INVENTÁRIO DO CREPÚSCULO
O horizonte banha-se nas águas cinzas do oceano.
Flocos de algodão desfilam pelo éter,
rumo ao poente.
Rebanhos do céu vestem-se de azul
para saudar a noite.
Apagam-se as dunas do Cumbuco.
Coqueiros tremulam, tímidos, ao vento.
Espumas de neve frisam o litoral
delimitando o mar.
vejo o crepúsculo acasalar o dia,
num copular lento, contínuo e fecundo.
Nasce a noite.
O sol dilui-se ao afago das estrelas.
Vaga-lumes luzem, efêmeros, pelos ares.
Aves deitam em seus ninhos
a exaustão da liberdade.
Crianças bocejam.
Luzes artificiais iludem-nos as retinas,
na derradeira hora vespertina.
Minha alma de poeta
ascende ao asceta.
Saúdo a noite em seu momento primeiro.
A luz que morre no poente
desperta o Oriente.
O tempo não tem tempo.
Belo poema!
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