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terça-feira, 1 de abril de 2014

ÁGUAS DO TEMPO - DE REJANE COSTA BARROS


Rejane Costa Barros estreou na POESIA, com seu belíssimo livro Águas do Tempo, em bela e prestigiada festa, ocorrida no Náutico Atlético Cearense, dia 27 de março de 2014. A empolgante apresentação saiu da pena inteligente de Juarez Leitão. Os amigos, fãs e admiradores de Rejane para lá acorreram tornando o ambiente uma verdadeira e grande FAMÍLIA LITERÁRIA.
Acompanhem por meio das fotos os felizes momentos dessa festa e emocionem-se com a apresentação de Juarez Leitão e os agradecimentos da autora que vão aqui transcritos.


A cerimonialista Arleni Portelada


A Mesa de Honra


O Auditório lotado


Rejane e o apresentador da obra Juarez Leitão


Rejane com seu tio Eliseu Barros


Rejane ladeada por Giselda Medeiros e Zenaide Marçal


Rejane e o Deputado Paulo Facó


Autografando para Argentina Andrade, Presidente da AFELCE


Rejane com Gizela Nunes da Costa


Rejane com o casal amigo Leninha e Eduardo Augusto Campos


Autógrafo para Neide Azevedo Lopes


Autógrafo para Fred e Solange Benevides


Autógrafo chique para Maria Helena Macedo


Rejane e Sabrina Melo


Recebendo flores de Pereira de Albuquerque


Francisco Pessoa prestigiando Águas do Tempo



Juarez Leitão, Eduardo Augusto Campos e convidados


Autografando para Vânia Hissa


Rejane com Rosa Firmo


Autografando para Rosa Virgínia Castro


Rejane com seus amigos


Rejane e seus convidados

SAUDAÇÃO A REJANE COSTA BARROS NO LANÇAMENTO DE SEU LIVRO “ÁGUAS DO TEMPO”, em 27 de março de 2014.
                                                                                             
 


Juarez Leitão

Jorge Luis Borges, o grande mago da literatura latina contemporânea, nos diz que “O tempo é a substância de que somos feitos.”
Desta forma traduz o tempo como a matéria atômica que nos compõe e a razão que nos ordena a vida, as posturas, os sonhos, o desgaste, a queda e o fim.

Rejane Costa Barros tomou o tempo como substância de seu trabalho estético, como motivo de sua poesia, mas tratou de aguá-lo, regando as suas raízes, umedecendo as suas folhas e certamente lavando-o com cuidados e caprichos para mantê-lo limpo, asseado e cheiroso.

O título de seu livro - ÁGUAS DO TEMPO – insinua uma parceria entre a limpeza e a inexorabilidade do percurso vital, mas também uma referência ao movimento incessante das águas correntes que, descendo das montanhas, vão invadindo os vales, ora fertilizando, ora afogando, saciando aqui, contornando obstáculos ali, inundando acolá, provocando tragédias e aleluias no seu franco e irreversível destino para o mar.

A autora deste livro é filha de Fortaleza, mas tem suas raízes avoengas fincadas em Itapipoca (a terra dos três climas), descendendo por parte de pai dos Romero Barros e, por parte da mãe, dos Costa Martins, sobrenomes envolvidos com a política local e com as atividades agropastoris do município.

Passou quase toda a infância em Itapipoca, tomando as primeiras lições no Patronato Nossa Senhora das Mercês com a sua professora predileta Aleuda Benevides. E, sobretudo, conhecendo os deleites da natureza, o cheiro das campinas e os ruídos da mata na Fazenda Cabatan, de seu avô Eliseu, onde, no contato direto com a terra se iluminou das manhãs de chuvas, do amarelo dos cajus e das pitombas e das tardes vermelhas povoadas de mugidos e chocalhos, no remansoso regresso dos bois, cabras e ovelhas ao aconchego dos apriscos.

Não há como negar que o campo abastece os poetas de emoções definitivas e põe em suas almas ansiosas cores, mistérios, espantos, impressões e murmúrios que os acompanharão eternamente. 
Depois, a volta para a capital, a formação escolar nos colégios Júlia Jorge, Liceu do Ceará, Stella Maris e Lourenço Filho.

Numa dessas escolas, onde eu era professor, me mostrou pela primeira vez um poema. Senti nela o sinal de Orfeu, a marca dos escolhidos para enxergar as transcendências da vida, e a incentivei a procurar as confrarias literárias da terra e começar a conviver com os outros encantados e se alimentar, com afinco e obstinação, por leitura e convívio, das coisas do fazer poético.

Nunca me arrependi daquele venturoso pressentimento e do incentivo provocado, porque os resultados são - como podemos ver neste livro - sobejamente compensadores não só para a minha vaidade de preceptor como para a literatura cearense. 
  
ÁGUAS DO TEMPO, em edição esmerada e distintamente bem vestida pela Editora Premius de Assis Almeida, é obra que, com certeza, abrirá para Rejane Costa Barros as portas da permanência e um lugar de respeito na galeria das conceituadas letras de nossa terra.

Apoiada pela crítica consciente e honesta de Neide Azevedo, Giselda Medeiros e Batista de Lima debuta com segurança e descortino já deixando antever o banquete de emoções que há de nos servir.

A obra se desenvolve em quatro movimentos:
No primeiro, LIAMES DA PAIXÃO, expõe sem subterfúgio o ouro de seu lirismo.
Logo nos primeiros poemas avisa que é feita de luar e que nela a noite é uma chama acesa a aquecer seus sonhos e façanhas; e o tempo, um parceiro sinuoso que se veste de luz ou de urtigas.

Seu corpo é um recindo paradoxal onde residem anjos e demônios e está pronto, como o da Sulamita do harém de Salomão, para a audácia do Amado, o fervor das madrugadas e o doce cheiro da vida.

No pacto cristalino com o eleito de sua alma destaca-se o compromisso sensual em que ela, sesmaria incandescente, tem o ventre coberto de trigo para saciar-lhe a fome, a ânsia e a lascívia.

Ao contrário das virgens loucas do Evangelho, está sempre preparada, armada de lâmpadas, vinho, taças e desejos para a chegada alvissareira de seu escolhido. E o instinto lhe antecipa o acontecimento amoroso:

Quando estais para vir
premonitória escuto os teus sinais
teu cheiro vem na brisa ou no brandir
da transparência esguia dos cristais.

E desce pelas correntezas da paixão fazendo e recebendo juras, abrindo-se para os abraços em busca alvoroçada, decifrando mistérios, entoando suspiros, escancarando a alma.

E, depois de se declarar estrada e embaraço, ladeira e labirinto, veste o seu melhor sonho da seda mais fina e do linho mais puro para, diante de seu bem amado, se declarar uma simples fada enfeitiçada, condenada pela prática virtuosa das proibições e pelos medonhos e irresistíveis descalabros do amor. 

Na segunda parte, ALTAR DAS OFERENDAS, entoa o culto aos amigos e as canções de bem-dizer.

Agradece, consola, apazigua, elogia, reparte, acalanta e apoia em seu ombro solidário e generoso a alegria, a dor, o sufoco, os abismos e as apoteoses dos prediletos de sua amizade.

Estou ali contemplado, junto com Fred Benevides, Giselda Medeiros, José Hissa e Vânia, Argentina e Gutemberg, Neide Azevedo, Carlos Gurjão e Marlene, Pereira de Albuquerque, Helô Limaverde, Ana Maria Mendes Ary, Renato Assunção, Paulo Facó, Eleuda de Carvalho, Eduardo Augusto e Marilena, Vicente Alves e Gemma, Wilson Loureiro, Maurício Benevides e Rose, Batista de Lima, Valdir Sampaio e Arisa e, por fim, Giselle Ribeiro.

Na terceira parte, TOADAS DA SOLIDÃO, desce às grandes profundidades de seus desconsolos na tentativa de entender as incertezas épicas da vida.

Vagueia pelos campos desolados se procurando entre os escombros da solidão. Esbarra em pedaços de nada e apalpa miragens no deserto.

Nessas horas caladas de medo e ausência, uma ave tristonha canta dentro de seu peito amargo uma canção que só ela e o seu enigmático amor conhecem.

Os poemas falam de mistérios, impossibilidades, dilemas, ventos de triste veludo, promessas e alpendres de eterna espera.

E concorda com o poema de Arlene Holanda citado na abertura e que diz que “o que o homem teme não é a paixão/ que deixaria seu coração minguado a pão e água/ em momentos de inferno e paraíso. O lobo do homem é a solidão.”

E esta viagem telúrica e emocional se fecha com o capítulo NO PAÍS DA SAUDADE, em que, de turíbulo aceso, incensa, cheia de dor e lástima, a memória de seus mortos.

Eles foram caindo, à direita e à esquerda eles foram caindo – como diz numa antífona de cinzas e preces o poeta Gerardo Mello Mourão.

Rejane Costa Barros é uma navegante da tragédia.
A morte não teve condescendência na construção do ataúde de sua solidão.

Primeiro tombou seu pai, Antônio Eliseu de Barros Filho, participante das forças da ONU na Guerra do Suez. Abatido pelo câncer aos 46 anos.

Depois o seu irmão Marramed, num desastre de carro, aos 22 anos.

E então caiu a sua mãe, a bela Geisa, vencida pela pneumonia, aos 60 anos.

Nesses momentos de aflito pesar sempre teve por perto o abraço solidário e o afeto espontâneo dos amigos.

Mas alguns, que antes a abraçaram nas salas tristonhas dos velames, também já cruzaram o Portão da Passagem, como o poeta trovador Fernando Câncio, o violonista José Renato Gondim e o seresteiro José Maria Botelho.

Rejane, porém, aprendeu com a dor o segredo da sublimação.
Tudo nela é sublime e azul por aceitação do fato consumado e os pendões de esperança que brotam de seu ser.

Tem vida ativa e fértil e nenhum dia seu se parece com a véspera.
E guarda um açude cheinho de emoções pronto para se derramar.

Evita os enxofres da vida, o desespero canônico, o barco dos amargos, as travessias da indiferença, o abraço dos pusilânimes.

Porque lhe arde na mente e no coração a fogueira sagrada da poesia. E os poetas são bons e carregam com eles as palmas serenas da paz.

Rejane Costa Barros, esta moça branquinha, que sabe ter ternura e franca afirmação, vai viver muito tempo para fazer o bem, semear benquerenças e dançar as doces cirandas da liberdade.

E espera que, somente aos cem anos (ou mais), quando estiver risonha e num salão de luz, um distraído querubim lhe tire pra dançar.

MUITO OBRIGADO.
Juarez Leitão
27 de março de 2014.

A FALA DE REJANE COSTA BARROS 
O Tempo, Meu Fiel Companheiro

Boa noite, meus amigos!



É com enorme prazer que os recebo nesta mágica noite, onde finalmente, entrego em suas mãos, o meu livro de estreia: Águas do Tempo.
Quando se nasce poeta a gente não se governa, e vai se entregando às confissões sonoras e se despindo de todos os receios no palco impudente da paixão. E tanto fazemos e com tal arte e com tal sedução que nos tornamos parceiros nesta viagem lírica de volta às matizes e às terras fabulosas que unem em nós, todos os sentimentos. A arte da escrita é assim, irresistível e magnética. A poesia também.
Soberana em seu território, dona, senhora e rainha, escolhe seus afilhados e com eles se envolve completamente, por laços irrecusáveis e definitivos. A poesia é nervo exposto, centro visceral de energia e tem uma relação cutânea com a vida. Arrepia, eriça, excita, arrebata e precipita. É o caminho da esperança, a lavoura da beleza e a conquista sustentável da grandeza humana.
Orfeu é um deus amoroso e sedutor que age nas mentes humanas convocando para suas fileiras os que são bons. Bons de talento, de espírito, de convivência, de atitudes e assim, vamos unindo estas qualidades e montando a vida. Esta que é responsável por todos os atos que o destino nos impõe.
Hoje tenho novos amigos em minha lista de amizade que juntaram-se aos mais antigos. Sei que estou cercada pelos que foram bem escolhidos, artesãos desta renda mista que unifica e plurifica as ideias e os pensamentos com os quais conduzimos nossos dias, e estes, quando bem distribuídos, servem de incentivo e de renascimento. Amigos são parceiros de nossa vida, participantes de nossa história e se encantam em nosso caminhar. É preciso que estejam ao nosso lado em eterno exercício. É preciso que saibamos distinguir os bons dos que habitam outras esferas.
Estou aqui olhando os rostos conhecidos de minha benquerença e nesta mesma noite uma imensa saudade toma conta de mim. Meu pai, meu irmão e minha mãe. Já se foram, habitam outro universo, mas imagino que estejam vigiando meus passos e compartilhando de minhas vitórias. Deus tem sido muito generoso comigo e colocou em minha vida, pais, mães e irmãos de coração, que me acolhem com seus generosos braços e abraços, dando-me o carinho que me foi prematuramente tirado. Hoje, nesta noite de puro deleite, firmamos ainda mais, a nossa amizade construindo um caminho de benquerer. Somos lúcidos seres humanos, mas carregados de sonhos e abertos às ilusões dos desafios.
Sou uma pessoa abençoada, e para fazer chegar as suas mãos este livro, agradeço a Editora Premius que cuidou com muito carinho e cuidado desta publicação e ao amigo Assis Almeida, pelo profissionalismo e a dedicação com que cuidaram desta obra. À amiga Giselda Medeiros que produziu um belo prefácio e deixou-me emocionada ao retratar minha evolução literária. À amiga Neide Azevedo que escreveu um texto primoroso colocado às orelhas, onde apresentou minha poesia de maneira tão carinhosa e plena de emoção. Ao amigo Batista de Lima, que gentilmente apresentou minha poesia com um olhar fraterno e sublime. À amiga Aucy Parente, que imortaliza este momento deixando o registro para a posteridade. À amiga Arleni Portelada, pelo impecável cerimonial e sua alma de poeta a nos presentear com tão bela conduta.
Aos amigos José Hissa e Valdir, por uma comunhão nesta amizade onde se unem Vânia e Arisa, suas respectivas esposas, minhas amigas que sempre compartilham comigo de todos os momentos. À amiga Nirvanda Medeiros, que disponibilizou seu tempo para me ajudar na parte prática deste evento. Ao amigo Mariano Pessoa, que esteve desde o início desta empreitada, ao meu lado, ajudando no que eu precisei. À Gemma Galgani, que dispôs de seu tempo também para me ajudar. Aos amigos Iratuã Freitas, Marta Barbosa, Natália Viana, Fábio Tajra, Antonio Viana e Wilson Loureiro, que me ajudaram na divulgação deste lançamento. Agradecer também a Pedro Jorge Medeiros, Presidente do Náutico Atlético Cearense, esta Casa que hoje nos recebe, pela disponibilização do espaço e por esta acolhida tão afável. Ao casal Gutemberg e Argentina que estão sempre comigo, dividindo as alegrias e as dores, mas sempre me dando o carinho familiar que me foi negado com a partida dos meus. Ao casal Carlos Gurjão e Marlene, que são parte de mim, nesta nova caminhada. Ao amigo e padrinho literário, poeta Juarez Leitão, que foi a primeira pessoa a acreditar no meu dom de escritora, e ao ler minhas acanhadas poesias, descobriu em mim, uma poetisa que só precisava ser lapidada. Nesta noite, deixou-me emocionada com tão linda apresentação de meu livro e em sua emocionada fala sobre mim, percebo seu carinho em acompanhar minha evolução literária. A você poeta, o meu mais profundo e sincero agradecimento. À família de meu pai, que também é minha e que aqui presente, me dá a certeza de que a gente precisa destes laços para se renovar e se fortalecer.
Meus amigos, com suas presenças, meus sentimentos se misturam, se destilam e se condensam em muitas emoções. Trago a vocês meu livro de estreia e espero que vocês o apreciem. Águas do Tempo é meu primogênito e ao entregá-lo, peço que cuidem dele como quem cuida de um filho, com carinho e cuidado.
A obra apresentada esta noite tem passagens fortes e acentuadas por ritmos sensuais, trazendo revelações dramáticas e recompondo atos revitalizadores.
A vocês, amigos fiéis e sinceros que tecem comigo, loas e confessam afetos e fazem indagações sobre os mistérios e caprichos do mundo, agradeço pela alegria da presença neste momento em que registro esta etapa do meu tempo.
  Convidei vocês, não pela importância que cada um tem no mundo, mas porque cada um de vocês é um pedaço do meu significado, deste significado que eu queria que se fizesse aqui presente. Dentre os muitos contos infantis que conheço, há um que fala de um andarilho que tinha duas mochilas. Numa, ele guardava as pedras em que tropeçava e na outra, ele guardava as flores que lhe ofereciam perfume. Quando lhe perguntavam por que as pedras, ele dizia que os tropeços aceleravam a caminhada. Quando lhe perguntavam por que as flores, ele dizia que o perfume atraía para os caminhos mais prazerosos. No fim da estrada ele se livrou da mochila que pesava e continuou com aquela que tornava mais leve o seu caminhar. Foi exatamente por isso que os convidei nesta noite. Para rever aqueles que estavam presentes na hora em que precisei de um sinal para dar mais um passo. Para rever os que agora se acercam de mim com mais frequência e me dão a certeza da sinceridade. Cada um de vocês ajudou-me a construir uma nova etapa do significado destes meus anos.
As pedras que me perdoem, mas na minha idade alguns tropeços precisam ser desviados e nos meus ombros já não há mais lugar para duas mochilas.
Muito obrigada por esta oportunidade. A de olhar e rever, em cada um de vocês, um momento bom da minha vida. Agradeço pelo doce acolhimento e pela fundação desse país chamado AMIZADE.
                                                               Rejane Costa Barros
                                                               Fortaleza, 27 de março de 2014 

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