sexta-feira, 1 de julho de 2016
THEATRO JOSÉ DE ALENCAR COMEMORA CENTO E SEIS ANOS
OS
CENTO E SEIS ANOS DO THEATRO JOSÉ DE ALENCAR
Rejane Costa Barros
O mundo cultural cearense se
movimenta em comemoração dos cento e seis anos do THEATRO JOSÉ DE ALENCAR,
inaugurado a 17 de junho de 1910.
Durante todo este ano de 2016, como
acontece em cada ano, numerosos eventos deverão lembrar esse importante
acontecimento, que colocou Fortaleza entre as cidades brasileiras dotadas de
magníficas casas de espetáculos, a exemplo de Recife (Teatro Santa Isabel),
Belém (Teatro da Paz), São Luís (Teatro Artur de Azevedo), Natal (Teatro
Alberto Maranhão) Rio de Janeiro (Teatro Municipal) e Manaus (Teatro Amazonas).
A necessidade de dotar a nossa
capital de um grande Teatro era aventada desde meados do século 19, quando o
Presidente da Província João Silveira de Sousa enviou à Assembleia Provincial o
primeiro projeto de sua construção.
A intenção da administração pública
haveria de se manifestar em vários outros governos por toda a segunda metade
daquele século, sem, contudo realizar-se, por carências financeiras, flagelos
climáticos e condescendência a outras prioridades, de sorte haver-se por longo
tempo a construção do teatro oficial virar alvo da descrença popular ou ser
tratada pelo ceticismo geral como mero arrebatamento demagógico.
A cidade de Icó, desde 1860, e
Sobral, desde 1880, já contavam com seus respectivos teatros, o que poderia ser
interpretado como uma posição cultural mais avançada do que a da capital, que
assim se mostrava acanhada como sociedade civilizada e de ilustração da
inteligência.
Embora a arte cênica fosse
costumeiramente praticada em Fortaleza, pois aqui tinham sido fundadas várias
casas teatrais e montadas inúmeras peças cômicas e trágicas, burletas, operetas
e esquetes, carecia a Capital do Ceará de um edifício apropriado, um espaço
condizente onde pudessem ser representados o talento e a criatividade de nossos
artistas.
Antecederam o THEATRO JOSÉ DE
ALENCAR, na Fortaleza do século 19, o Teatro Concórdia (1830), o Teatro
Taliense (1842), o Teatro São José (1876), o Teatro das Variedades (1877), o
Teatro São Luis (1880) e o Teatro Iracema (1897), espaços humildes, alguns dos
quais exigindo que os espectadores levassem de casa as cadeiras para assistir
aos espetáculos.
Somente no começo do século 20, no
Governo do Comendador Nogueira Accioly, velho oligarca que vinha do Império e
aderira à República, tiveram início as obras de construção do teatro, na antiga
Praça Marquês de Herval, hoje Praça José de Alencar.
O Governo Estadual não dispondo de
recursos econômicos para uma obra daquele porte, contraiu o primeiro empréstimo
internacional do Ceará com o Banco Nacional da França, tendo como fiadores os
Irmãos Boris, titulares da Casa Boris, na época uma das mais importantes
empresas instaladas no Ceará.
Iniciado em 1908, o THEATRO JOSÉ DE
ALENCAR seria concluído dois anos depois, em 1910, tendo sido inaugurado com
uma sessão solene que contou com números musicais e discursos oficiais. A
primeira peça levada à cena seria “O Dote”, de Artur de Azevedo, e aconteceria
somente a 23 de setembro daquele ano.
O edifício, de estilo eclético, pois
nele se misturam o neoclassicismo e a influência setecentista luso-brasileira,
foi construído dentro dos melhores padrões arquitetônicos que o país podia
oferecer, como Teatro Monumento. Sua estrutura é de ferro fundido, importado da
Escócia, e sua decoração empregou, além do renomado artista nacional Rodolfo
Amoedo, o talento local de nossos pintores, dentre eles o fabuloso Ramos
Cotoco, que também era um bom poeta, compositor e excelente boêmio.
O teatro, nos moldes como o
conhecemos, tem origem nas festas em homenagem a Dionísio, o deus grego do
vinho, e, desde os antigos, tinha a função de representar a vida em todos os
seus momentos de alegria, paixão, esperança, dúvida, remorso ou dor.
Em todos os tempos a arte dramática
foi uma apreciada e comovente modalidade diversional e teve marcante influência
nas culturas dos povos.
De William Shakespeare, o brilhante
renascentista inglês, ao nosso dramaturgo e comediógrafo Carlos Câmara, os
autores teatrais figuram como representantes destacados da literatura de todos
os povos.
Mais do que o cinema e as novelas de
televisão, o teatro produz uma empatia imediata com o público, com ele
repartindo as emoções ali manifestados.
Emblema e símbolo dos sentimentos, o
teatro é uma manifestação artística sublime, que retrata a alma humana de
maneira grandiosa, na apoteose da felicidade ou nos desvãos da amargura,
comprovando que, indiferente ao avanço da tecnologia e dos fascínios da
modernidade, em essência, somos os mesmos seres, sujeitos às oscilações da
sorte e aos vendavais do destino.
Ir ao teatro é uma demonstração de
civilidade e as escolas públicas e privadas deveriam desenvolver programas de
estudo e prática teatrais, tornando a arte cênica um instrumento costumeiro de
educação.
Portanto, no momento em que
comemoramos os cento e seis anos de nosso belo e monumental THEATRO JOSÉ DE
ALENCAR, seria interessante que pudéssemos ter esse sonho acatado e futuramente
realizado. Como seria bom que fosse incluído no currículo das escolas
municipais e estaduais de nosso Estado, a Educação Teatral.
Vida longa ao nosso belo THEATRO
JOSÉ DE ALENCAR.
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