Sou pedaço de carne
um bule cheirando a vida e esperança e a alma a lavar-e em todos os segredos. O Auto de Suassuna e o som da sanfona do Rei migrando acordes; sou humor, gritaria, a sonoridade do canto do Uirapuru. O DNA que precisa de códigos sem regras, a luz que espera um brilho que te segue. Posso viver e te amar arrastando as correntes pela escada, subindo as árvores e sacudindo as folhas pelo vento, ser um quadro com pintura azul e cheirando a mar. Voar nas asas de um astro, do pássaro mais veloz, carregando as mágoas do mundo e dando a ti muitas cores, vários aromas, as malícias deste querer que não tem pressa. A espada cortando o fogo e o fel, a única certeza de se remediar o medo o espaço vago da plantação do sonho mais antigo. Agora é hora de debulhar o tempo e esperar a colheita campo limpo de todas as esferas, verdes promessas de todos amores, leitura acesa do meu tempo que se reflete em todos os espelhos.
(poema classificado no XII Prêmio Ideal Clube de Literatura)
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