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sábado, 24 de setembro de 2011

LANÇAMENTO





A Presidente da AJEB-CE, escritora Maria Luísa Bomfim, lançou mais um livro de Poesia: CHEIRO DE SAUDADE, no Centro Cultural Oboé, dia 15 de setembro. Uma festa diferente, que emocionou a numerosa plateia presente. O livro foi apresentado pela Acadêmica Regine Limaverde, com prefácio de Giselda Medeiros, orelhas de Rejane Costa Barros e comentário de Maurício Benevides. Quem adquiriu o livro ainda ganhou como brinde um belo CD.

Para que fique registrado neste blog, aqui vai o Prefácio do livro:
QUE CHEIRINHO DE SAUDADE!
Maria Luísa Bomfim, autora de “Poeira de Estrelas” (RBS Gráfica e Editora Ltda, Fortaleza, 2004) retorna, neste 2011, plenamente possuída pela Poesia, com o cheiro inviolável da saudade a tomar conta de sua sensibilidade, arrepiando-lhe a palavra poética, tornando-nos cúmplices de seu poetar.
Não poderíamos deixar de lembrar a satisfação da estreia desse seu livro, quando Maria Luísa, encorajada, retirou seus escritos da gaveta e fê-los sair a voar para encantamento das nuvens, das estrelas, do mar, como filigranas de luz salpicada ou como gotículas de orvalho a brincar sobre a policromia das flores.
Nesse seu segundo livro, “Cheiro de Saudade”, chega-nos bem mais amadurecida, trazendo-nos entre os temas universais sua paixão por Neruda:
Ah, meu Poeta!
Teus versos encantam-me,
tuas palavras ensinam-me,
tua poesia comove-me.

Os lampejos do amor:
Tuas mãos em fogo,
incendeiam meu corpo
explodindo meus vulcões.

A frieza da solidão:
Hoje quero
rastrear meus sonhos,
mergulhar fundo na escuridão,
abraçar meu mundo em silêncio
bendizendo a conteste solidão.

A quentura da fogueira dos desejos:
Quero fazer
inúmeras loucuras,
levar-te docemente às alturas,
ser cada dia mais e mais tua mulher.

O cheiro inebriante da saudade:
Há um sorriso no rosto
de quem ama,
há um “Cheiro de Saudade”
na lembrança vã.

A máscara da dor:
Esta dor no peito
é profunda, rasga, aniquila.

A miséria humana:
A mistura de cheiros fétidos,
entope narinas e respiração.
Cabisbaixos e famintos, corpo a corpo,
os catadores disputam no lixão,
a sobrevivência.

Mas “Cheiro de Saudade” traz também os acordes da vida:
E o sol - brilhará mais forte.
E o vento - soprará mais quente.
E a lua - estará mais cheia.
E os corpos - sentirão mais calor.
E os corações - ficarão mais pulsantes.
E as flores - estarão mais bonitas.
E as palavras - serão mais doces.
E os poetas - dirão mais poesia.

O colorido da primavera:
Você chegou, primavera!
Colorindo a terra,
trazendo flores,
renascendo a natureza,
renovando cores.

A busca pela felicidade:
Sei que a vida é muito curta
para que eu tente emendar
os retalhos do coração.

O doce açucarado do sonho:
Registro em meu cantar
o desencanto,
o pranto em forma de sal.
Meus olhos choram à espera
do teu “cheiro de mar”.

E o misticismo do Natal:
Anjos flutuam no ar
cantando para o Menino,
melodias que vêm do céu
e falam de Esperança.

Enfim, há poemas para todos os paladares, porquanto Maria Luísa é uma artesã do verso, toma a palavra, explora seu significado, indo além, criando o seu próprio conceito, vestindo-a com seu estilo sóbrio, personalíssimo de amante da Arte, em seu todo, aliando poesia e música, seus dois maiores encantos. Ela toma o signo e vai, apaixonantemente, perseguindo fugas, toques, detalhes, imagens, sentimentos, lugares, reminiscências, seus mortos queridos e passa a trabalhá-los com sua pena. Tudo que vivencia é motivo para penetrar no mundo da Arte e, através do espírito de sua poesia e do seu canto, difundir sua mensagem, seu testemunho de ser vivente, demonstrando sua preocupação com o outro, pondo amor em tudo o que faz.

Preocupa-se também a poeta com os males da sociedade, com a violência, com a falta de solidariedade humana e a mecanização do amor, quando no poema “Prece”, desabafa: “Meu protesto sai da garganta / e vai riscar o papel”.

Poeta, alma gêmea de Neruda, Maria Luísa merece, enfim, que encerremos este exórdio, com a leveza prazerosa da palavra desse mavioso poeta chileno, cuja poesia é “oração, litania, epifania, presença”: Vejamos:

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

Parabéns, Maria Luísa, “poeta do cotidiano, das coisas simples, harmoniosas. Poeta dos amantes, dos que choram suas dores, dos que sabem dar risadas, dos solidários, dos que acreditam na vida do jeito que ela se apresenta”.


Giselda Medeiros

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