Acompanhem por meio das fotos os felizes momentos dessa festa e emocionem-se com a apresentação de Juarez Leitão e os agradecimentos da autora que vão aqui transcritos.
A Mesa de Honra
O Auditório lotado
Rejane e o apresentador da obra Juarez Leitão
Rejane com seu tio Eliseu Barros
Rejane ladeada por Giselda Medeiros e Zenaide Marçal
Rejane e o Deputado Paulo Facó
Autografando para Argentina Andrade, Presidente da AFELCE
Rejane com Gizela Nunes da Costa
Rejane com o casal amigo Leninha e Eduardo Augusto Campos
Autógrafo para Neide Azevedo Lopes
Autógrafo para Fred e Solange Benevides
Autógrafo chique para Maria Helena Macedo
Rejane e Sabrina Melo
Recebendo flores de Pereira de Albuquerque
Francisco Pessoa prestigiando Águas do Tempo
Juarez Leitão, Eduardo Augusto Campos e convidados
Autografando para Vânia Hissa
Rejane com Rosa Firmo
Autografando para Rosa Virgínia Castro
Rejane com seus amigos
Rejane e seus convidados
SAUDAÇÃO A
REJANE COSTA BARROS NO LANÇAMENTO DE SEU LIVRO “ÁGUAS DO TEMPO”, em 27 de março
de 2014.
Jorge Luis
Borges, o grande mago da literatura latina contemporânea, nos diz que “O tempo
é a substância de que somos feitos.”
Desta forma
traduz o tempo como a matéria atômica que nos compõe e a razão que nos ordena a
vida, as posturas, os sonhos, o desgaste, a queda e o fim.
Rejane Costa
Barros tomou o tempo como substância de seu trabalho estético, como motivo de
sua poesia, mas tratou de aguá-lo, regando as suas raízes, umedecendo as suas
folhas e certamente lavando-o com cuidados e caprichos para mantê-lo limpo,
asseado e cheiroso.
O título de
seu livro - ÁGUAS DO TEMPO – insinua uma parceria entre a limpeza e a
inexorabilidade do percurso vital, mas também uma referência ao movimento
incessante das águas correntes que, descendo das montanhas, vão invadindo os
vales, ora fertilizando, ora afogando, saciando aqui, contornando obstáculos
ali, inundando acolá, provocando tragédias e aleluias no seu franco e
irreversível destino para o mar.
A autora
deste livro é filha de Fortaleza, mas tem suas raízes avoengas fincadas em
Itapipoca (a terra dos três climas), descendendo por parte de pai dos Romero
Barros e, por parte da mãe, dos Costa Martins, sobrenomes envolvidos com a
política local e com as atividades agropastoris do município.
Passou quase
toda a infância em Itapipoca, tomando as primeiras lições no Patronato Nossa
Senhora das Mercês com a sua professora predileta Aleuda Benevides. E,
sobretudo, conhecendo os deleites da natureza, o cheiro das campinas e os
ruídos da mata na Fazenda Cabatan, de seu avô Eliseu, onde, no contato direto
com a terra se iluminou das manhãs de chuvas, do amarelo dos cajus e das
pitombas e das tardes vermelhas povoadas de mugidos e chocalhos, no remansoso
regresso dos bois, cabras e ovelhas ao aconchego dos apriscos.
Não há como
negar que o campo abastece os poetas de emoções definitivas e põe em suas almas
ansiosas cores, mistérios, espantos, impressões e murmúrios que os acompanharão
eternamente.
Depois, a
volta para a capital, a formação escolar nos colégios Júlia Jorge, Liceu do
Ceará, Stella Maris e Lourenço Filho.
Numa dessas
escolas, onde eu era professor, me mostrou pela primeira vez um poema. Senti
nela o sinal de Orfeu, a marca dos escolhidos para enxergar as transcendências
da vida, e a incentivei a procurar as confrarias literárias da terra e começar
a conviver com os outros encantados e se alimentar, com afinco e obstinação,
por leitura e convívio, das coisas do fazer poético.
Nunca me
arrependi daquele venturoso pressentimento e do incentivo provocado, porque os
resultados são - como podemos ver neste livro - sobejamente compensadores não
só para a minha vaidade de preceptor como para a literatura cearense.
ÁGUAS DO
TEMPO, em edição esmerada e distintamente bem vestida pela Editora Premius de
Assis Almeida, é obra que, com certeza, abrirá para Rejane Costa Barros as
portas da permanência e um lugar de respeito na galeria das conceituadas letras
de nossa terra.
Apoiada pela
crítica consciente e honesta de Neide Azevedo, Giselda Medeiros e Batista de
Lima debuta com segurança e descortino já deixando antever o banquete de
emoções que há de nos servir.
A obra se
desenvolve em quatro movimentos:
No primeiro,
LIAMES DA PAIXÃO, expõe sem subterfúgio o ouro de seu lirismo.
Logo nos
primeiros poemas avisa que é feita de luar e que nela a noite é uma chama acesa
a aquecer seus sonhos e façanhas; e o tempo, um parceiro sinuoso que se veste de
luz ou de urtigas.
Seu corpo é
um recindo paradoxal onde residem anjos e demônios e está pronto, como o da
Sulamita do harém de Salomão, para a audácia do Amado, o fervor das madrugadas
e o doce cheiro da vida.
No pacto
cristalino com o eleito de sua alma destaca-se o compromisso sensual em que
ela, sesmaria incandescente, tem o ventre coberto de trigo para saciar-lhe a
fome, a ânsia e a lascívia.
Ao contrário
das virgens loucas do Evangelho, está sempre preparada, armada de lâmpadas,
vinho, taças e desejos para a chegada alvissareira de seu escolhido. E o
instinto lhe antecipa o acontecimento amoroso:
Quando estais para vir
premonitória escuto os teus sinais
teu cheiro vem na brisa ou no brandir
da transparência esguia dos cristais.
E desce
pelas correntezas da paixão fazendo e recebendo juras, abrindo-se para os
abraços em busca alvoroçada, decifrando mistérios, entoando suspiros,
escancarando a alma.
E, depois de
se declarar estrada e embaraço, ladeira e labirinto, veste o seu melhor sonho
da seda mais fina e do linho mais puro para, diante de seu bem amado, se
declarar uma simples fada enfeitiçada, condenada pela prática virtuosa das
proibições e pelos medonhos e irresistíveis descalabros do amor.
Na segunda
parte, ALTAR DAS OFERENDAS, entoa o culto aos amigos e as canções de bem-dizer.
Agradece,
consola, apazigua, elogia, reparte, acalanta e apoia em seu ombro solidário e
generoso a alegria, a dor, o sufoco, os abismos e as apoteoses dos prediletos
de sua amizade.
Estou ali
contemplado, junto com Fred Benevides, Giselda Medeiros, José Hissa e Vânia,
Argentina e Gutemberg, Neide Azevedo, Carlos Gurjão e Marlene, Pereira de
Albuquerque, Helô Limaverde, Ana Maria Mendes Ary, Renato Assunção, Paulo Facó,
Eleuda de Carvalho, Eduardo Augusto e Marilena, Vicente Alves e Gemma, Wilson
Loureiro, Maurício Benevides e Rose, Batista de Lima, Valdir Sampaio e Arisa e,
por fim, Giselle Ribeiro.
Na terceira
parte, TOADAS DA SOLIDÃO, desce às grandes profundidades de seus desconsolos na
tentativa de entender as incertezas épicas da vida.
Vagueia
pelos campos desolados se procurando entre os escombros da solidão. Esbarra em
pedaços de nada e apalpa miragens no deserto.
Nessas horas
caladas de medo e ausência, uma ave tristonha canta dentro de seu peito amargo
uma canção que só ela e o seu enigmático amor conhecem.
Os poemas
falam de mistérios, impossibilidades, dilemas, ventos de triste veludo,
promessas e alpendres de eterna espera.
E concorda
com o poema de Arlene Holanda citado na abertura e que diz que “o que o homem
teme não é a paixão/ que deixaria seu coração minguado a pão e água/ em
momentos de inferno e paraíso. O lobo do homem é a solidão.”
E esta
viagem telúrica e emocional se fecha com o capítulo NO PAÍS DA SAUDADE, em que,
de turíbulo aceso, incensa, cheia de dor e lástima, a memória de seus mortos.
Eles foram
caindo, à direita e à esquerda eles foram caindo – como diz numa antífona de
cinzas e preces o poeta Gerardo Mello Mourão.
Rejane Costa
Barros é uma navegante da tragédia.
A morte não
teve condescendência na construção do ataúde de sua solidão.
Primeiro
tombou seu pai, Antônio Eliseu de Barros Filho, participante das forças da ONU
na Guerra do Suez. Abatido pelo câncer aos 46 anos.
Depois o seu
irmão Marramed, num desastre de carro, aos 22 anos.
E então caiu
a sua mãe, a bela Geisa, vencida pela pneumonia, aos 60 anos.
Nesses
momentos de aflito pesar sempre teve por perto o abraço solidário e o afeto
espontâneo dos amigos.
Mas alguns,
que antes a abraçaram nas salas tristonhas dos velames, também já cruzaram o
Portão da Passagem, como o poeta trovador Fernando Câncio, o violonista José
Renato Gondim e o seresteiro José Maria Botelho.
Rejane,
porém, aprendeu com a dor o segredo da sublimação.
Tudo nela é
sublime e azul por aceitação do fato consumado e os pendões de esperança que
brotam de seu ser.
Tem vida
ativa e fértil e nenhum dia seu se parece com a véspera.
E guarda um
açude cheinho de emoções pronto para se derramar.
Evita os
enxofres da vida, o desespero canônico, o barco dos amargos, as travessias da
indiferença, o abraço dos pusilânimes.
Porque lhe
arde na mente e no coração a fogueira sagrada da poesia. E os poetas são bons e
carregam com eles as palmas serenas da paz.
Rejane Costa
Barros, esta moça branquinha, que sabe ter ternura e franca afirmação, vai
viver muito tempo para fazer o bem, semear benquerenças e dançar as doces
cirandas da liberdade.
E espera
que, somente aos cem anos (ou mais), quando estiver risonha e num salão de luz,
um distraído querubim lhe tire pra dançar.
MUITO
OBRIGADO.
Juarez
Leitão
27 de março
de 2014.
A FALA DE REJANE COSTA BARROS
O Tempo, Meu Fiel Companheiro
Boa
noite, meus amigos!
É com enorme prazer que os recebo nesta mágica noite,
onde finalmente, entrego em suas mãos, o meu livro de estreia: Águas do Tempo.
Quando se nasce poeta a gente não se
governa, e vai se entregando às confissões sonoras e se despindo de todos os
receios no palco impudente da paixão. E tanto fazemos e com tal arte e com tal
sedução que nos tornamos parceiros nesta viagem lírica de volta às matizes e às
terras fabulosas que unem em nós, todos os sentimentos. A arte da escrita é
assim, irresistível e magnética. A poesia também.
Soberana em seu território, dona,
senhora e rainha, escolhe seus afilhados e com eles se envolve completamente,
por laços irrecusáveis e definitivos. A poesia é nervo exposto, centro visceral
de energia e tem uma relação cutânea com a vida. Arrepia, eriça, excita,
arrebata e precipita. É o caminho da esperança, a lavoura da beleza e a
conquista sustentável da grandeza humana.
Orfeu é um deus amoroso e sedutor que
age nas mentes humanas convocando para suas fileiras os que são bons. Bons de
talento, de espírito, de convivência, de atitudes e assim, vamos unindo estas
qualidades e montando a vida. Esta que é responsável por todos os atos que o
destino nos impõe.
Hoje tenho novos amigos em minha lista
de amizade que juntaram-se aos mais antigos. Sei que estou cercada pelos que
foram bem escolhidos, artesãos desta renda mista que unifica e plurifica as
ideias e os pensamentos com os quais conduzimos nossos dias, e estes, quando
bem distribuídos, servem de incentivo e de renascimento. Amigos são parceiros
de nossa vida, participantes de nossa história e se encantam em nosso caminhar.
É preciso que estejam ao nosso lado em eterno exercício. É preciso que saibamos
distinguir os bons dos que habitam outras esferas.
Estou aqui olhando os rostos conhecidos
de minha benquerença e nesta mesma noite uma imensa saudade toma conta de mim.
Meu pai, meu irmão e minha mãe. Já se foram, habitam outro universo, mas
imagino que estejam vigiando meus passos e compartilhando de minhas vitórias.
Deus tem sido muito generoso comigo e colocou em minha vida, pais, mães e
irmãos de coração, que me acolhem com seus generosos braços e abraços, dando-me
o carinho que me foi prematuramente tirado. Hoje, nesta noite de puro deleite,
firmamos ainda mais, a nossa amizade construindo um caminho de benquerer. Somos
lúcidos seres humanos, mas carregados de sonhos e abertos às ilusões dos
desafios.
Sou uma pessoa abençoada, e para fazer
chegar as suas mãos este livro, agradeço a Editora Premius que cuidou com muito
carinho e cuidado desta publicação e ao amigo Assis Almeida, pelo
profissionalismo e a dedicação com que cuidaram desta obra. À amiga Giselda
Medeiros que produziu um belo prefácio e deixou-me emocionada ao retratar minha
evolução literária. À amiga Neide Azevedo que escreveu um texto primoroso
colocado às orelhas, onde apresentou minha poesia de maneira tão carinhosa e
plena de emoção. Ao amigo Batista de Lima, que gentilmente apresentou minha
poesia com um olhar fraterno e sublime. À amiga Aucy Parente, que imortaliza
este momento deixando o registro para a posteridade. À amiga Arleni Portelada,
pelo impecável cerimonial e sua alma de poeta a nos presentear com tão bela
conduta.
Aos amigos José Hissa e Valdir, por uma
comunhão nesta amizade onde se unem Vânia e Arisa, suas respectivas esposas,
minhas amigas que sempre compartilham comigo de todos os momentos. À amiga
Nirvanda Medeiros, que disponibilizou seu tempo para me ajudar na parte prática
deste evento. Ao amigo Mariano Pessoa, que esteve desde o início desta
empreitada, ao meu lado, ajudando no que eu precisei. À Gemma Galgani, que
dispôs de seu tempo também para me ajudar. Aos amigos Iratuã Freitas, Marta
Barbosa, Natália Viana, Fábio Tajra, Antonio Viana e Wilson Loureiro, que me
ajudaram na divulgação deste lançamento. Agradecer também a Pedro Jorge
Medeiros, Presidente do Náutico Atlético Cearense, esta Casa que hoje nos
recebe, pela disponibilização do espaço e por esta acolhida tão afável. Ao
casal Gutemberg e Argentina que estão sempre comigo, dividindo as alegrias e as
dores, mas sempre me dando o carinho familiar que me foi negado com a partida
dos meus. Ao casal Carlos Gurjão e Marlene, que são parte de mim, nesta nova
caminhada. Ao amigo e padrinho literário, poeta Juarez Leitão, que foi a
primeira pessoa a acreditar no meu dom de escritora, e ao ler minhas acanhadas
poesias, descobriu em mim, uma poetisa que só precisava ser lapidada. Nesta
noite, deixou-me emocionada com tão linda apresentação de meu livro e em sua
emocionada fala sobre mim, percebo seu carinho em acompanhar minha evolução
literária. A você poeta, o meu mais profundo e sincero agradecimento. À família
de meu pai, que também é minha e que aqui presente, me dá a certeza de que a
gente precisa destes laços para se renovar e se fortalecer.
Meus amigos, com suas presenças, meus
sentimentos se misturam, se destilam e se condensam em muitas emoções. Trago a
vocês meu livro de estreia e espero que vocês o apreciem. Águas do Tempo é meu
primogênito e ao entregá-lo, peço que cuidem dele como quem cuida de um filho,
com carinho e cuidado.
A obra apresentada esta noite tem
passagens fortes e acentuadas por ritmos sensuais, trazendo revelações
dramáticas e recompondo atos revitalizadores.
A vocês, amigos fiéis e sinceros que
tecem comigo, loas e confessam afetos e fazem indagações sobre os mistérios e
caprichos do mundo, agradeço pela alegria da presença neste momento em que
registro esta etapa do meu tempo.
Convidei vocês, não pela importância que cada um tem no mundo, mas
porque cada um de vocês é um pedaço do meu significado, deste significado que
eu queria que se fizesse aqui presente. Dentre os muitos contos infantis que
conheço, há um que fala de um andarilho que tinha duas mochilas. Numa, ele
guardava as pedras em que tropeçava e na outra, ele guardava as flores que lhe
ofereciam perfume. Quando lhe perguntavam por que as pedras, ele dizia que os
tropeços aceleravam a caminhada. Quando lhe perguntavam por que as flores, ele
dizia que o perfume atraía para os caminhos mais prazerosos. No fim da estrada
ele se livrou da mochila que pesava e continuou com
aquela que tornava mais leve o seu caminhar. Foi exatamente por isso que os
convidei nesta noite. Para rever aqueles que estavam presentes na hora em que
precisei de um sinal para dar mais um passo. Para rever os que agora se acercam
de mim com mais frequência e me dão a certeza da sinceridade. Cada um de vocês
ajudou-me a construir uma nova etapa do significado destes meus anos.
As pedras que me perdoem, mas na minha
idade alguns tropeços precisam ser desviados e nos meus ombros já não há mais
lugar para duas mochilas.
Muito obrigada por esta oportunidade. A de
olhar e rever, em cada um de vocês, um momento bom da minha vida. Agradeço pelo
doce acolhimento e pela fundação desse país chamado AMIZADE.
Rejane Costa Barros
Fortaleza, 27 de março de 2014
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