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sexta-feira, 30 de maio de 2014

EBE BRAGA FROTA HOMENAGEADA IN MEMORIAM PELA AJEB-CE


Em sessão da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-CE), do dia 20 de maio deste ano, a professora e mestra Ebe Braga Frota foi homenageada (in memoriam), por sua atuação nesta entidade, da qual era Sócia Honorária e patrocinadora do nosso Concurso Literário Professora Edith Braga.
A Presidente de Honra da AJEB-CE, Giselda Medeiros, sua ex-aluna, proferiu a saudação, relembrando pedaços de vida da ilustre homenageada, em sua labuta na área da Educação.
A Família esteve presente, na pessoa de seu filho Dr. Osmar Braga Frota, de sua filha do coração, Conceição Seabra, da amiga Maria Euda Sousa e de Kátia Miranda.
Ao encerrar sua fala, o Dr. Osmar usou a tribuna para agradecer a homenagem, momento em que retratou a mãe, seu caráter, sua responsabilidade e sua ética irrepreensível.
Ao final, foi entregue ao Dr. Osmar uma placa de bronze outorgando à homenageada o título de SÓCIA EMÉRITA da AJEB.

CONFIRA AS FOTOS


A Mesa Diretora dos trabalhos


A saudação por Giselda Medeiros

 

O agradecimento do filho, Dr. Osmar Braga Frota


A outorga da Placa


Dr. Osmar, Giselda Medeiros e Conceição Seabra


Ajebianas e ajebianos



À MINHA QUERIDA MESTRA EBE BRAGA
Giselda Medeiros
                           
Contemplando-te, mestra,
eu vejo o azul do sonho que imprimiste em mim.
Eu vejo a impetuosidade de rios
avassalando-te o conhecimento.
Eu vejo, mestra, a face da ciência
no teu olhar que não parece ver,
mas vê a interioridade dos mistérios.
Eu sinto vir de tuas mãos o afago
que desliza sobre as páginas de um livro,
o livro que trazes na alma, aberto em leque.
Eu vejo teu saber, pairando, aceso,
em luminosas cores,  
por sobre as nossas inutilidades.
Por isso, és Ebe! És perene juventude
a decifrar logismos,
a derramar-se plena e plana
no azul do sonho que imprimiste em mim,
em mim, que aprendi de ti
a pastorear saberes nas vigílias do pensamento.
Ensinaste-me, ó mestra,
ter a canção longos murmúrios
que se acendem lânguidos
para aflorarem belos e divinos.
É tua, agora, mestra, esta canção,
e nela dançam robustas rimas
de sonora gratidão.                                                                                

EBE BRAGA - UMA HISTÓRIA DE VIDA DEDICADA À EDUCAÇÃO

Estamos no dia 10 de julho de 1925. Na pacata Fortaleza, de então, a casa número 38 da Rua Solon Pinheiro ilumina-se. O casal, Anastácio Braga Barroso e Edith da Costa Braga, contemplam eufóricos a concretização do amor: a menina Ebe, que, recebendo no nome a força e a imortalidade do vinho dos deuses, será agraciada, por isso, com o dom de continuar servindo aos humanos o vinho da sabedoria durante toda a sua vida.

O elo entre Ebe e a Educação começa, desde cedo a se fortalecer, e vai imprimindo nela um compromisso de ordem doutrinária, acentuando a formação de algo luminoso e profundo: uma responsabilidade sem limite. 

Sua índole marcada já pelo selo da docência concretiza-se, em 1952, quando ela conclui o Curso Normal, sendo escolhida a oradora da turma.

Não é de se estranhar que, já possuída pela ortodoxia dos princípios filosóficos que procuram nortear a ética do ser humano, viesse ela a enveredar pelo influxo desses princípios. Assim é que, em 1953, submete-se ao vestibular para o Curso de Filosofia, na Faculdade Católica de Filosofia, tendo atingido a maior nota geral. Em virtude dessa conquista, é convidada a lecionar Psicologia, História e Filosofia da Educação no Colégio São José. É também nomeada professora de Economia Doméstica no Ginásio Municipal de Fortaleza. E, em 1955, vai lecionar Psicologia e Sociologia no Colégio Santa Lúcia.

A difusão da capacidade intelectual de Ebe Braga, personificando o abstrato do “homo sapiens”, era um requisito indispensável para que se tivesse a jovem e inteligente professora integrada ao quadro docente dos bons colégios. Desse modo, em 1956, ano em que recebeu o grau de Licenciatura Plena em Filosofia, é nomeada professora interina de Economia Doméstica, na Escola Normal Pedro II, passando ao cargo de Professor Catedrático da mesma disciplina, através de Concurso Público, assim como sua nomeação para Técnica de Educação.   

Em 1964, é criado o Curso Clássico, no Colégio Estadual Justiniano de Serpa, cabendo à Ebe Braga a docência da Sociologia, e, em 1968, da Filosofia, disciplinas, àquela época, exigidas pelo vestibular na área de Humanidades.

Em 1966, é nomeada professora de História e Filosofia da Educação, bem como de Sociologia, no Colégio Municipal Filgueiras Lima.

Ebe Braga agiu sempre de modo determinado, dentro dos preceitos éticos de sua personalidade. Procurou conduzir os seus discípulos com pertinácia, mostrando-lhes as oportunidades para crescerem e enfrentarem, sem medo, as forças, muitas vezes adversas, da existência. Era como sempre nos estivesse a ensinar: Caminhar em si mesmo é uma maneira de entender o próximo, ampliar-lhe o rumo, abrir-lhe o universo. Positivamente, nossa ilustre educadora doava-se como caminho, transmudava-se em universo. Não tinha fronteiras, jamais, exigiu recompensas ou glórias. Elas vieram, sim, mas em decorrência de suas atividades, de seu desprendimento, de sua competência. Tanto é que, em 1982, Ebe Braga recebe a maior comenda na área da Educação: a Medalha Justiniano de Serpa
O peso dos anos, que imprime em nós um ritmo descendente, não o consegue em relação à ilustre educadora. Pelo contrário, enquanto muitos se acomodam às condições de inatividade, ela não cede. Começa a frequentar cursos, na ânsia de mais conhecimentos.
Matricula-se, em 1976, no Curso de Licenciatura Curta em Teologia, no ICRE, concluindo-o em 1979 e, no ano seguinte, conclui também o Curso de Especialização em Tecnologia Educacional para o Ensino Superior.

Um meteoro não pode deter sua vertiginosa trajetória. Desse modo, Ebe Braga conclui, em 1985, com o grau de Licenciatura Plena, o Curso de Ciências Religiosas. Pelo brilhantismo com que sempre se distingue em tudo o que faz, é convidada a lecionar, ali, a disciplina Introdução à Teologia.
            Em 6 de junho de 1997, o auditório do Seminário da Prainha, lotado, em noite memorável, aplaude de pé a bacharelanda na defesa de sua monografia intitulada O Ecumenismo: Processo Evolutivo, requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Religiosas. Realmente, um trabalho de fôlego, que exigiu cansativas pesquisas, em mais de setecentas páginas. E em 2002, no salão nobre do Ideal Clube, em noite repleta de amigos e emoções, Ebe Braga lança seu livro “Ecumenismo: Processo Evolutivo”, uma verdadeira fonte de pesquisa.

Eis, pois, em pinceladas reais, os fatos mais marcantes da história dessa grande mulher que, em 27 de fevereiro de 2014, após travar duras batalhas pela vida, imerge em outra galáxia, de onde, agora, nos adverte, em consonância com esses versos de Santo Agostinho:

“A vida continua significando o que significou: 

continua sendo o que era. 
O cordão de união não se quebrou. 
Por que eu estaria fora de teus pensamentos, 
apenas porque estou fora de tua vista? 
Não estou longe, 
Somente estou do outro lado do caminho. 
Já verás, tudo está bem. 
Redescobrirás o meu coração, 
e nele redescobrirás a ternura mais pura. 
Seca tuas lágrimas e se me amas, 
não chores mais.” 


O preito de saudade, pois, da AJEB, a essa mulher sábia, prudente, Ebe Braga, verdadeira obra-prima da vida.
Obrigada
Giselda Medeiros

20/5/2014

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