quarta-feira, 28 de novembro de 2012
AJEBIANA MARIA LUÍSA BOMFIM TOMA POSSE NA ACADEMIA CEARENSE DA LÍNGUA PORTUGUESA
DISCURSO DE POSSE - ACLP
“ A
literatura nos mostra o homem com uma veracidade que as ciências talvez não
têm. Ela é o documento espontâneo da vida em trânsito. É o depoimento vivo,
natural, autêntico.” ( Cecília
Meireles)
Ilustres Acadêmicos,
Senhoras e senhores, boa noite!
Gostaria de cumprimentar os integrantes da Mesa
na pessoa do Presidente, Acadêmico Vicente Alencar. Saúdo as demais autoridades
e os amigos presentes nesta cerimônia, na pessoa do Acadêmico Maurício Cabral
Benevides, presidente da Academia Cearense de Retórica.
O renomado
poeta e memorialista JOAQUIM NABUCO afirma: “ O ESPÍRITO ACADÊMICO É UMA
ESPÉCIE DE CONSERVAÇÃO OU UM CONVITE À FRATERNIDADE DAS INTELIGÊNCIAS, ATRAVÉS
DA ALEGRIA DO CONVÍVIO INTELECTUAL E COMPREENSÃO DOS ESPÍRITOS, FUNDINDO
CÉREBROS E CORAÇÕES PARA A COMUNHÃO DAS IDEIAS”. Evocando o pensamento de
Nabuco, chego a esta Casa com júbilo e alegria, mergulho neste mar de cultura e
saber, deixando-me flutuar tranquila e confiante nas águas cristalinas dessa
gloriosa Arcádia da terra de Alencar, a Academia Cearense da Língua Portuguesa.
Confesso que resisti temerosa ao sonho
acalentado de candidatar-me à vaga do saudoso mestre e amigo, Acadêmico
Professor Dr. Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho, ocupante da cadeira de nº 3 que
tem como Patrono o filólogo e etimólogo carioca Antenor Nascentes. Dúvidas e
receios tomaram conta de meus pensamentos. Faltar-me-iam competência,
legitimidade, sabedoria para conviver com pessoas tão valorosas e cultas? Seria
eu merecedora de tamanho privilégio? Sem dúvida, ingressar em tão nobre
entidade literária representa uma vitória das mais significativas para qualquer um de
nós, amantes das Letras. É aqui nesta Casa que o idioma pátrio, herdado dos
bravos navegadores portugueses, tem como doutrina o amor à preservação da
Língua Portuguesa, reconhecida como a mais próxima dos padrões latinos.
Senhoras e Senhores,
Não
podemos ocultar os problemas existentes, relacionados à hegemonia de economias
poderosas e de sociedades mais desenvolvidas, mas é importante constatarmos que,
segundo estudiosos no assunto, fica
provado que o “Português” é a terceira língua mais utilizada no Ocidente,
dentro de um elenco das dez principais. Sendo a língua materna falada em
Portugal e no Brasil, é adotada como língua oficial em outros países espalhados
em três continentes, destacando-se em 5º lugar entre os idiomas mais
representativos.
Em 1908, Teófilo Braga, em texto publicado no
“Boulletin de la Societé des Etudes Portugaises”, afirma: “ A língua portuguesa
foi sempre uma emancipação orgânica do individualismo nacional ou da autonomia
de Portugal contra o esforço de absorção das monarquias, hispânica, leonesa e
castelhana. É a língua portuguesa, como vibração física que unifica milhões de
portugueses, sendo o documento sociológico de um povo que, além das grandes
descobertas, criou uma bela literatura, expressão do seu gênio estético, que
nos encanta e fascina.” Assim, a realidade de uma língua de cultura como a
nossa, portadora de uma longa história, continuará sendo um poderoso laço de
união entre as diversas civilizações hodiernas.
Quanto
a mim, senhoras e senhores, afigura-se bastante claro que a Providência Divina
esteve ao meu lado quando reservou-me a cadeira de nº 3, pertencente ao
inesquecível Acadêmico Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho, um dos fundadores dessa
Arcádia, grande mestre e amigo. Ele que
foi um dos maiores incentivadores de minha carreira literária, apoiando-me e
orientando-me com extrema bondade e presteza. Gentilmente fez a revisão de meu
primeiro livro de poesia “Poeira de Estrelas”, esclarecendo minhas dúvidas,
corrigindo meus deslizes e escrevendo na
contracapa palavras das mais alentadoras para uma poetisa iniciante. Falar
sobre a rica trajetória profissional e literária desse ilustre Acadêmico seria impossível
fazê-lo em tão pouco tempo. Entretanto, tentarei sintetizar com absoluta
admiração alguns dados referentes a sua vitoriosa existência.
Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho nasceu a 22 de maio de 1915, em Várzea Alegre-CE.
Era filho do magistrado Genésio Lustosa Cabral e da professora Líbia Lustosa
Cabral. Advogado e professor, exerceu os
cargos de Juiz Preparador e Eleitoral, Promotor de Justiça, Curador de
Registros Públicos e Procurador de Justiça, no interior e na capital do Ceará.
Foi professor de Linguagem Forense, em cursos de preparação para o Exame de Ordem
na O.A.B. – Ceará, e no curso, ministrado juntamente com o professor Acadêmico Myrson Lima, de Revisão Gramatical
na ESMEC, em 1998. Lecionou Língua Portuguesa em Itapipoca, Sobral e no Liceu
do Ceará, em Fortaleza. Pertenceu às Academias Brasileira e Cearense da Língua
Portuguesa, presidindo esta última no biênio 1984 - 1986. Era membro também da
Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, Academia Petropolitana de
Poesia Raul de Leoni, em Petrópolis- R.J, Associação Cearense do Ministério
Público, que também presidiu, Instituto Cultural do Vale Caririense em Juazeiro
do Norte, e sócio efetivo da Associação Cearense de Imprensa.
Durante décadas editou o “Mensageiro da
Poesia”, uma publicação independente de projeção nacional em que divulgava poemas,
notícias literárias, informações sobre a língua portuguesa e mantinha uma
coluna dedicada aos Trovadores. Dentre os vários livros publicados, destacamos
“Sonetos e Poemas” e “Reflexos D’Alma”. Recebeu a comenda de Honra ao Mérito da
antiga Fundação Cultural de Fortaleza, o diploma cultural e título de Acadêmico
Honorário da Academia Cearense de Letras, e a medalha de Membro Padrão do
Ministério Público do Ceará, entre outras homenagens.
Era casado com D. Mª Diva Ximenes Cabral; pai,
avô e bisavô extremamente dedicado, compartilhando um grande amor a todos os
familiares. Sua partida aos noventa e seis anos deixa enorme lacuna no meio
intelectual, principalmente aqui na Academia Cearense da Língua Portuguesa, da
qual era sócio fundador e o mais idoso membro, sendo também uma das mais
queridas presenças no universo acadêmico do Ceará.
Senhoras e senhores,
É tempo de agradecimento. São inúmeras as pessoas que contribuíram para
a realização deste momento especial. Impossível citá-las todas, mas o registro
de algumas, fará justiça àquelas que estarão para sempre guardadas em meu
coração. Em primeiro lugar a Deus, criador do universo; também à minha dedicada
avó Maria Luisa Gomes Parente Silva, aos meus pais Aníbal e Carmen Câmara
Bomfim pela lição de vida e pelos princípios éticos que me legaram e que sempre
nortearam minha existência; a meus irmãos Sérgio, aqui presente, Anibal e
Alzira, residentes no Rio de Janeiro. A meus filhos Magno, Ana Paula e Émerson,
as minhas noras Virgínia e Regina e a meu genro Helvécio, nos quais sempre
encontro apoio, carinho e solidariedade. E a meus netos Kaylan, Caio e Luísa Aline, as mais doces presenças no outono de minha
vida. Às minhas tias Isa, Dolores e Aline Silva, valorosas professoras que
despertaram meu amor para o mundo mágico da literatura, e aos mestres dos
colégios que frequentei. Primeiramente Imaculada Conceição, depois, Escola
Normal Justiniano de Serpa, Liceu do Ceará, Lourenço Filho, onde comecei minha
vida profissional convidada pelo mestre e poeta Filgueiras Lima, até a
Universidade de Fortaleza, onde cursei Direito e Pedagogia.
Queridos mestres, quanto saber vocês me
passaram! Benditos todos, onde quer que estejam neste momento tão significativo
para mim! Impossível não citar os nomes de Regine Limaverde, minha prima-irmã, Vicente
Alencar, José Augusto Bezerra e Giselda Medeiros, ilustres acadêmicos a quem
devo gratidão e apreço. Parabenizo as acadêmicas Regine Limaverde e Ana Paula
Medeiros, que nesta cerimônia passaram a ocupar as cadeiras de nº 7 e de nº 12,
e ao ilustre Acadêmico Cid Carvalho por tão brilhante e acolhedora
apresentação.
Para encerrar, mais uma vez agradeço a confiança
e a generosidade dos Acadêmicos que
aprovaram meu ingresso nesta Casa,
afirmando-lhes que estarei sempre disponível, procurando dentro de minhas
possibilidades e invocando a ajuda de Deus, contribuir para o engrandecimento
desta valorosa Arcádia , a Academia Cearense da Língua Portuguesa.
Muito obrigada.
MARIA LUISA BOMFIM
Fortaleza, 22 de
novembro de 2012domingo, 25 de novembro de 2012
A TRAVESSIA DO HOMEM E DO POETA FERREIRA GULLAR
Ele mesmo criou seu pseudônimo: Ferreira Gullar, utilizando o sobrenome do pai (Ferreira) e da mãe (Goulart) para compor a “persona” de José Ribamar Ferreira. Desde cedo se envolveu com a leitura e escrita. Colaborou no jornal de sua São Luis e, mais tarde, no Rio de Janeiro, trabalhou como locutor de rádio. Escreveu seu primeiro livro com 19 anos. Dedicou-se inteiramente ao ofício, seja como poeta, dramaturgo, jornalista, artista plástico, ou tradutor. Assim, Ferreira Gullar, mostra-se multifacetado, singular e plural na arte da criação.
Em sua terra natal participou do movimento pós-modernista com outros escritores, através de uma revista que foi lançada. Contribuíram também na edição Lucy Teixeira, Sarney, dentre outros.
Poeta, cronista, crítico de arte, pintor, tradutor, ensaísta, memorialista e um dos fundadores do movimento neoconcretista brasileiro. Escreveu poemas em placas de madeira, gravando-as de forma a mostrar inovação. Junto com Lígia e Hélio Oiticica, desenvolveu tal movimento, valorizando a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo. Depois deixa o grupo para se engajar com os Centros Populares de Cultura.
Seu primeiro livro escreveu em 1949, “Um pouco acima do chão”, que acabou retirando de sua
bibliografia por achar que era imaturo na época em que lançou. O seu poema intitulado “O Galo”, editado pelo Jornal de Letras em 1950, ganhou vários prêmios. Foi amigo do crítico de arte Mário Pedrosa, do escritor Oswald de Andrade e trabalhou como revisor na revista “O Cruzeiro”. Como jornalista, colaborou na revista “Manchete”, no ”Diário Carioca” e depois no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Hoje, escreve crônicas no jornal “Folha de São Paulo”.
Com o dinamismo que lhe é peculiar participou da I Exposição Nacional de Arte Concreta no MASP. Lançou seu livro de poemas e, em seguida, assumiu a direção da Fundação Cultural de Brasília, no governo de Jânio Quadros. Criou o Museu de Arte Popular.
Nos anos 60 passou a fazer parte do Centro Popular de Cultura da UNE e trabalhou na sucursal carioca de “O Estado de São Paulo”. Nesse mesmo período lança “João Boa Morte, Cabra Marcado para Morrer” e “Quem matou Aparecida” (cordéis).
Em 1963 filiou-se ao Partido Comunista e no ano seguinte criou o grupo “Opinião” com Oduvaldo Viana Filho, Paulo Ponte e outros. Mas em pouco tempo foi preso pela Ditadura Militar em companhia de Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 68 publicou o ensaio “Vanguarda e Subdesenvolvimento”. No exílio dedicou-se a pintura quando esteve em Moscou, Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires. Colaborou no “O Pasquim” sob o pseudônimo de Frederico Marques.
Foi na solidão que escreveu o livro mais importante de sua carreira de escritor: “Poema Sujo” em Buenos Aires, o qual impressionou tanto o poeta Vinicius de Morais, que este acabou trazendo para publicar no Brasil pela Civilização Brasileira.
Sua obra é vastíssima com uma produção de enorme qualidade estética e literária. Tanto no que concerne às artes plásticas, bem como na literatura propriamente dita. Publicou ensaios sobre a Cultura Brasileira. É considerado um dos maiores poetas nacionais. Sua obra apresenta diferentes fases de pesquisa estética, desde o experimentalismo e o lirismo, até a poesia de cordel e a dicção coloquial. Não nega ser nordestino, evocando a visão urbana e o compromisso social. Tem enorme interesse pela cultura popular, pela história nacional e pela participação política que se observa nas suas peças teatrais escritas ao longo de sua vida.
A gênese da obra do poeta está nas surpresas que a vida reserva. “A minha poesia costumo dizer nasce do espanto. Precisa de alguma coisa que me surpreenda que eu tenha descoberto ainda na vida”, afirma Gullar. Prima pela simplicidade na escrita do poema. Vejamos:
“Uma parte de
mim é todo o mundo/outra parte ninguém fundo sem fundo./ Uma parte de mim é multidão/
outra parte estranheza e solidão./Uma parte de mim pesa e pondera/ outra parte
delira. Uma parte de mim é permanente/ outra parte se sabe de repente/ (...) Traduzir
uma parte na outra parte/ que é uma questão de vida e morte/será arte”? (Traduzir-se) ou;
“Essa gente do Nordeste/ Não mata quem é doutor/ Não mata dono de
engenho/ Só mata cabra da peste,/ Só mata o trabalhador./O dono de engenho
engorda/ Vira logo senador”. (João Boa
Morte, cabra marcado para morrer)A atriz Elisa Lucinda diz: “Gullar é um poeta afinado com o seu tempo. O poeta é o tradutor dos sentimentos humanos, dá testemunho. Gullar é receitado e recitado”.
Recebeu o Prêmio Multicultural Estadão, pelo conjunto de sua obra. No teatro ganhou Molière, O Saci e, em 2002 foi indicado para o Nobel de Literatura. O livro de ficção “Resmungos” lhe deu o prêmio Jabuti. A Revista Época o colocou como um dos cem brasileiros mais influentes do ano de 2009. Em 2010 foi laureado com prêmio Camões, o mais cobiçado da literatura de língua portuguesa. No mesmo ano recebeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2011 ganhou o prêmio Jabuti com o livro de poesias “Em Alguma Parte Alguma”, o qual foi considerado o livro de ficção do ano.
Ao longo dos seus 80 anos redefiniu seus posicionamentos políticos. Hoje não é mais marxista, podia-se dizer: quase um democrata. Nas suas crônicas se mostra irônico com a política e emite sua opinião com rigor. A idade não lhe incomoda. Tem energia e força vital de um jovem, porque sabe admirar o Belo, o Amor, a Natureza. O humanismo anda “pari passu” na vida cotidiana. Conhece muito bem a alma humana e, ao reconhecê-la, sabe dialogar e explorar esse enigma que é o ser humano. Sempre atento às suas complexidades e aos seus mistérios. Seus textos são contextualizados com o momento social, político e cultural do país.
Poeta na acepção da palavra, sensível a tudo que o rodeia. Não gosta da poesia hermética, prefere a singeleza e a simplicidade. Acha que a pessoa tem que ler, entender e compreender o que está escrito. Ele fala numa entrevista: “Não quero saber do sofrimento, quero a felicidade. Não gosto de fazer lamúrias. (...) Não quero ter razão. Quero ser feliz! “
Para concluir, vou ler o poema “Me leve, me leve (Cantiga para não Morrer)”:
“Quando você for se embora,/ Moça branca como a neve,/ Me leve, me leve.
Se acaso você não possa/Me carregar pela mão/ menina branca de neve/ me leve no coração.
Se no coração não possa/por acaso me levar/ moça de sonho e de neve,/me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa/ por tanta coisa que leve/ Já viva em seu pensamento,/ menina branca de neve/ me leve no esquecimento.”
Obrigada!
ELIANE BRUM - 12/11/2012 - ÉPOCA
ELIANE BRUM - 12/11/2012 - ÉPOCA
Em um belo filme sobre a condição humana, um velho
descobre-se diante de um dilema que dirá quem ele é e como ama. A escolha que o
desafia é também a que nos provoca a cada dia de nossa vida.
Na primeira vez em que assisti à E se vivêssemos todos juntos?,
pensei, ao sair do cinema com os olhos mareados e a alma apertada no corpo como
uma calça jeans dois números menor: queria tanto escrever sobre esse filme, mas
o melhor que posso escrever é só um verbo, conjugado no imperativo, seguido de
um ponto de exclamação: “Assistam!”. E escrevi exatamente isso no twitter. Em
geral, é o melhor que podemos dizer sobre os filmes de que gostamos, assim como
“leiam!” para os livros que nos tornaram outros depois da última página. Mas
continuei desassossegada e vi o filme uma segunda vez. Percebi que precisava
escrever um pouco mais.
E se vivêssemos todos juntos? (Stéphane Robelin –
França/Alemanha) é um filme sobre os últimos anos de quem, graças ao aumento da
expectativa de vida, passou dos 70 e poucos. Como disse Jeanne, a personagem de
Jane Fonda, ao seguir a ambulância que carregava seu marido para o hospital
depois de uma queda: “A gente planeja tudo, mas nunca pensa no que fazer nos
últimos anos da vida”. É disso que se trata. O filme fala de algo que precisamos
falar mais: sobre envelhecer neste mundo, nesta época. Precisamos falar mais
porque a maioria de nós vai viver esse momento. Não é fácil vivê-lo – é uma
sorte vivê-lo.
Começamos a nos preparar, como invoca Jeanne, quando nos
arriscamos a pensar sobre aquilo que nos inquieta ou inquietará – ou inquieta
ou inquietará aqueles que amamos. O cinema já descobriu essa necessidade e, só
neste ano, chegaram ao Brasil pelo menos dois filmes que falam explicitamente
sobre envelhecer: O exótico Hotel Marigold (John Madden, Reino Unido), que
poderia ser bem melhor do que é, e “E se vivêssemos todos juntos?”.
Neste, um grupo de velhos decide viver na mesma casa para
enfrentar aquilo que os inquieta – e seguidamente os ameaça. A iniciativa é de
um deles, Jean (Guy Bedos), um homem que passou a vida engajado em causas
coletivas contra as injustiças sofridas pelos mais fracos. Impedido de seguir
para a próxima missão em algum país pobre e distante, porque o seguro se recusa
a cobrir gente da sua idade, ele aos poucos descobre que tem uma causa bem
perto dele pela qual lutar, que é também uma causa de desamparo.
E se vivêssemos todos juntos? não é um filme para velhos –
mas para todos que se interessam pela condição humana. No roteiro, aliás,
aqueles que aparecem no lugar de “filhos”, ora perplexos, às vezes distantes,
em outras arrogantes na sua certeza sobre o que é melhor para os pais –
perdidos sempre – parecem precisar muito assistir a um filme como este.
O filme, que já é muito, muito bonito mesmo, fica ainda melhor
com a interpretação impecável de grandes atores, todos eles velhos e, portanto,
mais experientes do que nunca. Todos menos um: o único jovem protagonista é o
ótimo Daniel Brühl, por quem nos apaixonamos em “Adeus, Lenin”, e que tem no
enredo um lugar muito particular. Ele é um estrangeiro não só por ser um alemão
na França, mas por ser um jovem em território de velhos: estrangeiro porque só
estranhando é possível enxergar. Vale a pena alertar ainda que, ao contrário do
que anuncia a classificação, “E se vivêssemos todos juntos?” não é uma
comédia.
(Como já escrevi aqui, eu não chamo velhos de idosos nem
velhice de terceira idade ou – argh – melhor idade. Assisti ao filme pela
primeira vez na companhia de parte de um grupo de amigos com os quais tenho um
pacto desde os 30 e poucos anos: ao envelhecer, moraremos todos juntos em um
condomínio que um de nós já batizou, ironicamente, de “O Ocaso Feliz”. Já
acertamos mais ou menos a arquitetura, na qual cada casa terá entradas
independentes e fundos para um espaço coletivo, de maneira que, se quisermos
ficar sozinhos, basta simplesmente passar a chave na porta dos fundos e botar
uma placa de “não perturbe”. Mas não conseguimos nos acertar sobre qual cidade
– pequena, perto de uma grande – escolheremos para nossos últimos anos. Ao
deixar a sala de cinema, tomamos um espumante antes de nos separarmos. Na
segunda vez, assisti ao filme com o homem que eu amo e em quem pretendo abotoar
casacos de lã na velhice. Quero muito um velho companheiro com casacos de lã abotoados.
E espero viver para isso. Quando o filme terminou, choramos abraçados.)
Feita essa antessala, preciso dizer o seguinte: se você não
viu o filme e pretende vê-lo, pare por aqui. Embora o que quero dizer use o
filme apenas como ponto de partida, não é possível escrever sem contar bastante
sobre ele, mais do que qualquer comentário educado permitiria. Há quem não se
importe. Pessoalmente, acho que é sempre (muito) melhor ir ao cinema no escuro.
Se quiser, volte ao texto depois – e, como estímulo a uma visita à tela grande,
coloco o trailer aqui.
Para quem continua comigo: entre as tantas possibilidades de
reflexão propostas por esse filme, há uma que me comove mais. Ela fala de
memória – e de algo muito importante: memória não é apenas lembrar, é também
esquecer.
No filme, Albert (Pierre Richard) luta contra a perda da
memória. Ele não sabe se já levou o cachorro para passear ou não. “Se eu não o
tivesse levado, ele estaria reclamando, não?”, indaga-se. Para lembrar os
acontecimentos recentes, que o cérebro já não registra, Albert usa a palavra
escrita. Escreve um diário sentado na poltrona do apartamento que divide com a
mulher, estrategicamente postado ao lado de uma janela que dá para os fundos de
uma escola infantil. É com um olho no caderno e o outro na janela, na qual
espera, com evidente alegria, as crianças saírem para brincar, que ele relata o
sabor do vinho que tomou com os amigos, o cardápio do jantar e aquilo que
precisa lembrar quando já tiver esquecido no dia seguinte. O diário, a
narrativa da vida pela palavra escrita, é o fio que orienta Albert pelos
labirintos de um cotidiano no qual o cérebro falha em lembrar do ontem e até
mesmo de alguns minutos antes.
A velhice, para Albert, se manifesta primeiro por esses
lapsos de memória. Mas logo ele terá de lidar com um dilema mais profundo: o
que lembrar, o que esquecer. Sua mulher, Jeanne (Jane Fonda), de quem já
falamos lá no início, teve câncer. No começo do filme, testemunhamos quando ela
abre os exames na cozinha e descobre que a doença segue com ela e que não terá
muito mais tempo de vida. Quanto tempo, nem ela nem ninguém pode saber.
Jeanne toma uma decisão ao rasgar os exames e enfiar os
pedaços na lata de lixo. Escolhe, por amor, não contar a Albert da sua
condição. Diz a ele que está curada. Quer viver seus últimos dias, semanas,
meses sem que ele seja assombrado por sua morte. Sente-se assim menos
assombrada por ela – e mais livre para planejar seu enterro, por exemplo, mais
livre para escolher o pouco que pode escolher.
Mas, num dia em que Albert está sozinho em casa, o médico
bate na porta à procura de Jeanne, que tinha se recusado a fazer a cirurgia
proposta e sumido do consultório. Albert descobre naquele momento: 1) que a
mulher vai morrer de câncer; 2) que ela decidiu não compartilhar essa
informação com ele. É isso que ele registra em seu diário. E mais um pouco: “É
um direito dela (viver sem lhe contar que em breve morrerá de câncer)”. No dia
seguinte, enquanto espia ansioso pela janela se as crianças já estão vindo para
o recreio, ele lê esse trecho no diário e tem um sobressalto.
Mais adiante, Albert e Jeanne já estão vivendo em comunidade
quando ele abre – por engano? – o baú que pertence ao seu amigo Claude (Claude
Rich). Já não há mais uma janela por onde espiar crianças brincando, mas há
outras paisagens humanas e sentimentais. Albert sente-se desterrado, agora não
apenas de sua memória, mas também de sua geografia física, na nova casa. Mas o
que relembra todos os dias ao ler o diário faz com que compreenda que é preciso
encontrar outros parceiros para encerrar a vida. Não os desconhecidos de um asilo
de velhos, mas amigos de uma vida inteira. Gente capaz de reconhecer a
geografia que é ele.
Claude é um fotógrafo solteirão e sedutor, o número ímpar da
pequena comunidade. E Albert lê cartas destinadas a Claude, nas quais descobre
que tanto Annie (Geraldine Chaplin) quanto Jeanne tiveram tórridos casos
extraconjugais com o melhor amigo, 40 anos atrás. Albert registra sua
descoberta na carta ininterrupta que escreve para si mesmo. E, ao reler o
diário a cada manhã, relembra a traição que pode colocar em risco o delicado
equilíbrio daquela comunidade construída sobre afeto, solidariedade e a
necessidade de unir forças contra um mundo hostil à velhice.
Albert depara-se com uma questão muito mais profunda do que
os esquecimentos involuntários causados pela velhice. Ele precisa agora
enfrentar a memória como escolha. A cada manhã, ele sobressalta-se primeiro com
a notícia de que a mulher tem um câncer que a levará à morte próxima. Em
seguida, com a descoberta de que ela o traiu com o melhor amigo 40 anos atrás.
O que fazer agora que a velhice lhe deu a possibilidade de escolher o que
lembrar e o que esquecer?
A escolha de Albert é um ato completo de amor. Ele decide
sofrer a cada dia – e dia após dia – o impacto da notícia de que Jeanne tem um
câncer e que vai morrer em breve. Apesar de ser talvez a notícia mais brutal de
uma existência inteira, é a forma que ele encontra de estar com ela, de não
deixá-la sozinha nesse momento, de viver essa dor junto com a mulher que ama,
mesmo que ela nunca saiba disso. Escolher lembrar quando podia simplesmente
esquecer é a forma que Albert encontra de amar Jeanne mais e melhor – até o
fim.
Se escolhe lembrar a doença e a morte de Jeanne, Albert
escolhe esquecer a traição de Jeanne. Depois de dar muitas voltas na casa e em
si mesmo, ele rasga a página do diário na qual relata a descoberta, a amassa e
a guarda no bolso. Antes, porém, conta a Jean que ele também tinha sido traído
pela própria mulher e pelo melhor amigo. Assim, Albert lega a Jean uma memória
que o amigo pode superar, mas não esquecer. Albert pode ter feito isso tanto
por sentimento de lealdade quanto pelo sentimento de vingança, na medida em que
o temperamento explosivo de Jean é bem conhecido. Ou ainda por acreditar que
Jean tem o direito de decidir por si mesmo como quer lidar com essa memória.
Mas ele, Albert, escolhe esquecer. E este, ainda que de uma forma mais
tortuosa, é um ato de amor tanto pela mulher quanto pelo amigo.
Viver, não apenas para os velhos, é uma constante escolha
entre o que lembrar e o que esquecer. Ainda que para isso a maioria de nós
tenha de travar um embate feroz com seus fantasmas antes de conseguir arrancar
uma página espinhosa. Alguns envenenam a própria vida ao fixar-se numa
lembrança mais letal que cianureto, condenando-se a um eterno presente
congelado, o que é um tipo de morte. E outros perdem essa mesma vida ao
transformá-la na fuga incessante de algo que só poderão esquecer se primeiro
tiverem lembrado e enfrentado como lembrança.
Ainda que nossas escolhas em torno da memória sejam não mais
difíceis do que a de Albert, mas seguramente mais demoradas, nossa existência é
determinada por elas. Tanto na esfera pessoal quanto na pública. É uma escolha
na esfera pública a decisão de o que fazer com a memória que está em jogo na
Comissão Nacional da Verdade, por exemplo, ao apurar os crimes da ditadura. E
nesta, em minha opinião, é preciso lembrar – com todas as consequências
implicadas nesse gesto – para que o país possa seguir adiante.
Assim como é uma escolha na esfera pessoal o lugar e o
tamanho que cada um dá a uma determinada experiência nos muitos mal entendidos
entre pais e filhos. É por preferir seguir lembrando uma ausência, uma
humilhação ou um equívoco, dia após dia como se fosse o primeiro, em vez de
lidar, transformar em marca e então esquecer – ou pelo menos dar à experiência
um lugar e um tamanho mais compatíveis com o movimento da vida – que muitos
chegam ao amanhã apenas no calendário, mas morrem com as unhas cravadas no
ontem.
Como nos mostra Albert, escolher o que lembrar e o que
esquecer é também um ato de amor. E nunca é um ato fácil, como não é fácil o
amor.
É também um ato de amor a magistral cena final desse filme.
E esta eu não vou contar mesmo para quem já viu. Nela, Albert faz, mais uma
vez, uma escolha profunda em torno da memória. E são os amigos que provam saber
amar ao não apenas acolherem, mas embarcarem na sua escolha. Fazem isso porque
compreendem que a vida contém proporções talvez equivalentes de realidade e de
delírio, mesmo quando a gente finge não saber disso. E que amar é, às vezes,
lembrar de esquecer.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
EVAN BESSA LANÇA LIVRO NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO
Dia 12 de novembro, no stand da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, A AJEB se fez presente, no espaço "NATÉRCIA CAMPOS", para prestigiar o lançamento do livro de Evan Bessa.
Giselda Medeiros fez a apresentação do livro "Estação Outonal". Tereza Porto, Zenaide Marçal, dentre outras ajebianas leram poemas do livro. Maria Luísa Bomfim leu a apreciação que havia feito sobre a poesia de Evan Bessa.
Foi um final de tarde muito prazeroso, regadp à amizade e à poesia.
A Família de Evan fez-se presente e, juntamente com os amigos, favoreceu um clima de descontração e de muita alegria.
Parabéns, Evan, por mais uma obra lançada. A AJEB orgulha-se de ter você como parte ativa, viva e trabalhadora em prol da "perenidade do pensamento pela palavra".
Giselda Medeiros fez a apresentação do livro "Estação Outonal". Tereza Porto, Zenaide Marçal, dentre outras ajebianas leram poemas do livro. Maria Luísa Bomfim leu a apreciação que havia feito sobre a poesia de Evan Bessa.
Foi um final de tarde muito prazeroso, regadp à amizade e à poesia.
A Família de Evan fez-se presente e, juntamente com os amigos, favoreceu um clima de descontração e de muita alegria.
Parabéns, Evan, por mais uma obra lançada. A AJEB orgulha-se de ter você como parte ativa, viva e trabalhadora em prol da "perenidade do pensamento pela palavra".
EIS ALGUNS REGISTROS DESSE MOMENTO
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Apresentação do livro – ASAS AO VENTO - Do Escritor SILVIO DOS SANTOS
Embora o nosso estimado Escritor Silvio dos Santos seja bastante
conhecido pela maioria dos presentes, faço aqui a leitura do seu Currículo,
resumido porque cresce a cada instante, à medida de sua participação ativa no
nosso meio literário. Além do mais, trata-se de Artista Plástico laureado,
inclusive, com Medalha de Ouro em Salão Nacional.
Silvio
dos Santos Filho é natural de Manaus-AM e está radicado no Ceará desde
1989. É
Jornalista – formado pela Universidade Federal do Amazonas – e licenciado em
Língua Portuguesa pela Univ. Estadual do Ceará. Membro da Almece – Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará;
Sócio Colaborador da AJEB – Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil –
Coord. do Ceará; integrante do Movimento
Cultural Terça-Feira em Prosa e Verso. Publicou: Pelos Caminhos da Memória –
Crônicas; Pedaços de Vida – Romance; Limite Extremo – também romance; Chão e
Pegadas – Crônicas; tem textos publicados em diversas coletâneas. Premiado em vários concursos na
categoria - Prosa – a saber: 2° Lugar no
Café Literário/ Terça Feira em Prosa e Verso – 2001 - e 1° Lugar em 2004; 1°
Lugar no III° Concurso Literário Professora Edith Braga e 9° Lugar no Prêmio de
Literatura Unifor – Crônica – em 2009.
No prefácio do livro – Cadeira de Balanço
– de Carlos Drummond de Andrade, a Professora e ensaísta Ângela Vaz Leão diz
ser ele “ um tímido e que talvez por isto sinta a necessidade de dar explicação
ao leitor na Introdução de cada obra de sua autoria”.
Verifico que o nosso Escritor Silvio dos Santos também justifica cada
título
de seus livros quando são publicados e poderíamos dizer que ele também sente essa
timidez. Mas , se isso é ser tímido, demos vivas à timidez!
Assim, vejamos: Silvio dos Santos , no seu
livro de estréia – Pelos Caminhos da
Memória, 2004 – Em Nota Explicativa diz: “Nossa obra reflete o que temos
dentro de nós. O produto do nosso trabalho, independentemente da linguagem e da
natureza, é nosso retrato interno. (...)
É
um passeio pela minha mente, pelo meu coração e pela minha imaginação”.
Em - Pedaços
de Vida – 2005 – Também em - Nota Explicativa - justifica o título e
termina com estas palavras: “Pedaços de Vida é, portanto, o resultado do
casamento das próprias
experiências sociais desse observador, associadas a esses dramas individuais
vividos por várias pessoas que circularam à sua volta, etc.”
Em Limite
Extremo – 2008 - Diz na Introdução:
“ Sou apenas um velho sonhador, com sua mania, quase doentia, de querer ver o
que está “ por trás do muro”. Aliás,
este pensamento é confirmado nesta trova constante do livro hoje lançado:
“ Muito cedo eu comecei
a pensar no meu futuro.
Foi assim que desvendei
o que estava atrás do muro”.
Passemos agora ao seu 4° livro – Chão e Pegadas – 2010 – A título de
introdução, usa a expressão - Simples
Curiosidade – Diz: “Pode acreditar: em busca da originalidade, os pés que
produziram as marcas, ou pegadas, que aparecem na capa desta obra foram
produzidas pelos meus próprios
pés”.
O escritor, professor e filósofo - Rubem Alves -
afirma que “ Só podem se entregar
às delícias da contemplação aqueles que fizeram as pazes com a vida e não se esqueceram dos seus próprios desejos”.
Silvio
dos santos é um ser contemplativo e deixa-nos ver, ao longo de seus
escritos, que dedica muito do seu tempo a pensar e a repensar o presente e o
futuro, transmitindo aos seus leitores as conclusões obtidas no seu meditar. Além do mais, como é sabido, todo pintor tem um olhar diferenciado sobre as coisas que
vê, e nelas sempre encontra algo a mais, fruto de sua aguçada percepção.
Hoje temos a felicidade de ter em mãos
este seu 5° livro - Asas ao Vento – que também traz uma Introdução. Segundo o Autor, Asas ao
Vento é a expressão da liberdade que gosta de sentir no exercício
literário, por ser meio avesso a modelos. Desculpa-se por, segundo ele, “projetar estas
maluquices que me vêm à mente de vez em quando. Os verdadeiros escritores que
me desculpem pela ousadia”. Não se preocupe o nosso Escritor, pois Rubem Braga,
reconhecidamente um dos maiores cronistas brasileiros, já no seu tempo,
dizia: “Cuida o leitor que estou escrevendo bobagens, e é certo. Mas eu sei das
bobagens minhas, elas têm enredo íntimo”. Continuando a falar sobre Asas ao Vento , Silvio dos Santos diz:
“ Chegou-me qual um pássaro vadio circulando-me a cabeça”; diz ainda: “Este
livro é só uma gostosa brincadeira”. Certo! Mas, o que podemos pensar de uma
brincadeira que, conforme nos declara o próprio Autor, foi “concebida ao longo
de dois anos”?
Editado
pela Gráfica Encaixe – este livro é
dividido em três partes: Crônicas,
(onde constam também pequenos contos), Poemas
e Trovas. Nele encontramos o Autor
filosofando, como sempre; refletindo sobre vida; a vida que é, aliás, um dos
temas recorrentes no conteúdo
deste livro. Nele vamos do rio ao mar, do Norte ao Nordeste, em prosa e em
versos; em temas sérios ou humorísticos. A infância é outro tema que surge
muitas vezes, como nesta trova:
Eu Jamais vou esquecer
o meu tempo de criança
Quanto mais envelhecer,
mais me
apego a essa lembrança.
A
Amazônia, a bela região onde nasceu, é presente nos temas: rios , nau, canoas ,
canoeiros, e até barquinhos de ilusão
quando
diz: “ E lá se vão e lá se vêm os nossos barquinhos de ilusão” - E mais adiante: “Fica-nos a lição de que
nada é para sempre: - nem a subida nem a descida se eternizam; e precisamos
estar preparados para as duas”.
Não posso deixar de comentar a crônica –
Saudades Antecipadas– em que Silvio dos
Santos revela toda a sua sensibilidade ao falar do Amor que dedica ao
pequeno cajueiro da Praça da Sé. Nessa
crônica fica evidente sua ternura pelas
coisas da Natureza. - Nem todas as pessoas
conseguem ver a alma dos inanimados. Felizes aqueles que a vêem! - E, como se não
bastasse a beleza que aí vai expressa, o
Autor nos dá uma visão geral dos fatos referentes às situações político-sociais,
da parcela do nosso povo que se condensa naquele logradouro, e que são presenciadas pelo Cajueiro, tais como: As artimanhas do comércio
alternativo na concorrência com o Mercado Central; protestos político-partidários;
manifestações estudantís; contravenções noturnas e, até mesmo, pregações em
altos brados de líderes religiosos ao microfone, etc.” Em tudo, como acontece
em outras passagens do livro, as opiniões abalizadas do Autor.
O Poeta Paul Valéry afirma: “é preciso ser
leve como o pássaro e não como a pluma”. Silvio
dos Santos , ao dar título ao seu livro, não pensa na pluma que é apenas
levada, sem rumo , sem meta; pensa em
pássaros, em asas. Pensa em Asas ao
Vento, que têm uma direção, um
destino definido que, neste caso, é espargir a Beleza!
Por tudo o que foi aqui exposto, os
leitores de – Asas ao Vento - podem calcular quão proveitosos e agradáveis serão os momentos que dedicarem à
sua leitura. Parabéns ao Autor e aos
seus leitores! Obrigada!
Zenaide Braga Marçal – AJEB – CE.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
SILVIO DOS SANTOS LANÇA "ASAS AO VENTO"
PRONUNCIAMENTO DE SILVIO DOS SANTOS FILHO, NO AUDITÓRIO DA
ENGEXATA, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DE SEU LIVRO "ASAS AO VENTO", COM
A PRESENÇA DE MUITOS AMIGOS E CONVIDADOS.
Senhoras, senhores, mais uma vez boa noite...!
Bom... Diante de tamanha gentileza, de tanto carinho e de
tanta ajuda, minhas palavras não poderiam ser outras, senão de agradecimentos.
Cabe-me agradecer, portanto, mais uma vez...
- Ao irmão e amigo jornalista Vicente Alencar – dirigente de
várias entidades culturais em Fortaleza - por ter acreditado em mim desde o
começo... E por continuar me impulsionando na direção de um distante
reconhecimento que só Deus sabe se virá! Mas o trabalho está sendo feito nessa
direção. Cada evento literário que assisto, é como se num banco escolar
esteja... Cada linha que escrevo é como se fosse para ganhar um concurso; e
como se fosse a minha última ideia a ser grafada...!
- À amiga - professora, escritora, revisora, ex-presidente
nacional da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil e acadêmica da
nossa casa de expressão literária maior – a Academia Cearense de Letras -
Giselda Medeiros... Pelo carinho com que tem burilado os meus escritos,
proporcionando-me condições de melhorar cada vez mais... Ainda estou longe do
ideal, reconheço, mas o cajado está muito bem apoiado... Sua participação na
minha obra, para quem não sabe, vai muito além de uma simples revisão. Todos os
meus livros levam a sua chancela...
- À amiga - escritora e ex-presidente da Associação de
Jornalistas e Escritoras do Brasil, secção do Ceará - Maria Luísa Bomfim que,
gentilmente, disponibilizou-me seu conceituado nome, emitindo gentil parecer
acerca da presente obra em uma das abas...
- À amiga – escritora, trovadora de ponta das letras
alencarinas e, também, ex-presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras
do Brasil – secção do Ceará - Zenaide Braga Marçal... Esta lady que nos honrou
com a belíssima apresentação da obra, e que conhece, tanto quanto os demais
nominados, tudo o que até hoje publiquei, motivo pelo qual sente-se tão à
vontade para falar o que falou, há pouco...
- Ao irmão e amigo Raimundo Ferreira - proprietário da
Gráfica Encaixe, responsável direto pela expressão estética deste volume que
ornamentam as vossas mãos – pela liberdade nas suas instalações e pela boa
vontade “financeira”, para que a obra fosse produzida.
A essas pessoas, neste momento, eu gostaria de manifestar os
meus sinceros agradecimentos...!
Senhores... Tenho dito, àqueles que comigo convivem, que sou
um sujeito dotado de muita sorte e que Deus tem sido muito bom para comigo.
Claras oportunidades de crescimento num clã instalado numa comunidade tão
carente, de onde vim... Percepção apurada para extrair ensinamentos e evoluir,
ante as dificuldades que tenho enfrentado, desde os meus longínquos tempos de
criança... Uma família maravilhosa - constituída por duas filhas, dois genros e
dois netos - que tanto orgulho me dá... Acima dela, uma mulher linda e
especial– minha esposa Olga Suely, aqui presente – que me apoia nesses saltos
ousados que tento realizar e muitas outras coisas que nem haveria tempo para
enumerar...
Se Ele não me agraciou com aquele berço de ouro no qual a
esmagadora maioria de nós gostaria de ter nascido, reservou-me uma grandiosa
riqueza a ser degustada ao longo dos meus anos de vida, aqui representada por
tantas pessoas especiais.
Os que já tiveram a honra de saborear momentos como os de
agora, sabem, muito bem, do que falo.
Mas Suas coisas são fantásticas...! Quando me falta
dinheiro, para concretizar um sonho desses, sobram-me amigos e simpatizantes
para compensar tal deficiência – cerca de um terço do embora pequeno, mas para
mim, significativo capital investido, já foi compensado através de aquisições
antecipadas e os nomes desses amigos aparecem na página de número 121 do livro
(com algumas exceções, por motivos administrativos). Quando me falta mais
competência, nessa minha predestinação de escrever coisas capazes de
sensibilizar os corações daqueles que me leem, daqueles que anseiam por uma
simples palavra que fale dos seus ais, das profundezas dos seus corações,
borbulham, no meu caminho, pessoas como as anteriormente citadas, para me
ajudarem nessa missão...
Dessa vez Ele me jogou à frente pessoas como muitos dos
senhores que aqui estão... Os mantenedores desta tão conceituada construtora –
a Engexata Engenharia - que, através do seu gerente de vendas – ilustríssimo sr
José Rosemberg Feitosa Pires, aqui presente – mas, certamente, com a
aquiescência da sua direção administrativa maior, na pessoa do Dr. Ananias
Pinheiro Granja, sinalizou-me positiva e gentilmente, para que este evento
fosse aqui realizado, sem nenhum centavo me cobrar. Provavelmente, coisas
simples para os senhores, mas determinante para mim. Hoje – nesse momento - eu
me sinto numa verdadeira reunião de amigos. Quantas vezes na vida, nós
desfrutamos de tais privilégios em tais condições... Quantas pessoas, no dia a
dia, tem a honra de desfrutar de momentos tão agradáveis...?
O que mais, um sujeito como eu poderia querer?
Nada...!
Como disse, cabe-me, apenas, agradecer a Ele e a todos os
senhores - nominados e os ocasionalmente esquecidos – por tais gestos. E
ratificar o meu compromisso de dar o meu melhor, cada vez mais.
Do fundo do meu coração, muito obrigado...! Espero não
decepcioná-los, com o conteúdo da obra.
Fortaleza-CE, 08 de novembro de 2012
Silvio dos Santos
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
NIRVANDA MEDEIROS E SEU INESQUECÍVEL DR. MEDEIROS
PÔR – DO – SOL
O crepúsculo ao
entardecer...
Quantas
recordações nos surpreendem
Alegria... Tristeza...
Renascer...
Também, momentos de
orações.
Ah! Que beleza
estonteante...
Pôr – do – sol! Seis da tarde, arrebol.
Fim de tarde, o sol ainda irradiante...
Brilhando sempre na
constelação.
Que saudades!
Lembranças e paz.
Amores à vista! E
começando...
Que afeição, agora me
traz
Os dias surpreendentes
da vida.
Despertando grande
admiração...
Rezando sempre, para
estar contigo.
Maria Nirvanda
Medeiros
15/08/2012
domingo, 4 de novembro de 2012
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