quarta-feira, 19 de abril de 2017
LANÇAMENTO DE POLICROMIAS 9 E 47 ANOS DE FUNDAÇÃO DA AJEB
Os 47 anos de fundação da AJEB foram comemorados em alto estilo, dia 18 de abril de 2017, na Academia Cearense de Letras, com o lançamento do número 9 de nosso POLICROMIAS, organizado por Giselda Medeiros e Ana Paula de Medeiros Ribeiro.
A secretária, Rejane Costa Barros, foi convidada a fazer a leitura da ata da sessão anterior, e a fez, como sempre, com muita competência.
A Acadêmica, Doutora Graça Roriz Fonteles, da Academia Fortalezense de Letras, pronunciou uma abalizada apresentação do livro (ver texto mais abaixo).
Em agradecimento, pela AJEB-CE e por seus associados, falou a Professora, Doutora Ana Paula de Medeiros Ribeiro, da Academia Cearense da Língua Portuguesa, cujo Presidente, Valdemir Mourão, se encontrava presente, prestigiando o lançamento (ver texto mais abaixo).
Foi uma memorável manhã literária e prazerosa, principalmente, quando, no momento do lanche, todos se confraternizaram em torno da Presidente Gizela Nunes da Costa, em aplauso ao seu profícuo trabalho pela AJEB-CE.
Agradecemos a todos os participantes do livro que, com seus ensaios, suas biografias, recensões, louvações sobre as valorosas e corajosas mulheres estreantes em nossas letras, enriqueceram o conteúdo de POLICROMIAS 9.
Enfim, agradecemos a presença de todos que contribuíram para a beleza e sucesso do nosso evento.
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
Policromias Ajebianas
Graça Roriz Fonteles
Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;
far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea (Gen2.18). Assim, a gênese da
dualidade dá seus primeiros passos, e por certo se amainará quando o homem e
mulher se fundirem no amor, tornando-se EU-TU com o traço de união (Martin
Buber). A prima ideia da criação envolve a sabedoria de Deus e o seu
conhecimento na feitura da companheira idônea que o homem carece. Nesse
universo a mulher se projeta e enfrenta as adversidades que se lhes apresentam,
mas sempre com o olhar de vencedora. Materializa seus sonhos na linguagem
essencialmente complexa do feminino, consegue projetá-los a um patamar bem além
daquele que a sociedade lhe aufere.
O livro que me proponho a analisar traça percursos das várias
faces que a mulher pontifica, sem medo de ser surpreendida pelo inusitado, que
ocasionalmente possam vir a impactá-la, obliterando seu devir. Muito pelo
contrário, os obstáculos lhe servem de catapulta, para que mediante a sua
potencial fragilidade se evidencie uma força capaz de sobrepujá-las. Nesse
universo de antagonismos as mulheres aqui decantadas, recebem loas de
escritoras da AJEB-CE, como também de seus sócios colaboradores e beneméritos.
O livro em questão é um bailado de linguagem e letras, no
pálio construído pelo olhar que a mulher dispensa sobre o seu cotidiano pleno de
querer, saber, questionamentos, sofrimentos, amores, fome da alma, crenças e
tudo mais que que a abóbada celeste de seu inconsciente, adsorve e retrabalha
em uma dimensão na qual a procissão de seus sonhos gestados, agora migram e se
transmutam em imagens materializadas plenas de realizar.
“A imaginação, com o
voo ousado, aspira à princípio a eternidade”... como diz Goethe.
Giselda Medeiros traça o mapa de Yolanda Gadelha Theophilo,
com maestria descerra o véu da romancista de origem ilustre, e faz a colheita
do romance “Os Náufragos”, nesse ramo que floresceu, mostrando a sua aura
dentro de uma genética altamente favorável, até porque traz o sangue de José de
Alencar, nosso maior romancista. Yolanda, a autora, falece com quase 90 anos e
nessa época “contava com doze livros publicados, além de larga fortuna crítica
com prestigiados nomes da literatura nacional, a exemplo de Carlos Drummond de
Andrade, Josué Montello, dentre outros”. Giselda
encerra sua análise citando a epígrafe do livro: “Escrevo para que me amem”.
Marcelo Gurgel, é a vez do médico-sanitarista, economista e professor
universitário, escrever sobre Elsie Studart, mulher multifacetada que marca seus
dias com amor e versatilidade de seus escritos.
Literalmente, Elsie usou as suas mãos para ajudar o semelhante no ICC, e
o escritor Marcelo Gurgel descreve-a como “pessoa de invejável cultura”, ghost-writer para incontáveis pessoas,
das quais raramente recebia emolumentos, muitos dos seus escritos tiveram a
autoria transferida a terceiros”. Aqui me reporto aos tempos no século XIII, no
qual à mulher não lhe era permitido escrever e somente ensinar apenas às outras
mulheres, mas a beguina Marguerite Porete ousa escrever O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas. Julgada pela Santa
Inquisição como “pro convicta et confessa et pro lapsa in haeresim”
(ré-confessa de ter caído em heresia e condenada), finda sendo queimada viva a
10 de junho de 1310 junto com seu livro na Place de Grève em Paris.
Kurt Ruh, considera que o Mestre Eckhart, teve acesso a esse livro e que o
“Mestre dominicano deu-se conta do extraordinário valor espiritual do livro da
beguina francesa” (Raschietti,M.). Marcelo Gurgel realça um ponto da sua magnífica
escrita, ao mencionar a homenagem póstuma feita à Elsie Studart.
Maria do Carmo Carvalho Fontenele, escritora que tem seu nome
gravado no Dicionário de Mulheres e no Anuário Literário (2011), apresenta Ana
Facó como a pioneira na direção do primeiro Grupo Escolar de Fortaleza. Numa
linguagem bem articulada faz citação de Dimas Macedo, o qual considera Ana Facó
como “injustificadamente esquecida”, mas encerra com a homenagem de seu irmão,
Engenheiro Antônio Carlos de Queiroz Facó, com a criação de um Grupo Escolar em
Beberibe, sua cidade Natal, que leva seu nome.
Geraldina Amaral, é a homenageada escolhida pela escritora,
magistrada e professora Gizela Nunes da Costa. Em seu itinerário, Geraldina
Amaral, pelas lentes da escritora Gizela, pavimenta seu caminho no vernáculo e
exerce o magistério. Participa da versão embrionária do colunismo social,
exerce também a função de tradutora pública. Geraldina vai mais além e traduz a
obra de Eduardo Campos “Os Deserdados”, para o espanhol. Como sócia fundadora
da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, Geraldina, penetra na obra de Ana
Facó, patrona da cadeira n06. Atualmente exerce a função de redatora
do Jornal Metropolitano de Caucaia.
Henriqueta Galeno, uma mulher e sua história de múltiplas
facetas aqui registradas pela escritora Maria Nirvanda Medeiros. Henriqueta,
filha do casal Juvenal Galeno e Maria Cabral Galeno, bacharel em Ciências e
Letras e Direito. Funda o Salão Juvenal Galeno a 13 de setembro de 1919, ano em
que conclui seu curso de Direito. Henriqueta também funda o Curso Monsenhor
Tabosa de alfabetização de adultos. Após o falecimento de seu pai em 1931,
funda no ano seguinte a Associação Cearense de Imprensa (14 de julho de1932). Representa
o Ceará no Encontro da Federação pelo progresso Feminino, no Rio de Janeiro.
Sua obra Mulheres Admiráveis é
publicada em 1965. É membro da Ala
Feminina da Casa de Juvenal Galeno. “Henriqueta trouxe a marca, o sinete, o
caráter dessas almas privilegiadas. Os seus gestos, no presente dela, nunca
foram impostos, dogmatizados aos contemporâneos” O eu-lírico de Henriqueta
perpassa pelo sonhar e desfaz-se em belo poema Alma Deserta, e vivencia as
agruras do “cálix negro que o destino lhe ofertou”.
A escritora Francinete Azevedo descreve o desiderato da
mulher filha do consagrado poeta Juvenal Galeno, de uma forma lírica e riqueza
de metáforas. A vida literária sempre foi sua paixão, assim como os miosótis, o
que a levou a arquitetar a Cabana Azul, que era a Academia Juvenal Galeno. “Seu
olhar pelo mundo refletia amor, invólucro de sua alma, razão de suas alegrias”.
Maria Evan Gomes Bessa com sentimentos escreve sobre Cândida
Galeno, neta de Juvenal Galeno, prima de Rodolfo Teófilo, Capistrano de Abreu e
Clovis Beviláqua. Usando da prerrogativa de sua ascendência destaca-se como escritora,
colabora com alguns jornais. Cândida Galeno é condecorada com as Medalhas da
Cidade de Fortaleza e da Abolição. Seu nome permanece vivo na Casa de Juvenal
Galeno.
“Escritora com nome de flor”, com esse título, Eduardo Fontes
surpreende, colhe a Margarida dos seus vergéis literários com a destreza de um
floricultor e assim chama a atenção pela sua obra. Margarida Saboia de
Carvalho, professora e escritora, como consorte do Príncipe dos Poetas do Ceará,
Jader de Carvalho, transfere o legado literário a seus filhos. “Mãe de prole ilustre, no qual avulta, sem
demérito para os demais, o jornalista, poeta e senador constituinte, Cid Saboia
de Carvalho”. Destaca-se a singela flor como membro da Academia Cearense de
Letras.
Elinalva Alves de Oliveira, como historiadora abre um leque
de possibilidades como memorialista de Francisca Clotilde, o que faz com
denodo. A escolha da ativista do Movimento Abolicionista e protagonista da
Sociedade das Senhoras Libertadoras, foi acertada... Francisca Clotilde,
exerceu também o magistério e, como mulher de vanguarda, impacta a sociedade
com o seu livro “A Divorciada”
(1902). Em 1908 funda uma escola mista em Aracati. Além de poetisa, jornalista,
dramaturga e romancista, sua efervescência literária fê-la escrever para
panfletos, almanaques, revistas, jornais e livros. Foi companheira dos
intelectuais: Oliveira Paiva, José Olímpio, Rodolfo Teófilo e Antônio Bezerra.
Fátima Lemos com toda
a sua bagagem literária deixa sua marca e privilegia aos seus leitores, ao descrever
sobre a grande jornalista Adísia Sá, mulher que ainda hoje, em idade provecta,
surpreende seus leitores e engrandece a cultura cearense. “A ética é sua ótica
em defesa da justiça e da cidadania”.
Rejane Monteiro Augusto Gonçalves tem seus feitos como
historiadora e biógrafa narrados por Maria Linda Lemos Bezerra, escritora,
psicóloga, que desfruta de várias cadeiras em muitas Academias de nosso estado.
O itinerário acadêmico de Rejane Augusto deu-se no Colégio de Iniciação
Agrícola, cujo pai era diretor, em Pereiro, inicia seus conhecimentos cristãos
em Colégios católicos. Gradua-se em letras e principia sua escrita literária
como memorialista do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. Prossegue na sua
veia de pesquisadora e escreve sobre a sua cidade natal, Lavras da Mangabeira- Um Marco Histórico (1984). Ocupa a cadeira n08
na Academia Lavrense, que tem como Patrono seu pai, Gustavo Augusto Lima.
Risette Cabral Fernandes, deixa suas digitais literárias em
vários livros que a escritora Maria Argentina Austregésilo de Andrade
descortina para os leitores em sua maneira pura e carregada de emoção. A
leitura foi seu primeiro despertar. Seu pai como fundador da primeira livraria
de Limoeiro apresentou-a aos livros. Torna-se professora e com intrepidez “encetou
movimento de orientação de leitura junto à juventude, como Coordenadora do
Movimento dos Clubes de Leitura de Fortaleza”. Seu altruísmo se evidencia em
seu trabalho com as jovens do Bom Pastor. Adentra o mundo da literatura, como
poetisa e escritora chega a ser Presidente da Ala Feminina da Casa de Juvenal
Galeno, em 1971. Exerce também o jornalismo. Milita ainda nas artes e faz seu
début nesse campo com o livro A Escola em
Festa, “com 73 poemas musicados, com representação didática expressa por
meio de quadros gráficos e pintura”. “Orgulho! Desce os olhos dos céus sobre ti
mesmo, e vê como os nomes mais poderosos vão se refugiar numa canção”(Byron).
Nádya Brito Gurgel Correia Dutra como romancista, poetisa e professora
usa de uma linguagem objetiva e escreve sobre a premiada romancista, poetisa,
novelista, contista e artista plástica Ana Miranda. Mulher que foge da
associação mais comum e lidera sonhos que buscam suprir uma significância, bem
além do cotidiano e das possibilidades ao qual Nádya Gurgel tão bem descreve. A
multifacetada obra de Ana Miranda sob as lentes de Nádya Gurgel, deixa o leitor
extasiado.
A poetisa, ensaísta e contista Maria Beatriz Rosário de
Alcântara ao escrever sobre as irmãs Sampaio cujo título bem elaborado “Um
registro e duas irmãs”, é um aguçador de curiosidade do leitor. Duas mulheres
anônimas e irmãs, que vivem seus simples dias solitários. Maria e Abigail, donzelas
bem-apessoadas e de “muitas letras”. Comenta-se em São Gonçalo que as irmãs
Sampaio chegaram a receber correspondência de Eva Peron. Maria, influencia a
irmã mais jovem no gosto pela literatura. Ambas integraram clubes literários
femininos. Estreiam com o livro Átomos e
Centelhas em 1928. E um segundo
livro Luar da Pátria. Maria passa a
ser consorte do poeta Claro de Andrade Junior, enquanto Abigail viaja pela capital da nação. João Brígido e
Artur Eduardo Benevides em suas pesquisas descobrem as irmãs poetisas em
periódicos e antologias de autorias das irmãs. Brígido demonstra sua apreciação
pelos poemas de Maria Sampaio. Seu poema “O Suicida” é publicado no “Jornal do
Ceará” em 23/12/1910. A homenagem póstuma de seus conterrâneos chega em 2008
com a instalação da Escola de Educação Profissional Poetisa Abigail Sampaio, em
São Gonçalo do Amarante, na localidade “Parada”.
Rita de Cássia Araújo, nossa querida Ritinha, tem como sua biógrafa
a escritora Celma Prata. Como escreve Gisela Nunes da Costa, na orelha de Policromias, “Há neste livro um sopro de
energia que passeia por nosso imaginário, envolve o semblante, nos traz alegrias,
permitindo muitos momentos de emoções”. E assim Celma Prata descreve a poetisa
Rita de Cássia, em seus momentos de emoções, quando a poetisa abre suas gavetas
à procura do impossível e desvela o possível que o eu-lírico lhe insta a
escrever. O eu-lírico de Rita de Cássia com palavras mágicas qual flechas que
desenhadas no cotidiano da poetisa descortina um universo paralelo.
Fideralina de Morais Correia Lima, Sinhá d’Amora, natural de
Lavras da Mangabeira, tem o mesmo nome de sua avó e dela herda o espírito de
liderança. A escritora Ana Vládia Mourão traça um painel em sua incursão
literária, sobre a pintora modernista e daí extrai o sumo de uma mulher precursora
da arte que se destaca no cenário nacional e ultrapassa fronteiras. Sinhá
d’Amora une-se em matrimônio ao poeta e jurista Raimundo Amora Maciel. Por sua
sugestão, o casal muda-se para o Rio de Janeiro, onde estuda na Escola Nacional
de Belas Artes e daí seguem para a Itália onde, na Academia de Florença de Belas
Artes, aprimora seus estudos. Suas obras são
reconhecidas e Sinhá recebe inúmeras condecorações. Seu vernissage dá-se em
1942 no Palace Hotel do Rio de Janeiro, posteriormente em Fortaleza, Brasília e
Niterói e Lisboa. Aos 88 anos retorna ao Ceará e tem como desafio a restauração
de suas obras, nas quais há uma variação estrutural de clássica,
impressionista, expressionista e cubista, pondo em relevância o regionalismo.
Raquel de Queiroz a intitula “A Dama das artes brasileiras” e Túlio Monteiro de
“a senhora das cores, paisagens, telas e pincéis”.
“Marly Vasconcelos é luz em forma de poesia”, assim
Rejane Costa Barros intitula sua escrita sobre a poetisa que pontifica na
Academia Cearense de Letras. “ Marly Vasconcelos é mulher que preenche
os postulados da expressão perfeita de retidão e boa conduta, dignidade,
comprometimento social e competência literária”. Essas são palavras para
descreverem o caráter da poetisa e mais adiante Rejane proclama e exalta a
premiada poetisa: “ Marly é fruto de uma dança poética” e “a poesia bafejou-te
a alma”.
Rosa Virgínia Carneiro de Castro com uma linguagem lírica
anuncia a escritora Maria Hilma Correia Montenegro, como um concerto para o
espírito onde as notas da lira no fruir do flavo sol de seus poemas rumorejam
em solitude a grandeza de ser. Na Ala
Feminina da Casa de Juvenal Galeno espargiu seus raios de trovadora, mas a
verve de professora a faz militar nos clássicos universais e no apreço pelo
judaísmo.
Seridião Correia Montenegro, herdeiro de Hilda Montenegro,
presta à escritora Angélica Coelho, contista, poetisa, romancista, dramaturga e
jornalista e, pela graça divina desfruta o dom da vida. Angélica, recebe
comentários elogiosos de Raquel de Queiroz, Peregrino Júnior, ambos da Academia
Brasileira de Letras, como também de Daniel Coutinho e Mário Linhares; este
último dedica-lhe um poema. Angélica, também tem seu livro Decadência de uma geração, adaptado para novela em 1964.
Socorro Cavalcanti, desvela a escritora, professora e cantora
lírica D’Alva Stella Nogueira Freire, que aos 93 anos ainda esparge seu brilho
sobre o céu de nossa cidade. Mulher de talento musical singular, que desde
tenra idade educa seu ouvido pelos acordes de seu genitor e daí perfaz seus
conhecimentos musicais entre Mossoró, João Pessoa e Rio de Janeiro. A estrela
também escreve alguns poemas e hino da AMOL (Academia Mossoroense de Letras).
Como ascendente de Bárbara de Alencar, Vicente Alencar,
jornalista, radialista, administrador e poeta, retira de seu alforje de
viajante das estrelas as palavras que tecem a urdidura da grandeza dessa
heroína, que após 257 anos de nascimento, ainda habita o imaginário das
mulheres que trazem como lema o espírito de lutar sem desvanecer. Bárbara de
Alencar foi avó do mais notável escritor brasileiro, José de Alencar. Natural
de Pernambuco na região do Exu e migra para o Cariri. É presa juntamente com
seu filho, futuro Senador da República, por conta do levante republicano na
cidade do Crato, em 1818. Sofre as agruras da masmorra e torna-se heroína.
Nilze Costa e Silva é escolhida por Vital Arruda de
Figueiredo para abrilhantar as “Policromias”. As nuances utilizadas por Vital
Figueiredo aguçam o interesse do leitor no conhecimento da escritora Nilze
Costa e Silva. Potiguara que se torna cearense e se imortaliza pelos prêmios
conquistados, Prêmio de Redação “A Guerra do Paraguai”, Prêmio Estado do Ceará,
com a novela No Fundo do Poço. Funda a
agremiação “Poemas Violados” e cumpre seu desiderato de escritora, tendo como
espelho as grandes mulheres cearenses, Jovita Feitosa, Raquel de Queiroz,
Bárbara de Alencar.
Cadê a biografia? Eis a questão que o escritor Claudio
Queiroz propõe ao leitor. De forma inusitada, ele em suas perquirições insta a
opinião do leitor, forçando-o a adentrar no seu universo e dele participar.
Para Claudio Queiroz, “biografia é a mais fascinante e envolvente forma de
literatura, a par de uma representação honesta e da mais exaustiva forma de
execução das letras”.
Maria Helena do Amaral Macedo adentra no mundo literário de
Dinorah Tomaz Ramos que através de suas lentes usa de sutileza e faz a
biografia da poetisa Dinorah. Na diversidade de sua obra, Maria Helena se
deleita com os poemas de Dinorah, sua mestra, cujo nome significa Luz e que
literalmente a iluminou. Dinorah, tinha como livro de cabeceira “Imitação de
Cristo” de Tomás Kêmpis, que “ao longo de seis séculos, tem sido das obras de
espiritualidade mais lidas e meditadas”.
Zenaide Braga Marçal
faz o fechamento de “Policromias” com um memorial às Divas da literatura
cearense, em sua nona versão com “Poemas em Postais de Beatriz Alcântara”. E
numa escrita proficiente desvela outra faceta da escritora, a fotografia. A
construção dos postais, somatório foto e poema, faz o diferencial na obra de
Beatriz, destarte irrompe o panorama literário com originalidade. No vértice
dos poemas “Terra de Aboio” acalanta o nordestino e “o homem e seu
cavalo/recolhem os mugidos”. O envidar, ante a pureza do aboio, é o lenitivo da
“tarde fugidia”.
DISCURSO DE
AGRADECIMENTO
Ana Paula
de Medeiros Ribeiro
Senhoras e Senhores
Em 1979, a Associação de Jornalistas
e Escritoras do Brasil (AJEB), sob a presidência de Nenzinha Galeno,
editava O Livro da Ajebiana, nossa primeira antologia nacional. A esta seguiam-se:
Ajebianas do Paraná e do Brasil (1980 - PR); Ajebianas de Sul a Norte
(1988 - PR); Ajebianas no Vôo da Palavra (1993 - PA); AJEB –
Antologia 1996 (RS); e, em 2003, sob a organização de Giselda Medeiros, à
época, Presidente Nacional, editamos AJEB Letras, sequenciada por outras que foram sendo editadas.
Em 1999,
quando a escritora Giselda Medeiros assumiu a presidência da AJEB -
coordenadoria do Ceará, decorridos vinte anos da publicação, em nossa terra, da
primeira antologia da AJEB, chegávamos com o 1º volume de Policromias,
numa constatação de que os ideais mantenedores do pensamento das sócias desta
entidade, extravasados naquela obra, ainda, continuavam acesos, em plena
combustão, como geradores contínuos de entusiasmo pelas letras. Esta foi,
portanto, a primeira prova da nossa capacidade de resistência e, sobretudo, de
amor à AJEB, neste esforço de torná-la sempre viva, atuante, para que,
nela, possam se formar as inteligências do Ceará.
Entrementes, enfrentando
dificuldades, as mais diversas, não se arrefeceu em nós o ideal de verbalização
dos sentidos, de fundamentar nossas memórias acumuladas ao longo do tempo, de
construir o nosso universo através da palavra. Tanto assim que, em 2003,
chegávamos, em nível nacional, com AJEB Letras. Em 2005, publicávamos o
2o. volume de Policromias e, agora, entregamos o seu 9o.
volume, com a participação de 25 autores, numa festa eclética de ritmos, luzes
e cores. Nele, deixamos gravados, ora o nosso pensamento, ora a crítica, a louvação
à vida, ao amor, à persistência, à solidariedade, testemunhando a pujança de
nomes femininos que, embora sofrendo a discriminação, à época, tiveram a
coragem de publicar obras que se tornaram o marco da literatura feminina no
Ceará, acreditando no ser humano, em sua crença num mundo mais humano e menos
segregador.
Policromias, 9o.
volume, é, pois, realidade em nossas mãos, e, com ele, reforçamos a
persistência no trabalho, na solidariedade e na tolerância, princípios básicos de
integração do ser humano. Trabalho, para mover a energia de nossa
vontade; solidariedade, para suprir a compreensão holística de nossas
angústias existenciais, e tolerância, para nos certificar de que nada
somos, senão um frágil ramo da grande Árvore Suprema, da qual emana, em sua
inabalável onipotência, a seiva que nos condiciona e nos mantém em perfeita
vitalidade.
Nascida sob a tutela da AMMPE
(Asociación Mundial de Mujeres Periodistas y Escritoras), a AJEB, com sede e
foro na cidade de Curitiba, Paraná, estado-sede fundador, congrega, hoje, sob a
presidência Nacional de Maria Odila Menezes (RS) e de Gizela Nunes da Costa
(Coordenadoria do Ceará), inúmeras sócias, agregadas em Coordenadorias
Estaduais, cujo objetivo, como reza o Estatuto, é o de promover a união de
jornalistas e escritoras de todo o Brasil.
Lembremos e louvemos, neste
instante, o mérito da escritora paranaense Hellê Vellozo Fernandes, responsável
pela fundação da AJEB, aqui no Brasil, em 8 de abril de 1970, após participar,
em 1969, do I Encontro Mundial da AMMPE, no México, sob a presidência da
jornalista e escritora mexicana Glória Sales de Calderón.
Continuamos, pois, nosso trabalho,
neste quadragésimo sétimo ano de sua fundação. Mas, tendo sempre como meta a
lição de humildade dos mares que, a despeito de sua pujança, sabiamente, vêm
colocar-se em nível abaixo dos afluentes para, assim, receber-lhes as águas, em
contínuo abraço de união e estreita simbiose de amor.
Prosseguimos nessa viagem de
revelação, arrimados na perenidade da palavra amadurecida no silêncio da
criação, esta palavra que, segundo Heidegger, é a fonte e sustentáculo do ser
das coisas, para que ela irrompa de nosso pensamento, transcendente e plena,
até brotar na proficuidade de nosso labor, numa explosão de encontros,
descobertas e realizações.
Mas, nesta manhã, além de
celebrarmos o aniversário de nossa AJEB, queremos exercitar, também, a nossa
gratidão. E o fazemos, inicialmente, na pessoa de Ubiratan Aguiar, presidente
desta Casa, pela excelência com que acolhe a cultura cearense. À nossa presidente
Gizela Nunes da Costa pelo desvelo e competência com que se dedica à consecução
dos projetos ajebianos. À Acadêmica Graça Fonteles que, com sua benevolência,
aquiesceu ao nosso convite para a apresentação desta obra, fazendo-a com
percuciente conhecimento dos meandros da palavra escrita. À equipe da RDS
Editora, na pessoa de Dorian Filho, pela responsabilidade e atenção a nós
dispensadas, marcas de um atendimento mais que profissional. Também, aos vinte
e cinco integrantes deste Policromias, partícipes de um sonho, graças a
Deus, tornado realidade. Nossos agradecimentos a Carlos Alberto Dantas, pelo
profissionalismo no belo projeto da diagramação do livro e pelo trabalho
artístico da capa. À Francinete Azevedo pela prestimosidade do cerimonial.
Por fim, queremos deixar a nossa homenagem in memoriam à inesquecível Geraldina
Amaral, sócia fundadora da AJEB. Ela, que, inclusive, representou a nossa
entidade no Congresso Mundial da
AMMPE, em 1981, em Canes, na França. Agradecemos, com destaque, a presença dos ilustres
biografados no livro, aqui presentes, bem como dos amigos, dos nossos
familiares, de todos os convidados. Queremos agradecer, também, a cooperação de
todos os membros da diretoria, assim como a atenção das sócias efetivas e dos sócios
honorários, beneméritos e colaboradores, sem os quais nada poderíamos ter
realizado. Juntos, somos um exército em marcha, procurando zelar por nossa
cultura, por nosso povo, tão aviltado, mas sempre em pé, pois que a glória do
cearense, no dizer do padre Valdevino Nogueira, é cair como mártir para
levantar-se como herói. E tudo cabe dentro desse homem: luta, sobriedade,
resignação, resistência, energia, enfim, numa palavra, bravura. Nele cabe ainda
o terrível paradoxo entre a pobreza da terra e a riqueza da sua intelectualidade,
conforme nos assevera Abelardo Montenegro.
Por
tudo isso, pela força de vontade, pela persistência, pela união que nos torna
fortes, rejubilamo-nos e fazemos festa! Viva a AJEB!
Muito obrigada.
18/4/2017
MEMÓRIA FOTOGRÁFICA
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A solenidade foi linda, à altura da AJEB. Estamos todas de parabéns, principalmente a dinâmica diretoria que trabalha incansavelmente para manter viva a cultura do nosso país.
ResponderExcluirCelma, obrigada. Você é uma pessoa inteligente e competente. Um elogio seu nos leva a buscar novos rumos e perseguir o sucesso. Grande abraço. Giselda
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