lotam os pavilhões do Centro de Convenções atentos, curiosos e sempre querendo se informar e participar da programação oferecida.

Este ano o tema é bem sugestivo: “O livro e a leitura dos sentimentos do mundo”. Uma homenagem está sendo feita à escritora Rachel de Queiroz, na passagem de seus 100 anos. A motivação torna-se ainda mais atraente, uma vez que além da autora ser cearense, sua obra é rica e múltipla, voltada sempre às raízes, ao seu povo e à sua gente.

O que reputo de uma importância fundamental nas bienais é que o fluxo de crianças e jovens das escolas vem aumentando significativamente. Há um incentivo por parte das autoridades e gestores escolares, no sentido de que cada aluno adquira livros a seu gosto para, de fato e de direito, tornarem-se verdadeiros cidadãos e leitores. Fomentar o hábito da leitura desde cedo é uma necessidade primordial; pais e professores devem propiciar essa aventura deliciosa aos filhos e alunos. E o que vemos a todo instante na Bienal são escolas com alunos de todos os níveis de ensino, visitando os stands e participando das atividades. Olhinhos buliçosos percorrem os vários painéis e balcões de livros coloridos espalhados ao longo da feira. A animação e a curiosidade dos pequenos leitores que estão despontando sugerem que as gerações futuras terão uma maior predisposição para fazer do livro o companheiro dileto - o amigo de todas as horas, o objeto de desejo.

O ato de ler com compreensão, sabendo interpretar um texto, é, ainda, uma das maiores dificuldades encontradas em sala de aula. A dificuldade na leitura compromete as demais habilidades e competências no ensino e na aprendizagem cotidiana.

Vejo com bastante entusiasmo e otimismo o caminhar desses novos leitores na busca da cidadania e do poder de informação. O livro como investimento para uma população, onde o acesso a esse material ainda se constitui objeto muito caro, não deve ser privilégio de alguns, mas estar disponível a todos. Poucas famílias podem proporcionar aos seus filhos uma pequena biblioteca em casa; a maioria dos alunos só conta com o acervo que existe nas escolas. Hoje, tenta-se modificar essa realidade.

Mesmo no mundo em que vivemos de grandes avanços e inovações tecnológicas, nada substituirá o prazer de ter um livro em mãos, viajar nas suas histórias, conhecer lugares, descobrir o desconhecido, enfim, fazer da leitura uma forma de lazer e, ao mesmo tempo, uma atividade prazerosa.

A IX Bienal Internacional do Livro no Ceará vem, mais uma vez, estimular leitores, ilustradores, escritores nas suas produções literárias, e o grande público em geral, a se tornarem fiéis e verdadeiros amantes da boa leitura.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Discurso de Posse – Maria Luísa Bomfim



Bom dia a todos

Ilustre escritora e poetisa Zenaide Marçal, presidente da AJEB no biênio 2008-2010 a minha saudação, meu apreço e reconhecimento por seu excelente trabalho à frente de nossa Entidade; em seu nome cumprimento os demais membros da Mesa.
Caríssima escritora Ione Arruda, em seu nome cumprimento as demais colegas ajebianas.
Caríssimo poeta e escritor Pereira de Albuquerque, em seu nome cumprimento os nossos sócios colaboradores.
Ilustre escritora e poetisa, acadêmica Regine Limaverde, minha querida prima-irmã, em seu nome cumprimento os demais convidados e convidadas.
Caríssima jornalista e escritora, acadêmica Lúcia Lustosa Martins, presidente do Clube de Leitura “As Traças”, em seu nome cumprimento as demais sócias que aqui se encontram.
Caríssima Profa. Rose Espíndola Benevides, fundadora dos Grupos Músicais, Terça Nobre e Encontro das Quartas, em seu nome cumprimento aos demais sócios que aqui se encontram.
Caríssimo Dr. Romeu Cysne Prado, presidente do Rotary Clube Centenário, em seu nome cumprimento os demais colegas Rotaryanos.
Minha querida filha Profa. Ana Paula Bomfim Soares em seu nome cumprimento os demais familiares.

Senhoras e Senhores:

Está escrito no Eclesiastes:
“Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para abraçar e tempo para afastar-se, tempo para amar e tempo para aborrecer-se; tempo de guerra e tempo de paz.”

Por considerar-me uma novata entre as ilustres colegas Ajebianas, fiquei surpresa e profundamente grata ao receber o convite das escritoras Zenaide Marçal, presidente do biênio 2008-2010 e Giselda Medeiros, nossa presidente de honra, para compor a chapa Prof. Costa Matos, no cargo de Presidente do biênio 2010-2012 da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB - coordenadoria-Ce. Conheço minhas limitações, mas a vontade de servir e ajudar foi maior que o medo de errar. Palmilhando a estrada de nossas vidas, nos deparamos muitas vezes com situações contraditórias, nas quais o coração diz “sim” e o cérebro diz “não”. Isto não significa loucura, pelo contrário, é a sabedoria da consciência de nossas obrigações e a pujança de nossos sonhos que nos impulsiona a correr riscos, em busca de vitórias. Assim vejo, agora, chegou o Meu Tempo. É a minha hora de empunhar a bandeira da AJEB em uma das fileiras de vanguarda, o que muito me honra e envaidece. E já que o destino aqui me colocou, procurarei fazer jus à confiança em mim depositada. Os obstáculos existem, as procelas também, o importante é mirar-se no exemplo de um hábil navegador e encontrar o caminho para alcançar o porto seguro.
O poeta é feito de sonhos e emoções. Ele encanta-se perdidamente e transporta-se em sentimentos. Sentimentos de alegria, dor, saudade, nostalgia, enfim, o poeta é um mago da linguagem e um apaixonado por tudo que é belo. É assim, com a alma de poeta, que recebo neste momento a missão que me foi designada. Bem sei que a responsabilidade de substituir a escritora Zenaide Marçal é muito grande, uma vez que durante todo o seu período na presidência, as manhãs das terceiras terças-feiras do mês, aqui na Academia Cearense de Letras, palco das reuniões da AJEB, foram plenas de cultura, alegria e bem querer. A competência de nossa querida Zenaide, sempre acompanhada de muito carinho e dedicação, foi uma constante entre nós. Os momentos prazerosos nos envolviam tal qual os raios do sol envolvem as flores nas manhãs de primavera. Tudo era trabalho, harmonia e muito calor humano. Nossas produções literárias pareciam estar sempre debaixo da “poeira das estrelas” e nossa imaginação voava célere em busca da perfeição. Mas, ao sofrer o acidente que nos impossibilitou de sua presença, a grande preocupação de Zenaide eram suas pupilas ajebianas. Foi nesse período, que sendo a segunda vice presidente, ocupei o cargo da presidência, uma vez que a escritora Neide Azevedo, primeira vice, estava impossibilitada de faze-lo. Ficar à frente da AJEB, naqueles três meses, foi um desafio prazeroso, no qual recebi total apoio, carinho e solidariedade da diretoria, nas pessoas das escritoras: Giselda Medeiros, presidente de honra, Rejane Costa Barros e Francinete Azevedo, primeira e segunda secretárias, Evan Bessa e Ilnah Soares, primeira e segunda tesoureiras. Com muito amor, dedicação e elegância essas amigas queridas auxiliaram-me em todos os momentos necessários. Quero em público dizer-lhes do meu sincero agradecimento nos meus tropeços de iniciante.
Porém todos nós, amantes da cultura e do saber, somos responsáveis pelo crescimento desta nossa valorosa Associação, que tem por lema “A perenidade do pensamento pela palavra”. A nossa AJEB que está completando 40 anos de existência traz para o mundo literário uma história rica de conquistas e realizações.
Meus amigos e amigas,
Giselda Medeiros, nossa Presidente de Honra, que por 10 anos comandou com maestria esta Entidade, aqui no Ceará, tendo sido também presidente nacional por 4 anos, nos relata com muito orgulho: “O mérito dessa fundação deve-se à escritora paranaense Hellê Vellozo, que em 8 de abril de 1970, desvinculava-a de sua filiação junto à AMMPE (Asociación de Mujeres Periodistas y Escritoras), no México, passando a ter autonomia, no Brasil, como AJEB (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil), espalhando-se através de coordenadorias por muitos estados brasileiros”.
Pertencer à AJEB é nossa escolha, sem dúvida uma escolha inteligente, uma vez que nossa associação fomenta cultura, e cultura é coisa séria. Afinal é através dos padrões de comportamento e dos valores exercidos na sociedade que podemos sonhar com um mundo melhor e mais fraterno. Na AJEB, encontramos reuniões literárias enriquecedoras, publicações educativas, concursos literários e recentemente um “blog” formatado com muito esmero e tecnologia informática por nossa incansável Giselda Medeiros.
Sempre fui otimista, e agora no outono de minha existência, sou mais ainda. É assim que nesta manhã do dia 20 de Abril de 2010, com o coração feliz e a firme convicção de acertar, farei o melhor que puder, procurando dentro de minhas possibilidades continuar o trabalho edificante de minhas antecessoras, valorizando os ideais de cada ajebiana.
Meus amigos, neste dia tão especial para mim, quero fazer alguns agradecimentos:
Às diretorias anteriores pelo exemplo de competência administrativa: às companheiras que prontamente aceitaram meu convite para compor a chapa Prof. Costa Matos; ao escritor e poeta Vicente Alencar por ter me apresentado à AJEB; a todas as sócias e sócios colaboradores por estarem presentes; aos amigos e amigas que estão aqui comigo; à querida amiga, jornalista e escritora Arleni Portelada que gentilmente atendeu meu pedido para dirigir a cerimônia; à minha família e principalmente a Deus, que, com certeza, sempre caminha ao meu lado.
Com grande admiração e carinho, externo a mais pura gratidão a todos vocês.
Muito Obrigada.

Discurso de Transmissão do Cargo – AJEB/CE - Zenaide Marçal


Prezados componentes da Mesa Diretora, a quem saúdo na pessoa de Giselda Medeiros, nossa Presidente de Honra; Caras ajebianas componentes da Diretoria eleita, às quais saúdo na pessoa da Presidente Maria Luisa Bomfim; estimadas sócias efetivas, prezados sócios colaboradores, a quem saúdo na pessoa de Giselda Medeiros; senhoras e senhores convidados e demais presentes, a quem saúdo na pessoa de Aldanira Lyra.

Lemos no Eclesiastes que “para tudo há um tempo debaixo do céu”. Há dois anos fui empossada na presidência da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria do Ceará, bastante temerosa da responsabilidade que assumia, mas com muita vontade de fazer um bom trabalho e creio que consegui. Dizendo melhor, conseguimos, porque para isto contamos com a colaboração constante e decidida de cada membro da nossa Diretoria, assim como da nossa Presidente de Honra Giselda Medeiros.
Procuramos manter a AJEB no mesmo patamar que ocupava na administração anterior. Tivemos o cuidado de convidar palestrantes, dando prioridade aos nossos associados, o que não impediu que convidássemos, vez por outra, membros de outras associações, contanto que as nossas reuniões se tornassem tão interessantes quanto no tempo dos Clubes de Leitura.
Assumimos no mês de abril de 2008, tendo nessa mesma data o lançamento do livro Poemas e Lembranças, da nossa estimada Conselheira Neide Freire, com quem dividimos o prazer daquela reunião festiva.
- Em maio, a mesma colega Neide Freire nos brindou com uma palestra sobre Heloneida Studart, que muito nos empolgou.
- No mês de junho foi a vez de Argentina Andrade com o excelente trabalho intitulado – Rui Barbosa, o maior Brasileiro da História.
- Em julho, costumeiramente um mês de recesso, comemoramos com um almoço no Restaurante Côco Bambu o aniversário da nossa Presidente de Honra Giselda Medeiros, ao qual compareceram inúmeros sócios, familiares e amigos.
-Veio Agosto e tivemos a felicidade de ouvir a palestra de Ione Arruda sobre o grande escritor Humberto de Campos.
-Em setembro, Mário Quintana veio até nós, através da palavra fluente de Rita de Cássia Fernandes Araújo.
- Em outubro, Evan Bessa nos trouxe - “O Memorialista Pedro Nava”, tendo até mesmo a participação do Prof. Costa Matos que nos mostrou uma carta que o referido escritor lhe havia enviado anos antes.
- Em novembro Maria Luisa Bomfim deixou-nos enlevados ao falar de Regine Limaverde. Aliás, tivemos a grata satisfação de contar com a presença desta querida Acadêmica.
Ainda nesse novembro de 2008, quis a Vida que precisasse me ausentar, acidentada que fui, aliás a primeira vez que, espero, seja a única.
Assim, não tivemos em dezembro de 2008 a nossa festa natalina, resolução tomada pela Diretoria, cuja solidariedade muito me tocou.
No ano seguinte, 2009, tivemos o costumeiro recesso em janeiro e fevereiro.
Iniciando as atividades desse ano de 2009, substituída em março pela 2ª vice-presidente Maria Luisa Bomfim que, no impedimento da 1ª vice presidente Neide Azevedo, atendeu prontamente à nossa solicitação e desempenhou o cargo da forma mais eficiente possível, cheia de entusiasmo e boa vontade. Não posso deixar passar esta ocasião de, mais uma vez, agradecer-lhe, penhoradamente, diante de todos.
Nesse mesmo mês de março, houve a palestra que estava anteriormente programada, da escritora Thereza Leite, sobre Natércia Campos, de saudosa memória, figura das mais projetadas da nossa literatura. Março, abril, maio e junho foram meses em que a AJEB esteve sob o comando de Maria Luísa que manteve o alto nível das reuniões ajebianas.
Após o recesso de julho, reassumimos a Presidência e resolvemos fazer experiência de uma reunião mais participativa, dando oportunidade a vários associados, em cada mês, de mostrarem seus trabalhos literários, ora em prosa, ora em verso, o que foi feito nos meses de agosto, setembro e outubro.
Pensando sempre em melhorar, voltamos às palestras e tivemos em novembro o Prof. Tarcisio Cavalcante, da ACLP, que nos trouxe uma aula completa e mesmo divertida, sobre o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, trabalho este de grande valor e que agradou aos presentes muito além da expectativa.
Em dezembro fizemos uma grande festa de confraternização natalina que contou com a participação da maior parte dos nossos associados, além de alguns convidados. Homenageamos os funcionários desta Casa, os quais sempre nos ajudam na organização de nossas reuniões, oferecendo-lhes, em nome da AJEB, lembranças natalinas. Aliás, a AJEB tomou a si a responsabilidade de oferecer os presentes para o sorteio do qual participaram não somente ajebianas e ajebianos, mas também os visitantes, o fotógrafo e o violonista, convidados. Tivemos um “brunch” regado a vinho, “comme il faut”! Vibrantes de fraternidade, fechamos as atividades de 2009 como se costuma dizer: com “ chave de ouro”.
Depois do habitual recesso de janeiro e fevereiro, com a mesma “chave de ouro”, abrimos as nossas atividades literárias de 2010, pois tivemos a feliz oportunidade de receber Regine Limaverde que nos brindou com a palestra intitulada – Considerações sobre a Leitura. Em seguida fizemos a votação na qual foi eleita a nova Diretoria para o biênio 2010 – 2012, que logo mais tomará posse.
Não posso terminar estas palavras sem fazer o que é mais importante: Agradecer. Peço permissão a todos para fazer um agradecimento a alguém que não se encontra mais no meio de nós, cuja ausência nesta Mesa ainda hoje é sentida. Trata-se do grande e pranteado amigo, o Acadêmico Prof. Costa Matos, Sócio Honorário da AJEB, a quem devo gratidão pelo forte apoio dado à nossa Diretoria. Sempre presente às nossas reuniões, a nos encorajar. Quando de sua partida, fiz um poema que intitulei “Choverá Saudade” e que leio agora em sua homenagem:

Tu eras a Poesia
por que volatilizar-se?
Doravante
nascerão poemas nos Campos Elíseos;
novos salmos serão compostos
e encantarão Santos poetas;
para ver-te,
mil flores luminescentes
sutilmente brotarão
nas veredas do Infinito.

As borboletas,
não mais crisálidas,
já não escaparão de tuas mãos,
nem os teus sonhos...

E choverá saudade
nos corações que conquistaste!

Para ele, não peço 1 minuto de silêncio; peço palmas!

Continuando, quero fazer aqui um agradecimento a Santa Tereza D’Avila a quem confiei a trajetória deste mandato. Quero agradecer igualmente à nossa Presidente de Honra Giselda Medeiros a confiança e a presença valiosa e indispensável, ajudando-nos a abrir caminhos ainda desconhecidos.
Agradeço a cada uma das Diretoras e Vice-Presidentes da nossa Diretoria, sem cuja cooperação não me teria sido possível bem cumprir este mandato. O meu agradecimento, também, a cada uma das sócias efetivas e a cada um dos sócios colaboradores a frequência às reuniões, permitindo que sempre tivéssemos um bom número de participantes, tornando-as animadas e bastante proveitosas.
Agradeço, enfim, aos funcionários desta Casa, ao nosso sócio colaborador, Jorge Pontes Lima que, com sua voz e seu violão, deu um toque de leveza às nossas reuniões.
Alguns amigos, apesar de não serem ajebianos, marcaram presença, atendendo ao nosso convite. Entre eles, Humberto Oriá e Deusdedit Rocha. A eles a minha gratidão.


Senhoras e Senhores, a Presidente eleita Maria Luisa Bomfim dispensa adjetivos e, como tal, não nos deixa dúvidas de que dará o melhor de si para levar adiante a nossa querida AJEB. Isto é verdade e dou-lhe a minha Fé!
Como já foi dito, “para tudo há um tempo debaixo do céu” e, com grande satisfação, agora, transmito a Maria Luisa Bomfim o cargo de Presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – Coordenadoria do CE, encerrando, assim, o meu mandato.

Muito obrigada!

AJEB: 40 ANOS - Giselda Medeiros



Mozart Soriano Aderaldo, de imperecível memória, muito bem definiu o cearense, ao afirmar que os nossos “caracteres morais, à semelhança do tipo físico, são de uma fixidez surpreendente: sobriedade e resignação, mas muito espírito de resistência, energia e tenacidade”. O mesmo pensamento é o do também acadêmico Abelardo Montenegro, ao dizer: “Terra de gritante paradoxo entre a pobreza econômica e a riqueza intelectual é o Ceará”.
Com certeza, somos um povo firme e forte, persistente e denodado e de grande riqueza intelectual. Quando nos voltamos para algo o fazemos com o melhor de nós. Damo-nos completamente a esse fazer, a essa tomada de resolução. E daí em diante, o trabalho flui, ás vezes difícil, mas prazeroso e rentável.
Corroborando o que foi dito, reportemo-nos à história da AJEB-CE. Em 1976, após seis anos de sua fundação em caráter nacional, pela escritora paranaense Hellê Vellozo Fernandes, formava-se, no Ceará, uma coordenadoria da AJEB. Nenzinha Galeno, nome de invejável projeção literária nas letras cearenses, foi sua primeira presidente estadual e a terceira nacional. Devotou-se firme e forte, persistente e denodada, à causa da AJEB e consagrou-se como importante pilar na construção desta entidade. Vencendo os obstáculos que sempre se fazem presentes no caminho da cultura, de um modo particular no da literatura, promoveu a edição da primeira antologia nacional, “O Livro da Ajebiana”, reunindo autoras de todas as coordenadorias espalhadas pelo Brasil. Após sua morte, assumiram a presidência da AJEB-CE a escritora Rizette Cabral Fernandes, Alayde Sousa Lima, Marlete Leite, sucessivamente. Por essa época, as dificuldades eram muitas e se não fora o denodo de Ione Arruda, cujo amor pela AJEB era tamanho, esta nossa entidade teria perecido. Assumi-a em 1998, ao mesmo tempo em que assumia, também, um desafio maior: o de reerguê-la. E, com o pequeno contingente de que dispunha, pusemo-nos à frente e aqui estamos, comemorando 40 anos de profícua existência. Editamos uma antologia nacional – AJEB Letras – e cinco volumes da coletânea Policromias. Realizamos quatro concursos literários, sendo o primeiro em nível nacional e já chegamos, hoje, com o número 38 do nosso informativo “O Ajebiano”.
Quero, neste instante, louvar e aplaudir, calorosamente, a gestão de Zenaide Marçal, cujo proveitoso trabalho, exercido com a tenacidade do cearense, enriqueceu consideravelmente o currículo de nossa querida AJEB. Seu nome, portanto, de agora em diante, pelos seus relevantes serviços, passa a fazer parte, honrosamente, do quadro de Sócia Benemérita da AJEB.
E, agora, neste quadragésimo ano de fundação, é Maria Luísa Bomfim que se assenta na cadeira de Presidente. Com ela, todas as nossas esperanças e certezas. Para ela, todas as nossas vibrações positivas. E com ela, a certeza de que estaremos sempre juntas, somando esforços e atitudes nessa sua caminhada de sucesso, que auguramos.
Prezados amigos, se há um marcador para o sucesso da AJEB, ao longo desses 40 anos, diremos, sem dúvida alguma, que é o AMOR. É o amor pelo aroma do feminino que a envolve e nos domina, que a torna bela e nos contagia. E esse aroma do feminino embutido em nossas sócias efetivas casa-se perfeitamente com a essência do viril presente em nossos sócios colaboradores, e passa a constituir um perfeito e indissolúvel par.
Somos felizes por isso e, por isso, vivemos em união. Parabéns à AJEB. Parabéns a todos nós.
20/4/2010

NAUFRÁGIO - Vicente Alencar


Os dias passaram
após o naufrágio.
Não se tornaram
diferentes daqueles.
Mas, na vida,
muitas vezes,
não temos opções,
não temos escolha.
Vivo as sobras de um desastre
que se arrasta pelo tempo.

Não se pode apagar vivências
nem diluir saudades.
O passado é um cofre
de lembranças.
Não sei esquecer.

Não posso desligar
a chave do tempo
que continua,
que me enternece,
que me enconraja,
que me faz sofrer,
pois não sei esquecer.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

EM LINHO E SEDAS - Giselda Medeiros



Teu corpo – aquário de minhas ânsias –
envolto em linho e sedas de lembranças,
transita cálido em meus pensamentos
sob um feroz e líquido silêncio.

Somente escuto o som de tua flauta...
E esse rumor que dela vem me excita,
ária de sol, de sal, em minhas carnes,
latejos de emoção, laivos de êxtase.

No entanto, indiferente aos meus apelos,
dormes qual rio impresso na paisagem
que escorre de teus dedos feito harpas.

E o som que vem do linho e vem das sedas
sobe, cresce, esparrama-se alagando,
do pensamento, as foscas alamedas.

BOIADA - VITAL ARRUDA




Eu nunca vi tanto encanto
numa noite enluarada
ouvindo o meu próprio canto
tangendo minha boiada.

As estrelas ofuscando
com seu brilho encantador
e a natureza buscando
muita paz e muito amor.

Foi este misto de encanto
que eu vivi na madrugada;
sem mágoa, sem desencanto,
tangendo minha boiada.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A VISITA - GISELDA MEDEIROS


Era de uma beleza estonteante a várzea por onde íamos sendo levados. O trepidar do carro sobre os pedregulhos da estrada dava-nos a sensação de galope. E galopávamos já de felicidade. As recordações do dia em que tomamos conhecimento da decisão de papai em levar-nos para um internato iam-se volatizando à proporção que desfrutávamos aquela alegre paisagem. As lágrimas derramadas no momento da separação evolavam-se, ao ritmo do vento, que batia forte sobre o carro e penetrava, furioso, despenteando-nos os cabelos. Hoje, penso como é fácil para a gurizada enfrentar certos problemas e refazer-se inteiramente. Ali, já não nos importava a privação das brincadeiras no imenso quintal de nossa casa nem a saudade das histórias de monstros e duendes que nos contava a preta Benedita, no assustado alpendre, ao clarão da lua cheia. Os banhos divertidos na lagoa. A fuga para a cachoeira encantada. As poucas brigas que, paradoxalmente, nos faziam mais irmãos. O medo nas noites de tempestade. As arapucas colocadas às escondidas. Os castigos severos de papai. Tudo ia ficando para trás, na distância da estrada da vida. Contudo, sentíamos que, dentro de nós, aquilo tudo estava marcado como tatuagens que a vida imprimiu em nós, mesmo sem lhe concedermos permissão.
Papai dirigia sério e taciturno. Aliás, fora sempre assim. Nem um de nós, nunca, ousou desafiá-lo. Quando se calava, era sinal de que queria obediência. Ah, já não existem mais pais como o senhor Raul Moreira de Andrade! Sentíamos orgulho dele. Íntegro. Disciplinador. Um patriarca autêntico.
O carro apalpava as pedras e trepidava dentro de nós. Olhávamos para todos os lados com a indomabilidade de olhos ávidos. Sorríamos. Cantávamos. E papai sério. Lembro-me bem de que o senti triste demais e vi deslizar, tímida, uma lágrima sua. Mal notou-me olhando-o, puxou o lenço, passou-o sobre a testa e, discretamente, enxugou a face.
- É bom fecharmos os vidros. Há muita poeira na estrada.
Mas, eu sabia que disfarçava. Não queria demonstrar o que para ele seria uma prova de fraqueza. Agora, compreendo aquela lágrima calada, que tudo dissera. Ela arde ainda dentro de mim, como se fora uma chama sagrada, alimentando-me o amor, este sentimento capaz de vivenciar o possível e o impossível na história da humanidade. Este amor que constrói, que multiplica, que transcendentaliza.
Dali em diante, não pude mais cantar. Juninho, Daniel e Flávio continuavam tagarelando, alheios à realidade que me apertava, que me oprimia, e para a qual eu não tinha explicação. Só por que pressentira aquela lágrima?! Hoje, sei bem que a vida não nos explica nada, porque a explicação está dentro de cada um de nós. Ela apenas nos prepara o terreno para a semeadura e, quando estamos prontos, é feito o plantio. E eu estava sendo amainada para a colheita da dor.
Enfim, chegamos. A Escola Santa Teresinha parecera-nos simpática. Um prédio amplo, com extensas áreas arborizadas. Um pátio enorme convidava-nos ao lazer. Já imaginávamos as brincadeiras, os jogos, as conversas com novos colegas à sombra daquelas árvores discretas, cujos troncos bordados com corações traspassados por flechas pareciam enormes deuses a proteger aquelas paragens.
Uma religiosa, de sorriso austero, veio receber-nos e nos encaminhou à sala da Madre Superiora. Esta, após perscrutar-nos, com seus olhos de análise, por cima de uns óculos dourados, mandou que sentássemos. Papai nos apresentou, um por um, caracterizando-nos detalhadamente. Enquanto falava, eu o olhava com uma ternura tal que cheguei às lágrimas. Ali, na imaturidade dos meus doze anos, pude experimentar um sentimento inusitado que, àquela época, não sabia como defini-lo - a saudade . E, fora, na antecipação desse ritual, que chorara. Não pude conter-me, quando papai despediu-se e pôs em minha face o mais saudoso de todos os beijos.
- Virei logo vê-los. Logo, logo. Comportem-se e cuidado com a saúde.
Acompanhei o talhe fino e esbelto de papai, até desaparecer no final de um corredor que dava para a saída. Vi-o seguir firme, sem voltar-se, resoluto, imprimindo naquele chão de passos solitários as pegadas de seu caráter, como a nos dizer: “Sigam-nas”.
Adaptamo-nos logo aos moldes disciplinares do colégio, embora carregássemos na alma uma aflição inexplicável. A educação recebida no lar fora a base sólida para aquela rápida acomodação. Éramos tido como exemplo de disciplina. Ah, papai, quanto orgulho de você!
No entanto, o fato mais importante desta nossa história, caro leitor, aconteceu logo na quarta semana subseqüente à nossa chegada ao colégio. Lembro-me bem. Eu estava semi-acordada. Acabara de ler o conto “O Milagre” que a professora nos dera como atividade e, sob o impacto do misticismo de seu desfecho, tentava, ainda que sonolenta, entender-lhe a mensagem. De repente, a porta do quarto ilumina-se e, do clarão, surge a figura impoluta de papai. Na face, a lágrima da estrada. Sem dizer palavra alguma, entrega-me seu relógio de algibeira. E, antes que pudesse abraçá-lo, desfaz-se em penumbra. Esfrego os olhos atordoada. Sou vencida pelo sono.
Na manhã seguinte, o relógio apertado em minha mão e a lembrança de uma lágrima calada, queimando-me.
Aquela foi a última vez que vi papai.

(SOB EROS E THANATOS)