Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB/RS em Solenidade de Posse da Gestão 2018/2019. Evento dia 23/03/2018 na Câmara de Vereadores de Porto Alegre/RS.
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PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque
PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira
1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa
2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade
1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros
2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros
1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas
2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes
DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles
DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque
CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira
CONSELHO
Evan Gomes Bessa
Maria Helena do Amaral Macedo
Zenaide Marçal
POLICROMIAS
Policromia pode ser compreendida como uma arte que apresenta várias cores. E por ser algo colorido, multicolor, irradia vivacidade, energia, brilho.
Policromias é nome dado a um belo livro publicado por iniciativa da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB – CE), já em seu décimo volume, em uma edição comemorativa pelos seus 48 anos de fundação, sob a organização da poeta Giselda Medeiros e de Ana Paula de Medeiros Ribeiro.
Ao folhear as páginas bem elaboradas de Policromias, mergulhamos em um mundo fascinante, em que diversos autores colorem seus textos sob as mais variadas formas, por meio de saudações, ensaios, estudos, biografias, em verso e prosa.
Ao ler os textos, fazemos um passeio por entre a obra e a vida de Domingos Olímpio a Monteiro Lobato, de Drummond a Ferreira Gullar, de Hilma Montenegro a Gabriel García Márquez, de Florbela Espanca e Artur Eduardo Benevides, dentre tantos outros ilustres seres pensantes que brilharam e continuam brilhando. É quando nos damos conta de seu imenso legado e do quanto precisamos aprender mais sobre a produção literária de cada um, sobre sua vida e arte.
Nós somos o resultado de nossas experiências, de nossas vivências. Em se tratando do escritor, do poeta, é em sua produção literária que sua alma se vê refletida, daí podem surgir as incompreensões por parte da crítica, por parte dos leitores, muitas vezes, a ser desmistificada somente com o passar do tempo, a exemplo de Florbela Espanca, marginalizada por ser mulher, em uma época em que apenas aos homens era admitido o ofício de escrever.
Como não se encantar com a história singular de Florbela Espanca? “Longe de ti são ermos os caminhos/ Longe de ti não há luar nem rosas/ Longe de ti há noites silenciosas.”
Como não apreciar a estética perfeita dos versos de Ferreira Gullar, o poeta cuja poesia nascia de seu espanto com alguma coisa da vida? “Uma parte de mim pesa e pondera/ outra parte delira.
E quanto aos poemas vibrantes de Artur Eduardo Benevides? “Na inconjugação do verbo amar/ sigo em lento e vago suspirar/ pelas cousas que nunca voltarão (...)”
Policromias é assim: um livro em forma de explosão de textos multicolores.
Que consigamos sempre viver intensamente a vida em policromia, colorindo nosso pequeno universo com as tintas da poesia, da crônica, do conto, do romance, do cordel, da arte de um modo geral e, com certeza, nós mesmos e tudo ao nosso redor ficará muito mais belo.
Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça
AJEB-CE
MÊS _________ DATA
JANEIRO ______ RECESSO
FEVEREIRO _____ RECESSO
MARÇO _______ DIA 15
ABRIL ________DIA 19
MAIO ________ DIA 17
JUNHO _______ DIA 21
JULHO ______ RECESSO
AGOSTO ______ DIA 22
SETEMBRO _____ DIA 20
OUTUBRO ______ DIA 18
NOVEMBRO ___ DIA 22 (4ª TERÇA)
DEZEMBRO _____ DIA 20
MELANCOLIA.
Quando a tarde se abisma no horizonte,
A se esvair em sangue, aos borbotões,
Curvo os joelhos ao chão, elevo a fronte,
Pleno de tediosas sensações...
É momento de mística agonia.
Já ouço o sino gemer seu brônzeo canto
Em profundíssima melancolia,
Na tarde que se esvai, em desencanto...
O vento sopra frígido e ululante.
Uma onda de mistério, neste instante,
Toma conta de mim, em duro açoite.
A tarde morre, e o céu todo escurece.
Numa tristeza infinda, faço uma prece
Para o meu tédio em vão, na densa noite.
J. Udine - 18-07-2016.
CHAPA PAPA FRANCISCO
PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque
PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa
1ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade
2ª VICE-PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira
1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros
2ª SECRETÁRIA: Rosa Virgínia Carneiro de Castro
1ª TESOUREIRA: Rita Maria Lopes Guedes Santos
2ª TESOUREIRA: Maria do Socorro Cavalcanti
DIRETORA DE EVENTOS: Maria Nirvanda Medeiros
DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque
CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira
CONSELHO
Maria Helena do Amaral Macedo
Zenaide Braga Marçal
Maria Luisa Bomfim
Celina Côrte Pinheiro
Evan Gomes Bessa
A chapa foi eleita por unanimidade. A posse solene da Diretoria foi marcada para o próximo dia 19 de abril (terceira terça-feira), às 9h30min, no auditório da Academia Cearense de Letras (Rua do Rosário, nº1, Centro).
Para essa cerimônia, estão convidados todos os sócios: efetivas, colaboradores, beneméritos, honorários e o público amante das Letras.
Esperamos a sua honrosa presença.
Não posso deixar passar esta data, já decorridos sete anos (02/03/2009), sem fazer o registro do aniversário de morte do grande professor, poeta, romancista, acadêmico e servidor público, José Costa Matos. Nossa homenagem à grande figura humana do mestre do vernáculo, que, segundo Pedro Nava, criava poesia bravia, enigmática, revoltada, orgulhosa, sensível à hora que passa, e que revelava nelas as suas origens. Sobre Costa Matos, Moreira Campos lembrou a sua qualidade de contador de "estórias" de "causos", envolventes e aliciantes, destacando a legitimidade da linguagem matuta, através da qual se identificava com o próprio homem que retratava. Mas Costa Matos incursionou também pela difícil seara do romance, merecendo do inesquecível e prolífero escritor cearense Francisco Carvalho o comentário sobre o romance Rio Subterrâneo:
"Não são poucos os poetas, de ontem e de hoje, que se renderam à sedução da narrativa ficcional. É fato inconteste que a prosa de ficção tem a simpatia de maior número de leitores, sendo certo que o índice de rejeição da poesia é indiscutivelmente mais elevado. O poeta Costa Matos acaba de escrever um romance sobre costumes políticos no Ceará, a que deu o título de "Rio Subterrâneo".... "A técnica adotada pelo ficcionista Costa Matos alarga extraordinariamente os horizontes da narrativa, na medida em que os fatos embutidos na trama do romance passam a ser visualizados pelo leitor através de diferentes ângulos."
São obras de José Costa Matos:
"Pirilampos", "As Viagens", "O Sono das Respostas", "O Povoamento da Solidão", "Na Trilha dos Matuiús", "Na última Curva da Esperança", "O Rio Subterrâneo" e "Estações de Sonetos", entre outros.
José Costa Matos ocupou a Cadeira nº 29 da Academia Cearense de Letras, tendo como patrono Paulino Nogueira.
Ao meu amigo e companheiro de trabalho na Receita Federal, por mais de 20 anos, Professor Costa Matos, a minha homenagem e as minhas orações, para que Deus lhe conceda uma generosa recompensa pelo muito que fez na sua passagem pela Terra.
Abraços,
Seridião Correia Montenegro
1º Secretário da Academia Fortalezense de Letras
E o sol nascerá igual
a todos os dias do ano que finda.
No entanto, poderemos vê-lo
de maneira diferente...
Recebamos sua luz
com os olhos de quem ama,
porque o Amor
transforma tudo em beleza...
Sigamos sua trajetória
com os olhos de quem crê,
porque aquele que tem Fé
transpõe todos os obstáculos...
Olhemos o sol se pondo,
não como um dia que finda,
mas com os olhos da Esperança
de um novo alvorecer
pleno de Graças,
pleno de DEUS!
FELIZ ANO NOVO!
Pleno de DEUS!
Zenaide Braga Marçal
Inesquecíveis
todos os nossos momentos.
Os cafés,
as conversas,
os olhares e sorrisos
tão calmos,
tão atraentes,
tão pessoais,
tão nossos.
Nossos passeios,
as compras,
as pequenas coisas
que não podemos esquecer.
(Da Academia Cearense de Retórica)
Stella Furtado. Nasceu na Fazenda Poço, pertencente a Cariré, hoje município de Sobral, porém seus pais, Joaquim Furtado de Mello e Olga de Carvalho Furtado, residiam
À Stella Furtado, falecida em 12 de agosto de 2015, na cidade de Sobral, as nossas eternas lembranças.
Descansa em Paz, amiga!
REDUNDÂNCIAS E OUTRAS NÓDOAS ESCURAS DE UM TEXTO
Vianney Mesquita*
Até o abuso das coisas úteis é prejudicial.
(Publílio Siro. Escritor sírio-latino. 85 a. C-43 a. C).
Em disputa com as deformações trazidas a um texto por má pontuação, sinalização diacrítica imperfeita, desconveniências de teor ortográfico, concordância e regência nominais e verbais – entre tão grande número de delitos gramaticais e estilísticos – um dos mais comuns, e fonte in limine de descrédito em relação ao seu autor, assenta na palavra/expressão sobejante, a mui conhecida e amiudemente aplicada redundância.
Própria do escrevinhador despercebido de predicados redacionais ou descuidoso no trato da mensagem linguística, redundância significa, na escrita, nomeadamente literária, a descabida insistência na apropriação de vocábulos e dições antecipadamente expressos ou tacitamente sensíveis na oração, quer na significação inerente à própria palavra ou mesmo em complemento equívoco e desnecessário a termos e manifestações idiomáticas cujo sentido já se completara.
Colho os casos de sorriso nos lábios, belonave de guerra e gato felino, frequentemente divisados em vários media, pois as três primeiras unidades do grupo exemplificativo já armazenam nos próprios núcleos a ideação pretendida, sem a necessidade de reforço de significação, ensejando, feiosa e equivocadamente, prejuízos à estesia textual e agravos à lógica da escritura.
Em eventos do emprego de lágrimas nos olhos, sorriso nos lábios, encarar de frente, sobrevivente vivo, jumento asinino, cadáver do defunto morto, cachorro canino, pássaro alado, burro muar e tantos que se veem repetidamente, é notória a míngua de trato do escrevente ou falante em relação aos mais elementares conhecimentos do código lusitano.
Já no concernente a belonave, há pouco mencionada, complementada com de guerra – por mim corrigida em tarefa de mestrado sobre a Primeira Guerra Mundial - não é de se estranhar, pois unidade de ideia não conhecida pela maioria das pessoas, de cuja procedência glotológica elas não têm conhecimento, ou seja, do latim belli-, de bellum –i ‘guerra’, ‘combate’ , consoante são também alguns outros elementos vocabulares com tal raiz insertos na linguagem erudita desde o século XVI, consoante anota Antônio Geraldo da Cunha, no Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa (2 ed. 1997). É, também, o caso de jumento asinino, pois não é consabido (se eu escrever consabido por todos, cometo redundância) o que significa esse adjetivo.
A respeito de sobrevivente vivo, por sua vez, me deu conta o Prof. Dr. Anchieta Esmeraldo Barreto, ao ouvir de Leilane Neubarth, repórter da Rede Globo de Televisão, noticiando, no mês passado (abril de 2015), a série de sinistros sofridos pelo Nepal, principalmente, a capital Katmandu, ao passo que pássaro alado retirei de tradução procedida por um estudante de doutorado em Física de uma seção do livro Leçons de Mécanique Céleste, de Henri Poincaré.
Em adição a esses deslizes depreciativos das formas de ideias expostas pela fala ou via letra culta, vêm, ainda, as chamadas “expressões feitas”, como espalhou-se como um rastilho de pólvora, o menino aprendeu a tabuada de cor e salteado (engraçado é que jamais se diz ou escreve decorado e de salto, que é a mesma coisa). Todo violão tem de ser plangente, o ladrão não pode ser indiferente e interesseiro, pois há de ser frio e calculista – sempre calculista - e a PETROBRÁS é como um barril de pólvora, prestes a explodir, sem falar que o Brasil é um país com dimensões continentais, um dos mais conhecidos, usados e rebatidos clichês de todos os tempos.
Certa vez, pedi a um doutorando para retirar a proposição nos quatro cantos do mundo (pois este é redondo), bem como a noção de um mundo meio certo, meio errado e meio louco (ou seja, uma Terra e meia, feita de três metades) e também a frase [...] vários países espalhados pelo globo, como se pudessem ficar amontoados.
Outros modismos são acrescidos a esses sestros desabonadores da elocução grafada, como a “obrigatoriedade” de empregar, muitas vezes e em TODOS os ensaios, pelo menos aqueles a mim entregues para revista, a dicção diferentes isso, diferentes aquilo, (“Vejo diferentes assuntos sob diferentes prismas em diferentes ocasiões”) numa mania insuportável a fazer com que o consultor impertinente desista da leitura bem antes de chegar ao cabo.
O derradeiro vezo a que ora me reporto é o forçado, desabrido e absolutamente desnecessário – no máximo dos casos - emprego de presente e presença, um cacoete também inaturável a puxar para baixo qualquer ensaio que se pretenda legível e decodificável, para não falar com maior demora na indefectível mania da ferramenta, no lugar de meio, expediente, intermédio, instrumento e tantas unidades vocabulares em registo na opulenta sinonímia da Língua Portuguesa.
Deploravelmente, quase como em um censo, o universo inteligente nacional, em particular o que “sustenta” a Universidade, enche a escrita brasileira deste Aedes Aegypti pertinaz nas águas do escrito literocientífico nacional, fazendo-o hemorrágico, pois que lhe sangram, transpondo as redundâncias e impropriedades de quaisquer laias, bobagens por todas as veias e capilares, mui diversamente do que sucede, e.g., com o português escrito na Pátria-Mãe, onde se respeitam os ditames da língua e se prima pela correção, maiormente na contingência das academias.
“Oh tempos, oh costumes!” – reclamara Marco Túlio Cícero.
Um dos poemas de Mário Gomes mais declamado por ele:
Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo.
Nosso Sócio Benemérito, jornalista Vicente Alencar esteve, nesse final de semana (29, 30 de novembro e 1º de dezembro), no Rio de Janeiro, participando da entrega de DIPLOMAS aos ganhadores do Concurso de Contos, em nível nacional, promovido pela ABRAMES - Academia Brasileira de Médicos Escritores, entidade presidida pela médica-escritora Juçara Valverde, nome de destaque na Literatura carioca.
Nosso confrade foi agraciado com o 2º Lugar no referido concurso com o conto "A LUA É VIRGEM", juntando-se, assim, a grandes nomes que participaram do certame e a ele se fizeram presentes.
O agraciado deixou o seu melhor agradecimento à direção da ABRAMES, na pessoa de sua presidente, Dra. Juçara Valverde, e a todos os que estiveram no Clube Monte Líbano acompanhando de perto a premiação em tarde de grande brilho.
Um momento de emoção foi também quando a entidade surpreendeu o nosso querido confrade com uma calorosa homenagem, concedendo-lhe o Diploma de GRANDE MÉRITO CULTURAL ABRAMES 2013 - PERSONALIDADE CULTURAL 2013.
A Vicente Alencar os calorosos aplausos da AJEB-CE por essa conquista, que muito engrandece não só a AJEB, mas os meios lítero-culturais do nosso Ceará.
PARABÉNS, VICENTE ALENCAR!
Tu és a grandeza do meu eu!
Em Ti, sinto minha alma
e toda a inspiração.
Em Ti, sou grande,
sou o mar e amplidão.
Tu és a firmeza do caráter;
a brancura do meu ser,
a candura da minha alma
e azáfama do meu saber.
Tu és minha guarida,
meu depósito de esperanças,
minha estrada mais florida
onde deito e descanso.
Em Ti eu vejo ao longe
meu descanso de guerreira
da labuta desta vida,
na caminhada derradeira.
Dia dos pais
Neste domingo de agosto
Os sinos bem mais badalam
Os passarinhos se calam
Do sol nascente ao sol posto
E o sorriso no meu rosto
Descreve uma frase assim
Cheia de amor, pois, enfim,
Do meu peito um clamor sai:
Eu quisera ser um pai
Tal qual o meu é pra mim.
É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia.
Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta.
Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite. Parafraseando Freud:
A morte é o alvo de tudo que vive.
Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha daqui a 10 anos ele estará todo carcomido. O mesmo acontece a nós.
O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez.
Como disse um dos meus amigos a sua esposa: me use, estou acabando!.
Hilário, porém realista.
Ficar velho e cheio de rugas é natural.
Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.
Já viveu essa fase, reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade.
O passado é lenha calcinada.
O futuro é o tempo que nos resta:
finito, porém incerto como já dizia Cícero.
Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si mesmo.
Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado.
Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.
A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?!
Guarde os bisturis e toca a vida.
Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos.
Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança.
Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza, na verdade ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos.
Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las!
Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais.
O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.
Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.
Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena a ruína sua própria alma. Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase.
Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer.
A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios.
Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento.
Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa. Concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades.
Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível.
Quer um conselho? Esqueça.
Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te pertencem mais.
Se você tem esposa e filhos experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute.
Aceitando ou não o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence.
Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte.
Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto.
O que importa é o que está dentro de nós, à velha máxima continua atual como nunca: quem tem muito dentro precisa ter pouco fora.
Esse é o segredo de uma boa vida.
CRISE NO BRASIL
Estamos vivenciando no Brasil um momento de crise. Há muito a população andava calma, aceitando os ditames do governo sem reagir. De uma hora para outra, as ruas foram tomadas pelo povo demonstrando a insatisfação com o executivo e o legislativo, especialmente. Não, que não haja controvérsias e discrepância também no judiciário, mas nesse instante, o que veio à tona foram, particularmente, os escândalos e as excrescências que ocorrem diariamente naqueles poderes.
O País está acompanhando atento e esperando uma reação positiva do governo, no sentido de atender às reivindicações que foram expostas através de cartazes, faixas, gritos, canções ou de forma verbal para conter a raiva e o descontentamento.
As principais capitais do País iniciaram o evento e, aos poucos, houve ressonância que se espalhou pelo Brasil a fora. Uma onda tomou conta dos recantos mais longínquos dessa Terra de Santa Cruz. A sociedade se viu obrigada a participar de um movimento legítimo com vistas a promover mudanças substantivas na política. A esperança é que o povo possa ajudar a redirecionar determinadas questões prioritárias, as quais são fundamentais para o equilíbrio dos ânimos acirrados.
Já não se suporta mais o pagamento de impostos exorbitantes, o sucateamento dos serviços públicos, a falta de seriedade com as políticas públicas que incluem educação, segurança, saneamento básico, transporte, habitação, enfim, bens e serviços de qualidade retornando ao povo, a fim de justificar o ônus que o cidadão vem sofrendo diariamente, com o retorno da inflação e pagamento de impostos elevados nos produtos adquiridos. Sem falar da corrupção que anda solta por aí, como o mensalão e outras trapalhadas dos políticos, que não representam mais a maioria dos eleitores.
Isso tudo sem falar nos juros, no aumento do dólar, na queda do PIB e da balança comercial, que fazem parte do conjunto que definem como anda a economia atualmente. Todos os aspectos levantados se conjugam num balizamento que dá a real situação que o país está atravessando.
A Copa das Confederações serviu como pano de fundo para estampar nos jornais e TVs do mundo inteiro os últimos acontecimentos que ora estamos passando. Os estádios foram edificados no padrão FIFA, de maneira rápida e apresentando-se nos moldes dos já existentes no primeiro mundo. Os recursos não faltaram para as obras faraônicas, que ainda se questiona qual o retorno que elas trarão ao país pós a Copa das Confederações e, em seguida, Copa do Mundo.
O povo protesta e não aceita os desperdícios, enquanto as escolas e hospitais de todo território nacional se encontram em péssimas condições e ficam em segundo plano; ou melhor, não há interesse de modificar a precariedade dos sistemas públicos.
Tivemos movimentos em 1968, depois de algum tempo, o das Diretas Já, o impeachment do Collor, enfim lutas que saíram vitoriosas pela participação da população brasileira. Acredito que dessa vez não será diferente. Há de se chegar a um consenso governo e povo a fim de que o país possa avançar.
Evan Bessa - Pedagoga
evanbessa@terra.com.br
O POVO - JORNAL DO LEITOR - 9/7/2013
TERRA DE NINGUÉM
Em 2012, houve uma polêmica entre os permissionários da Feirinha da Beira-Mar, pela dificuldade de negociação com quem lhes alugava o espaço onde guardavam seus apetrechos durante o período de inatividade.
Não havendo conciliação, os feirantes passaram a deixar todo seu material exposto no local, sob a égide do gestor municipal, comprometendo a paisagem praiana de que os habitantes de Fortaleza tanto se orgulham.
O mar passou a ser percebido através de um quadriculado de ferragens, perdendo todo seu encanto.
Recentemente, as ferragens foram retiradas e a parte inferior do material, coberta com impermeáveis para proteger das intempéries, o que contribuiu bastante para redução do desconforto visual.
O problema parecia resolvido desta forma. Porém, há alguns dias, tudo voltou a ser como dantes.
As ferragens estão novamente expostas, enfeando o local.
O mar, observado através de grades, perde sua beleza. O cartão postal desta cidade foi rasgado, exatamente por quem dele tira seu sustento. Os permissionários deveriam ser os maiores responsáveis pelo cuidado estético do local.
Mas quem é que está preocupado com isso? Usufruir o bem, até as últimas consequências, é a mentalidade da maioria das pessoas.
E farão isso na medida em que as normas não são bem definidas e seu cumprimento não é obrigatório e/ou fiscalizado com seriedade.
Todo cidadão merece respeito, mas em nome do respeito individual não podemos ferir o coletivo e permitirmos que a sociedade se torne anárquica. Esta cidade tem vários exemplos de irregularidades que se perpetuam por conta da aceitação das autoridades e do próprio povo que não reage a tais investidas.
Assim, loteia-se a cidade como terra de ninguém, onde boa parte da população utiliza-a de forma egocêntrica.
Em nome da sobrevivência, o direito individual extrapola o limite do aceitável. Enquanto isso, os deveres se mantêm parcimoniosos.
Não pode ser assim, sob o risco de termos uma cidade insatisfatória para se viver.
Imagine-se para o tão sonhado turista...
Celina Corte Pinheiro - Médica
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA » Você pode não acreditar
Estado de Minas: 05/05/2013
Já que Cachoeiro do Itapemirim e todo o Brasil comemoram o centenário de Rubem Braga, parto de uma frase dele, hoje muito conhecida: “Sou do tempo tempo em que a geladeira era branca e o telefone era preto”.
Então lhe digo:
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os leiteiros deixavam as garrafinhas de leite do lado de fora das casas, seja ao pé da porta, seja na janela.
A gente ia de uniforme azul e branco para o grupo, de manhãzinha, passava pelas casas e não ocorria que alguém pudesse roubar aquilo.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os padeiros deixavam o pão na soleira da porta ou na janela que dava para a rua. A gente passava e via aquilo como uma coisa normal.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que não havia guardas nas portas dos bancos, nem dentro. Não havia casamatas no interior das casas bancárias. Você entrava e saía livremente. Assaltos a bancos eram coisas de filme americano.
Você pode não acreditar: não havia carro forte blindado, aqueles seguranças superarmados para recolher dinheiro, nem se anunciava aos ladrões que a chave do cofre não estava com o chofer ou que o carro estava sendo seguido por satélite.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que você saía à noite para namorar e voltava andando pelas ruas da cidade, caminhando displicentemente, sentindo cheiro de jasmim e de alecrim, sem olhar para trás, sem temer as sombras.
Você pode não acreditar: houve um tempo em que as pessoas se visitavam airosamente. Chegavam no meio da tarde ou à noite, contavam casos, tomavam café, falavam da saúde, tricotavam sobre a vida alheia e voltavam de bonde às suas casas.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que um homem de bem não assinava promissória, bastava tirar um fio de seu bigode e aquilo valia como promessa de pagamento no prazo ajustado.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os jovens tinham que estar em casa às dez da noite.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o namorado primeiro ficava andando com a moça numa rua perto da casa dela, depois passava a namorar no portão, depois tinha ingresso na sala da família. Era sinal que já estava praticamente noivo e seguro.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os filhos chamavam os pais de senhor e senhora, pediam a bênção e até beijavam-lhes a mão.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o professor ou professora quando entrava na sala de aula os alunos se levantavam e ficavam ao lado das carteiras para recepcioná-lo(a).
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que nos colégios mistos as moças sentavam-se nas carteiras da frente e o recreio feminino era separado do recreio masculino; os adolescentes ficavam se olhando à distância.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o tio ou um irmão mais velho levava sempre o jovem ao que se chamava rendez-vous, para uma iniciação erótica.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que a iniciação erótica dos rapazes era com a empregada doméstica ou da fazenda. E as moças, contando raríssimas exceções, tinham que esperar mesmo pelo casamento.
Houve um tempo em que havia tempo.
Houve um tempo.
Fim de tarde,
sexta-feira,
o mundo continua dando voltas.
Ninguém contenta ninguém,
muitos estão sozinhos
na grande multidão.
Os apelos são grandes,
as mãos que cumprimentam
nem sempre estão quentes.
Frias,
elas desafiam nervos e pensamentos.
Mas estou vivendo a emoção
de um fim de tarde,
absolutamente só,
porque assim é preciso.
Depura-se a alma,
estudam-se os sentimentos.
Lembramos pessoas,
amores,
feridas ainda abertas.
Minhas mãos estão quentes,
meus olhos veem
e meus ouvidos escutam.
O som da vida é grandioso.
O coração está aberto
numa ilha de saudades e lembranças.
Fim de tarde,
sexta-feira,
quedo-me às emoções.
(Do Instituto Cearense de Cultura Portuguesa)
Sua mãe, a senhora Dourada estava encantada, parecia até hipnotizada, ficando boba diante da habilidade artística do filhote.
- Quero ser poeta, mãe! Dizer uma porção de coisas bonitas em versos. O que a senhora acha?
- Bravo! Será ótimo ter entre nós, um poeta, um escritor. O que fez você pensar assim? Muitas vezes, dizia que não gostava de ler, tampouco de escrever...
Douradinho, que trazia nas mãos um livro, explicou-lhe:
- Mãe, eu mudei, sabe! A leitura de bons livros ajuda-nos a adquirir conhecimentos e nos dá vontade até de escrever.
Os olhos da senhora Dourada brilhavam e ela, esboçando um largo sorriso de contentamento, perguntou ao peixinho:
- Que livro é este? Alguma história interessante?
- Sim, mamãe! É sobre uma poetisa que virou princesa. Curiosidades do mundo do homem. Quer ouvi-la?
- Claro, Douradinho, leia, por favor!
O peixinho, rapidamente, iniciou a leitura:
Havia num lugar muito distante, um Reino cujos habitantes eram todos poetas. Um dia, o governante, Rei Alberto, que não tinha filhos, reuniu todos os súditos e manifestou seu desejo de ter no reino uma princesa. Pediu-lhes uma lista com o nome de todas as poetisas. Faria uma votação, mas o título somente seria concedido a quem de fato merecesse.
A notícia se espalhou rapidamente. A curiosidade tomou conta das poetisas, que perguntavam entre si: Quem será a escolhida?
Imediatamente, todas começaram a preparar caprichados discursos. Ninguém queria fazer feio na hora de expressar os agradecimentos a Sua Majestade, afinal, aquele título de nobreza era uma raridade naquele reino. Mas quem iria votar? Os súditos ou o rei? – pensavam as poetisas.
O esperado dia da eleição chegara.
O palácio estava todo iluminado. Havia arranjos florais em todos os salões. A guarda real e os criados estavam impecavelmente vestidos. As jovens poetisas primavam pela elegância. Todas estavam lindas.
Apesar do brilho que revestia o palácio, o rei preferiu realizar a solenidade no jardim, porque para ele, poesia e flores simbolizavam alegria e ternura.
Os portões do palácio se abriram para receber toda a gente do reino.
O momento era de expectativa. O rei Alberto deu boas-vindas ao seu povo, destacou as poetisas concorrentes e, já tendo feito a sua escolha, resolveu apontar um nome: o de Giselda Medeiros.
A emoção tomou conta de todos os convidados, Aplausos e mais aplausos foram ouvidos. O povo aprovara a escolha do rei. A eleição não era necessária.
O dia da coroação foi logo marcado, com a realização de um grande baile. Há muito tempo o palácio não promovia uma festa com tanto luxo.
E assim, Giselda Medeiros, numa noite de estrelas, vestida de azul salpicado de brilhantes, foi consagrada Princesa dos Poetas, recebendo a coroa real das mãos do rei Alberto.
- Viu só, mãe, que história linda! – exclamou Douradinho.
- Lindíssima, filhote! Por que você não sugere um concurso de poesias na escola? Quem sabe não teríamos aqui, nos Verdes Mares, um príncipe poeta?
- Que ideia genial, mãe! Falarei com a professora Sereialinda, quem sabe, os nossos poetas anônimos não se revelam?
Douradinho beijou sua mãe e seguiu rumo à biblioteca da escola para requisitar um novo livro.
É NOITE - HILMA CORREIA MONTENEGRO
(Saudosa poetisa ajebiana)
em meus ouvidos,
suave como o ciciar da brisa
a embalar a folhagem das árvores,
ou acariciando as pétalas das rosas
que espalham seu aroma pelo ar.
Tua carta chegou.
O ruído das páginas semelha
suave perfume de violetas,
daquelas violetas que me deste,
daquelas violetas que disseste
serem iguais, tão simples e tão puras,
em sua simplicidade e pureza,
ao sorriso do meu amor por ti.
É noite, e eu te vejo
em tua voz, em tua carta,
em tua presença que estão
somente em minhas lembranças,
guardadas n'alma,
porque
tua carta, na verdade,
não veio, nem virá jamais.
Em torno de mim
não há violetas nem perfume
nem tua voz trazida pela brisa.
Só escuto o silêncio
da tumba, que te guarda,
e dobram sinos
em minhas recordações.
o silêncio escuta a alma
pois já se esgotaram
todas as mensagens.
Este é o diálogo
das nossas flores
que dizem tudo
sem nada falar.
Coração,
batendo forte,
não precisa
sair de cena
mudar caminho.
Coração
um apaixonado nunca está
sozinho,
A ausência amada
é a sua companhia.
Há um cinema
na vida.
Sem fita,
sem roteiro,
mas real.
É aquele
saído do coração,
feito com amor.
Nesse cinema
não existem mentiras,
nem sonhos.
Somente a sincera
arte do amor.
Publicada na Coletânea PASSEATA LITERÁRIA, Edições SOBRAMES, 2001
Ninguém entende a alma de um poeta!
É um enigma sondá-la e entendê-la.
O mundo vil, em desencanto, a veta,
Só porque o bardo diz ouvir estrela...
Ninguém entende a alma de um poeta!
Ninguém entende o seu poetar divino.
Ninguém entende a sua luz e meta
A transcender no verso cristalino...
O vate canta o que o céu clareia:
O mar, o sol, a lua, a branca areia,
E o perfume oloroso de uma flor...
Ah, o poeta canta e mui delira
Ao tocar, com amor, as cordas da lira,
Do seu pequeno e desmedido amor!
J. Udine - 09-05-2011.
ESTRELA D’ALVA
Giselda Medeiros
Pressinto teus passos na languescência da noite...
Mas tua voz já não pode levantar-se
para encher de canções o meu ouvido...
Tuas mãos tateiam por espaços
que não consigo vislumbrar.
Essas benditas mãos,
que me alcançaram os primeiros passos,
que sentiram o calor da terra
e a branca maciez das rosas em seu entreabrir-se...
A noite caminha, e, de repente,
o albor da madrugada vai enchendo o céu...
E, enquanto a estrela d’alva espia o estertor da noite,
vais costurar na luz o teu sorriso – jardim
de rosas-frança e bogaris –
só para eu te ver sorrindo para mim!
03.02.2013
O fogo ardente da Morte...
Deus meu, minha “Santa Maria”,
Por que isso, essa má sorte?!
De repente, a boate em chamas...
Cessam a música e alegria...
Vozes de amor, sem proclamas,
Também cessam, em agonia...
Logo se instala o horror...
Há fogo, agonia e dor,
Na noite de negra poesia...
E a Morte, ingrata, gozando,
Em fogo e brasa, ceifando...
Ó meu Deus, Santa Maria!
Vocabulário feminino
Leila Ferreira
Se eu tivesse que escolher uma palavra
- apenas uma -
para ser item obrigatório no vocabulário
da mulher de hoje,
essa palavra seria um verbo de quatro sílabas:
descomplicar.
Depois de infinitas (e imensas) conquistas,
acho que está passando da hora
de aprendermos a viver com mais leveza:
exigir menos dos outros e de nós próprias,
cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa,
olhar menos para o espelho.
Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão
falada qualidade de vida que queremos - e merecemos - ter.
Mas há outras palavras que não podem faltar
no kit existencial da mulher moderna.
Amizade, por exemplo.
Acostumadas a concentrar nossos
sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas,
acabamos deixando as amigas em segundo plano.
E nada, mas nada mesmo,
faz tão bem para uma mulher
quanto a convivência com as amigas.
Ir ao cinema com elas
(que gostam dos mesmos filmes que a gente),
sair sem ter hora para voltar,
compartilhar uma caipivodca de morango
e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes
- isso, sim, faz bem para a pele.
Para a alma, então, nem se fala.
Ao menos uma vez por mês,
deixe o marido ou o namorado em casa,
prometa-se que não vai ligar para ele
nem uma vez
(desligue o celular, se for preciso)
e desfrute os prazeres que só uma
boa amizade consegue proporcionar.
E, já que falamos em desligar o celular,
incorpore ao seu vocabulário
duas palavras que têm estado ausentes
do cotidiano feminino:
pausa e silêncio.
Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos,
três vezes por semana, duas vezes por mês,
ou uma vez por dia
- não importa -
e a ficar em silêncio.
Essas pausas silenciosas nos permitem refletir,
contar até 100 antes de uma decisão importante,
entender melhor os próprios sentimentos,
reencontrar a serenidade
e o equilíbrio quando é preciso.
Também abra espaço, no vocabulário
e no cotidiano, para o verbo rir.
Não há creme anti-idade nem botox que salve
a expressão de uma mulher mal-humorada.
Azedume e amargura são palavras
que devem ser banidas do nosso dia a dia.
Se for preciso, pegue uma comédia na locadora,
preste atenção na conversa de duas crianças,
marque um encontro com aquela amiga engraçada
- faça qualquer coisa, mas ria.
O riso nos salva de nós mesmas,
cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.
Quanto à palavra dieta, cuidado:
mulheres que falam em regime o tempo todo
costumam ser péssimas companhias.
Deixe para discutir carboidratos
e afins no banheiro feminino
ou no consultório do endocrinologista.
Nas mesas de restaurantes, nem pensar.
Se for para ficar contando calorias,
descrevendo a própria culpa
e olhando para a sobremesa
do companheiro de mesa
com reprovação e inveja,
melhor ficar em casa
e desfrutar sua salada de alface
e seu chá verde sozinha.
Uma sugestão?
Tente trocar a obsessão pela dieta
por outra palavra que, essa sim, deveria guiar
nossos atos 24 horas por dia:
gentileza.
Ter classe não é usar roupas de grife:
é ser delicada.
Saber se comportar
é infinitamente mais importante
do que saber se vestir.
Resgate aquele velho exercício que anda esquecido:
aprenda a se colocar no lugar do outro,
e trate-o como você gostaria de ser tratada,
seja no trânsito, na fila do banco,
na empresa onde trabalha, em casa,
no supermercado, na academia.
E, para encerrar,
não deixe de conjugar dois verbos
que deveriam ser indissociáveis da vida:
sonhar e recomeçar..
Sonhe com aquela viagem ao exterior,
aquele fim de semana na praia,
o curso que você ainda vai fazer,
a promoção que vai conquistar um dia,
aquele homem que um dia (quem sabe?)
ainda vai ser seu,
sonhe que está beijando o Richard Gere...
sonhar é quase fazer acontecer.
Sonhe até que aconteça..
E recomece, sempre que for preciso:
seja na carreira, na vida amorosa,
nos relacionamentos familiares.
A vida nos dá um espaço de manobra:
use-o para reinventar a si mesma.
E, por último
(agora, sim, encerrando),
risque do seu Aurélio a palavra perfeição.
O dicionário das mulheres interessantes
inclui fragilidades, inseguranças, limites.
Pare de brigar com você mesma
para ser a mãe perfeita,
a dona de casa impecável,
a profissional que sabe tudo,
a esposa nota mil.
Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste
que é tentar ter coxas sem celulite,
rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam,
bumbum que encara qualquer biquíni.
Mulheres reais são mulheres imperfeitas.
E mulheres que se aceitam como imperfeitas
são mulheres livres.
Viver não é (e nunca foi)
fácil, mas, quando se elimina
o excesso de peso da bagagem
(e a busca da perfeição pesa toneladas),
a tão sonhada felicidade
fica muito mais possível.
Guardo comigo ainda o beijo cálido,
Ardente, puro, tímido e à distância,
Enquanto espero seja sempre válido
O lindo sonho da longínqua infância.
O tempo nosso é de um futuro pálido,
Mas nem por isso vou torná-la em ânsia
E muito menos em momento inseválido
Neste esperar repleto de elegância.
Assim tem sido a nossa luta inglória
Como se o tempo em uma ação profética
Ceifasse de nós dois tão bela história,
Guardada sempre de maneira hermética;
E agonizasse próximo à vitória
Por termos sido nós reféns da ética.
Com Prefácio de José Augusto Bezerra e Introdução de Juarez Leitão, ambos da Academia Cearense de Letras e possuidores de profundos conhecimentos de História, o livro África – O berço da humanidade, de Cybele Pontes, prende-nos, logo que nos chega às mãos, pela beleza original de sua capa, como a antecipar-nos a singularidade de seu conteúdo.
Embora fugindo ao usual, não podemos deixar de tecer elogiosos comentários à Dedicatória na qual a escritora resume em tão pequeno texto, com refinada beleza, a plenitude de uma vida partilhada com amor.
Quando iniciamos a leitura propriamente dita destas narrativas de viagens, constatamos além da fluência, a forma minuciosa e pertinente com que Cybele Pontes nos fala de cada um dos países visitados e de suas principais cidades, proporcionando-nos o conhecimento de suas características, vistas sob diferentes ângulos que abrangem a situação geográfica, o clima, o nível cultural, a política, enfim, tudo o que faz diferença e, ao mesmo tempo, dá unidade a esse povo africano.
A grande dificuldade é dizermos em poucas linhas tudo o que nos causa admiração nesse livro, porque cada uma de suas páginas nos motiva a tecer comentários.
Osmundo Pontes, na crônica - Clareza, sinônimo de beleza – do seu livro Alma do Cotidiano, diz : “... a primeira condição do escritor ou orador, isto é, de quem deseja comunicar idéias, é ser de uma inexcedível clareza, como se as palavras tivessem a transparência do cristal e através delas se visse o pensamento perfeitamente recortado e nítido.” Assim, possuidora dessa condição, Cybele Pontes leva-nos, em magistral narrativa, a acompanhá-la nessa viagem por quatro países da África. Com ela descemos à profundidade de uma mina; com ela visitamos “a maior reserva animal do mundo”; com ela cavalgamos camelos e avestruzes... Por sua escritura fértil e de fácil compreensão visitamos hotéis de luxo ou convivemos com nativos pobres, carentes, podendo, desta forma, aquilatar as desigualdades sociais ali existentes.
A descrição das medinas, sobretudo a da cidade de Fez, dá-nos a nítida impressão de ouvir o barulho de vozes, misturadas aos ruídos das oficinas; de sentirmos a exiguidade dos espaços; de nos transportarmos ao meio dessas “ruas fervilhando de gente”.
Como se não bastasse a fidelidade de sua exposição, a autora nos mostra fotografias muito interessantes que enriquecem as narrativas.
Léopold Sédar Senghor, escritor e poeta nascido no Senegal (África negra), que presidiu o seu país nos anos de
O tempo passou trazendo mudanças e hoje em – África – O berço da humanidade - Cybele Pontes conseguiu mostrar aos seus leitores uma África diferente, em desenvolvimento, cuja imagem cresce a cada dia no cenário mundial.
Por tão proveitosas lições, parabéns à autora e aos seus leitores.
Giselda
No transcurso da sua data genetlíaca, você merece receber mensagem legal, diferente das habituais, vazada de forma espontânea, com palavras significativas, tradutoras do merecimento que Deus lhe concedeu.
A originalidade comanda o nosso impulso de homenageá-la. Por isso, dispensamos a compra de presentes, porque as lojas não se renovam e os cartões de aniversário não mudam!
Tudo é sempre igual ... tão repetitivo! Decidimos, então, presenteá-la com o que não existe em lojas e não cabe num cartão: a nossa solidariedade, a nossa amizade, o nosso coração e a nossa admiração por você.
Receba, pois, por esta via singular, nossas felicitações, de par com a nossa alegria e prazer em comemorar mais um aniversário seu.
Que Deus a conserve com muita saúde, protegendo-a, sempre, para o gáudio dos seus amigos e de sua família.
Maurício e Rose Benevides
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