ATUAL DIRETORIA AJEB-CE - 2018/2020

PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque

PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira

1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa

2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade

1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros

2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros

1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas

2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes

DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles

DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque

CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira

CONSELHO

Evan Gomes Bessa

Maria Helena do Amaral Macedo

Zenaide Marçal

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020
DIRETORIA ELEITA POR UNANIMIDADE

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Umberto Eco, autor do conhecido livro "O nome da rosa", faleceu aos 84 anos


Morre o escritor
italiano Umberto Eco

Morreu na noite desta sexta-feira (19/02) o escritor, semiólogo e filólogo italiano Umberto Eco, de 84 anos. Segundo sua família, citada pelo jornal "la Repubblica", o falecimento ocorreu às 22h30 (horário local), em Milão, na própria residência do intelectual.

Eco nasceu em Alessandria, no Piemonte, em 5 de janeiro de 1932, e entre os seus maiores sucessos literários estão "O nome da rosa", de 1980, e "O pêndulo de Foucault", de 1988. Sua última obra, "Número zero", foi publicada no ano passado e fala sobre a redação imaginária de um jornal, com fortes referências à história política, jornalística e judiciária da Itália.

Além de romances de destaque internacional, o escritor também é autor de numerosos ensaios de semiótica, estética medieval, linguística e filosofia. Em 1988, fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino. Desde 2008, era professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha.

Recentemente, ao receber o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim, Eco havia feito duras críticas às redes sociais, dizendo que elas deram o direito à palavra a uma "legião de imbecis". "Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel", dissera o intelectual.

Segundo o italiano, a TV já havia colocado o "idiota da aldeia" em um patamar no qual ele se sentia superior. "O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade", acrescentara. Uma de suas frases mais famosas é: "Quem não lê, aos 70 anos terá vivido só uma vida. Quem lê, terá vivido 5 mil anos. A leitura é uma imortalidade de trás para frente"

Itália vive luto pela morte de Umberto Eco
Personalidades da cultura, da política, da música e da literatura da Itália amanheceram de luto neste sábado (20/02) após a morte de Eco.

"Umberto Eco nos deixou. Um gigante que levou a cultura italiana para todo o mundo. Jovem e vulcânico até o último dia", escreveu o ministro da Cultura italiano, Dario Franceschini, no Twitter.

O prefeito de Milão, Giuliano Pisapia, utilizou o Facebook, para prestar sua homenagem ao autor de "O nome da rosa".

"Adeus mestre e amigo, gênio do saber, apaixonado de Milão, homem de vasta cultura e de grande paixão política. Milão sem você é triste e pobre. Mas está orgulhosa de ser tua amada cidade. Ter tido você perto nestes anos foi um grande privilégio", publicou Pisapia.
De Bolonha, cidade onde Eco foi professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha, o prefeito Virginio Merola expressou seu sentimento.

"Sinto sua falta, Bolonha sente sua falta, sua inteligência e seu espírito livre farão falta. Adeus Umberto", postou Merola no Twitter.

A política e economista italiana Giovanna Melandri lamentou a notícia e destacou que Eco foi "um grandiosíssimo intelectual e escritor, uma pessoa única e especial".

No mundo acadêmico, Roberto Grandi, professor na Universidade de Bolonha e amigo do pensador, lembrou o passado para exaltar os momentos vividos.

"Era 1972. Parece que foi ontem. Você veio a Bolonha. À universidade. E ficou. Obrigado pelos belos momentos que compartilhamos. #UmbertoEco", comentou no Twitter.
A editora italiana Bompiani, que publicou seu último livro, "Número Zero" (2015), escreveu: 

"Luto na cultura. Umberto Eco nos deixou: estamos abalados".

As reações também vieram do mundo da música, entre outros, da cantora italiana Noemi.

"#UmbertoEco é parte da nossa cultura e literatura. Seremos capazes de contar tão bem as coisas aos italianos do amanhã?", se questionou.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

LEMBRANDO VINICIUS



A Hora Íntima
Vinicius de Moraes

No último dia 9 de julho de 2000, completamos 20 anos sem a presença física do "Poetinha". E se assim digo é porque sua obra está cada vez mais viva entre nós. A ele o Releituras presta suas homenagens, lembrando um pedacinho da música com a qual foi saudado por Chico Buarque de Holanda e Toquinho: "A vida é pra valer, a vida é pra levar, Vinicius, velho, Saravá!".

Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: — Nunca fez mal...
Quem, bêbado, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: — Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: — Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançara um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: — Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Rio, 1950

Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio, 1998, pág. 455.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

PROFESSOR VIANNEY MESQUITA - ARTIGO


MANUEL BANDEIRA
Batista do Modernismo Nacional

Vianney Mesquita



O poeta é como o Sol; o fogo que ele encerra é quem espalha a luz nessa amplidão sonora [...]. Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra! Somos lava, e a lava é quem produz a aurora! (ABÍLIO GUERRA JUNQUEIRO).

Perfaz-se no 2016 entrante (13 de outubro) o aniversário de 48 anos de passamento do festejado poeta recifense MANUEL Carneiro de Sousa BANDEIRA Filho, ocorrido no Rio de Janeiro, nato que foi na, Mauriceia, em 19 de abril de 1886.
MÁRIO Raul de Morais ANDRADE – nome completo para não se estabelecer embaraço com o agrônomo e escritor (*Fortaleza, 05.10.1910 – 05.02.44) Mário Kepler Sobreira de Andrade, o Mário de Andrade do Norte – chamou a Manuel Bandeira, e com muita propriedade, de São João Batista do Modernismo brasileiro, conquanto o extraordinário rapsodo de Libertinagem não haja participado da Semana da Arte Moderna, em fevereiro de 1922.
Ao polígrafo, musicólogo e crítico paulistano assistiam sobradas razões para anotar a denominação, porquanto Bandeira foi dos primeiros a escrever produções poemáticas em antecipação ao novo moto e renovado espírito da poética nacional, ao empregar o verso branco com excepcionais desenvoltura e beleza. Bem atestam esta asserção seus produtos anteriores a 22, especialmente Carnaval (1919 - quem não conhece “Os Sapos”?), uma das primeiras peças do movimento modernista.
Avesso ao “lirismo funcionário público” – decerto em alusão aos exageros oficiais da forma romântico-parnasiana – “  com livro de ponto e manifestações de apreço ao Sr. Diretor” – como ele próprio disse – preferiu aquele “difícil e pungente dos bêbados – o lirismo dos clowns de Shakespeare”.
 Conforme exprime, entretanto, Otto Maria Carpeaux – em Origens e Fins, de 1943 – esse lirismo será revelado, além dos versos românticos, como em A Cinza das Horas. A força interventiva da inteligência crítica, batendo de frente com a sensibilidade analítica profundamente romântica de Bandeira, haverá de produzir o humor, o qual demarcará suas estrofes com a autoironia, consoante ocorreu em Pneumotórax, contrapondo-se à selfpity do romantismo. Foi isso mesmo o que aconteceu.
Ressalte-se (quando do ensejo da comemoração dos seus 130 anos de nascimento, a ocorrer em 19 de abril do ano vindouro) o fato de que, sob ângulo novo, intocado pelas centenas de fontes que o já estudaram, no Brasil quanto no Exterior, é custoso discorrer a respeito do produto literário e acerca do invejável caráter do Vate pernambucano, este poeta da simplicidade, na vida e na poesia.
O que se pode e deve, ainda, dizer de Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, sem se incomodar com a repetição dos torneios, noutras estruturas, mas com semelhante mensagem, é que seu ecletismo na senda literária – poesia, música, crônica, crítica, tradução, ensaio et reliqua – legou-nos a abundante e qualificada obra, tangida “[...] pelas velhas liras e harpas elegíacas do tempo em que as cruzes, os ciprestes, os rochedos e a lua pertenciam aos românticos”. (GRIECO, in MENEZES, Raimundo de. Dicionário Literário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1960, p. 162).
Pela relevância do Escritor pernambucano na literatura – vem de novo Carpeaux – e ele feito poeta, porém, não seria justo levá-lo a um plano menor, em razão da prosa cristalina dos seus ensaios, peças de crônicas e de memórias. Impõe-se destacar, também, completa o Crítico e jornalista austríaco, naturalizado brasileiro, sua produção como escritor didático em várias seletas e, acima de tudo, sua importância como tradutor de poesia, responsável pelas melhores versões de Johann Christian Friedrich Hoderlin,  Friedrich Schiller, William Shakespeare [...] de Sóror Joana Inês de la Cruz e de Omar Khayann.(OP. CIT).
A extensão e a axiologia humanista-humanitária da produção de Manuel Bandeira configuram glória da espécie humana, das melhores obras de Deus, fortalecido (quem sabe) o seu espírito pela tísica que lhe assomou profunda aos tenros 17 anos, pela verdadeira peregrinação por Campanha, Petrópolis, Teresópolis, Fortaleza, Maranguape (Maracanaú), Uruquê e Quixeramobim; pelo retiro forçado a Clavadel, tudo aliado aos sucessivos passamentos de entes queridos de primeiro parentesco, ocorridos ao seu retorno ao País em 1914.
Em Clavadel – Suiça, o também letrista musical Bandeira – escreveu poemas para Francisco Mignone, Villa-Lobos, Ari Barroso, Camargo Guarnieri e outros – encontrou o escritor francês Paul Éluard, a quem nosso Poeta confessou dever “a revelação do amor à poesia e suas possibilidades”. (APUD MENEZES, ÍDEM).
Em tal acidentada e mórbida existência, que lhe educou o corpo ao clarificar o espírito, o bom aluno de João Ribeiro encontrou no Morro do Curvelo – Santa Tereza – Rio de Janeiro - o poeta Ribeiro Couto, com quem travou grande amizade.
Dele expressa Monteiro: porque era bom, “notável pela exemplaridade e singeleza [...] desinteressado dos bens materiais e voltado exclusivamente para os fins da criação literária”, o Autor de Vou-me embora pra Pasárgada em tudo bebia o bem e espalhava sua aura de bondade, sua habilidade, sua destreza em tanger a literatura com temas universais. É

O poeta que brinca, o poeta que lança no ar, de vez em quando, um ou outro poema que é puro divertimento, é ao mesmo tempo aquele que tem dado à poesia brasileira algumas das notas de mais profunda ressonância, de mais amarga tristeza, e de mais séria contemplação da vida. (MONTEIRO, Adolfo Casais. Manuel Bandeira. Lisboa, s.ind. pg., 1943).

Viveu doente do corpo e saudável do espírito, com grande intensidade. Sua poesia é inspiração dos céus, é obra a perpassar o tempo tocando corações de todas as gerações. Sua extensa e eclética produção, versátil de sentimentos, temas e processos poéticos, é exemplo de tenacidade, inteligência e talento, de humanidade método, força de vontade e bonomia, qualidades em declínio nestes tempos difíceis, que nos tangem para distante da poesia, da lua, ciprestes e rochedos, a que aludiu Grieco em passagem anterior.
Não há quem logre, entretanto, nos tanger para longe de Libertinagem, para distante da Última Canção do Beco ... (MESQUITA, Vianney. In Impressões – Estudos de Literatura e Comunicação. Fortaleza: Agora, 1989. 175 pp).
Obrigado, poeta, sábio, semideus. Vamos de novo reler Profundamente, beber profundez nos seus ensaios, aprofundarmos nos seus conselhos, embelezarmos em suas estrofes. E aprendermos com sua vida.

Gratidão a você – Manuel Bandeira, do Brasil!