Rejane Costa Barros
Saber-se assim, solta no vento,
é ter a sensação de que o pó da estrada
voou para longe.
Tenho chaves no peito que deságuam
minhas solidões
e vão abrindo os portões do meu celeiro.
O momento em que estou diante de ti
vem me destemperando a alma
e fazendo com que eu ouça o silêncio
aquele que amadurece as frutas
que vingam em meu corpo.
O mapa dos meus olhos
radiografa teus caminhos
e despe a cidade rasgando as pétalas do desejo.
Querer-te próximo
é roçar uma plantação de enigmas
ávidos caçadores de palavras
escrevendo poemas e soltando às estrelas
as desalinhadas promessas.
A noite se inscreve nessa história
como se o vinho temperasse a solidão
e abandonasse as escrituras,
jogasse ao chão as folhas mortas,
e rasgasse os absurdos, a falta de nexo, o desconsolo.
Minhas sombras estão impregnadas nas areias da memória
por ela vivo e dela me socorro.
Nas dúvidas do caminho interrompido e sem amarras
às vezes brotam em mim urtigas.
Na maioria das vezes, nascem em mim gerânios
que refletem imagens nas lâminas de vidro
pequenos depositários dos meus anseios.
Abrigo as estrelas e estendo as mãos
com melancólicos versos de cantigas do amor distante,
assim, aponto ao horizonte mirando os pássaros
do meu destino, em curvas delineadas pela fragilidade
com que o amor nos dilacera a alma, sangrando
os musgos da nossa existência!
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