ATUAL DIRETORIA AJEB-CE - 2018/2020

PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque

PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira

1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa

2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade

1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros

2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros

1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas

2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes

DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles

DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque

CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira

CONSELHO

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DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020

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DIRETORIA ELEITA POR UNANIMIDADE

sábado, 26 de outubro de 2013

REUNIÃO DA AJEB DE 17 DE SETEMBRO DE 2013

 Na última sessão da AJEB-CE, realizada em 17de setembro de 2013, o Poeta e Trovador J. Udine proferiu palestra sobre a trova, levando aos presentes toda a importância e sedução desse tipo de poesia que vem desde a Idade Média encantando e congregando adeptos por todo o mundo. Parabéns ao palestrante e parabéns à AJEB-CE, na pessoa de sua Presidente Nirvanda Medeiros.



BREVE HISTÓRICO SOBRE A TROVA: DEFINIÇÕES. ORIGEM. CONSIDERAÇÕES GERAIS.

                        Inicialmente, quero agradecer o honroso convite formulado pela nossa ilustre Presidente da AJEB, Nirvanda Medeiros, para dar esta palestra sobre a TROVA, composição poética clássica de forma fixa. Mesmo não me achando capacitado para tal proeza, aceitei  o encargo, e aqui estou para, dentro de minhas limitações intelectuais, dizer algo sobre esse importante  poema conhecido popularmente  como Trova.

 1.  DEFINIÇÕES SOBRE A TROVA.                        

                          Vamos começar definindo, conceituando o que seja a Trova. “A Trova é poema de quatro versos setessilábicos (ou heptassílabos) com rima e sentido completo”. A trova, hodiernamente, é reverenciada como uma Obra de Arte, como Literatura, portanto.
                          Como composição poética, modernamente, (do gênero poesia), ela deve obedecer às seguintes características:

a)  Ser uma quadra. Possuir quatro versos (ou quatro linhas, tanto faz);

 b) Cada verso  deve ter sete sílabas poéticas, (setessilábicos), e as sílabas são contadas pelo som.

 c) Deve ter sentido completo e independente. O trovador, ao compô-la,  deve pôr, nela,  sua integral ideia, com lucidez, propriedade e grande poder de síntese.

 d)  Ter rima. Os versos da trova podem obedecer aos seguintes esquemas rimáticos: a) ABAB (quando a rima se dá entre o 1º  e o 3º verso; e, o 2º, com o 4º verso. Obs:  Este esquema é o mais cultuado e  elaborado. É, inclusive, o único adotado pela UBT. Há, ainda, trovas nos esquemas  ABCB, ABBA e AABB.

                           É bom observar que uma estrofe, que venha a conter quatro  versos  chama-se quadra (ou quarteto) .  A trova, portanto, é uma quadra. Assim, toda trova é uma quadra, mas nem toda quadra é uma trova. Isso se justifica porque uma quadra para ser trova deve atender  a todos os requisitos formais que assim a caracterizam.  Existem quadras que não se fundamentam como trovas, pois elaboradas sem métrica, com versos brancos e sem rima e sem sentido completo, não passando, portanto,  de simples quadras. Diz-se, também, que “todo trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador, pois nem todo poeta sabe metrificar, fazer o verso medido”.

  2 -   CATEGORIAS DE TROVA.

                                       As trovas podem ser: LÍRICAS (falam de amor, de saudade); FILOSÓFICAS (encerram um ensinamento), e HUMORÍSTICAS  DESCRITIVAS (descrevem algo). Exemplos:

 LÍRICA (de José Valdez de C. Moura)

Pelos mares da saudade
O meu ser, vagando ao léu,
Só deseja a liberdade,
Das andorinhas do céu.

 FILOSÓFICA (de Altair Fernandes Carvalho)

Cultivar ressentimento!
Atividade infeliz...
É querer que o sofrimento
dure mais que cicatriz!

 HUMORÍSTICA ( João Paulo Ouverney)

 Na vida, irônico jogo
que um bravo bombeiro arrasa
é   não não apagar o “fogo”
da mulher que tem em casa.

DESCRITIVA (José Ouverney)

Tendo o céu como moldura
e a noite como cortina,
a Mantiqueira é pintura
que Deus, com orgulho, assina!

3 . ORIGEM DA TROVA.

                                    O termo trova, acredita-se que provém do francês – trouver – ou do espanhol – troubare – pois, ambas as palavras têm o mesmo  significado: achar.  Daí dizer-se, em euforia, que toda boa trova é, sim, um achado e tanto!

                                     A trova está ligada à poesia da Idade Média.  Era, nesse período,  sinônimo de poema e letra de música.   “A cultura trovadoresca refletia  bem o  quadro panorâmico  histórico da época: as Cruzadas, a luta contra os mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero”.   Na arquitetura, predominava o estilo gótico. No tocante à Literatura, essa arte se desenvolveu  no sul da França e em Portugal, com o movimento poético chamado Trovadorismo.   Os poemas produzidos  eram cantados por poetas, os jograis e menestréis, poemas esses que foram, desde logo, sistematicamente publicados. 

                                 A bem da verdade, há de ressaltar que a trova dos nossos dias  possui a  sua conceituação própria, e, dessa forma, diferencia-se  da quadra e da poesia de cordel, da trova gauchesca, do Repente, bem como do poema musicado da Idade Média. 

                              A Trova medieval, se comparada diretamente à trova que hoje  largamente se  pratica, é  por demais, como afirmam os historiadores,  imprecisa, mas essas composições antigas são reconhecidas, hoje,  como formas das primeiras manifestações trovadorescas. Podemos dizer que as trovas medievais eram composições rudes, e que  nos alegra saber, também,  que  a nossa língua portuguesa nasceu cantarolando trovas, através dos valiosos jograis e menestréis, que iam de cidade em cidade, divulgando-as. A trova é,  portanto, um poema milenar. Nas Cortes portuguesas eram bastante apreciadas por sua popularidade e brilho. Era a poesia dos reis, a exemplo do notável Dom Dinis, conhecido como o Rei Trovador.

 4.  SUA DIFUSÃO NO BRASIL.

                                As trovas aportaram aqui, no Brasil, através das caravelas de Cabral. Neste nosso solo pátrio, encontraram um terreno propício e altamente fértil para germinar, crescer e se agigantar, no seio do povo, em esplendente beleza e popularidade.

                                No nosso País, o primeiro movimento literário em torno da trova se consolidou no Nordeste Brasileiro, precisamente em Recife-PE. O poeta destaque  desse movimento foi Jader de Andrade, e também os poetas do livro “Descantes”, publicado em 1907. A palavra “Descantes” significa cantiga popular. O livro “Descantes” reunia trabalhos de jovens estudantes da Faculdade de Direito de Recife, e eram todos líricos boêmios de serenatas.           
                              Para o nosso gáudio e orgulho, a TROVA é, hoje, o único gênero exclusivo da língua portuguesa. Este notável e popular poema, a partir de 1950, ganhou realce  através de um movimento cultural chamado TROVISMO, palavra essa criada pelo poeta e político J.G. de Araújo Jorge (já falecido) . Coube ao escritor Eno Teodoro Wanke  publicar, em 1978 , o livro “O Trovismo”, que conta a história desse movimento a partir de 1950 em diante. No ano de 1980, surge um novo movimento em torno da renovação da trova, chamado de NEOTROVISMO, criado por Clério José Borges do Clube dos Trovadores Capixabas-CTC.   Esse movimento chegou a realizar 20 seminários nacionais da trova no Estado do  Espírito Santo,  e o seu presidente, Clério,  realizou   palestras  praticamente em todas as cidades   brasileiras, sempre no intuito de promover e difundir a trova, que já gozava de grande popularidade.

  5.  CRIAÇÃO DA UBT – UNIÃO BRASILEIRA DOS TROVADORES.

                                     Em 1959, o dentista carioca Gilson de Castro, que adotou o pseudônimo de Luiz Otávio, juntamente com J.G. de Araújo Jorge, e com o favorecimento do jornal carioca “O GLOBO”, promoveram os primeiros jogos florais de Nova Friburgo, que se constituírm num marco inicial para o fortalecimento literário deste movimento, que ganhou amplitude e esmerada organização como nunca se vira na história da literatura deste país.

                                 Os jogos florais gozavam de muita popularidade na Idade Média. Era um torneio cultural que se realizava anualmente. Esses jogos se baseavam em tradições  oriundas da Roma Antiga, e, na França, em Tolouse, era onde aconteciam tais jogos.

                                 O nome “Jogos Florais” fora dado a esse torneio, por ser realizado em plena  primavera, envolvendo diversas modalidades literárias, e, sobretudo,  por oferecer, aos vencedores do certame, prêmios (troféus) em forma de flores.

                                   Após os Jogos Florais realizados em 1959, inúmeras outras cidades passaram, também, a promover essa brilhante e popular competição, que visa, acima de tudo, congregar  e confraternizar  os trovadores, nesse evento alegre e  festivo de ares trovadorescos.

                                   Quanto a Luiz Otávio, podemos dizer que ele foi o grande entusiasta da trova, em nosso meio,  um Mecenas até. Em 1960, após participar de um Congresso do GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores, Luiz Otávio cuidou de implantar uma série de seções dessa entidade no Sul do Brasil.

                                    O seu trabalho incansável, em prol da trova, foi reconhecido pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo que, através de decreto-lei, oficializou e institucionalizou  o dia 18 de julho, dia do nascimento do referido poeta, como o DIA DO TROVADOR.  Luiz Otávio nascera no Rio de Janeiro, no dia 18 de julho de 1916, e falecera em 31 de janeiro de 1977, na cidade Santos. Ele foi o fundador e primeiro presidente da UBT – União Brasileira de Trovadores, hoje espalhada por todo o território nacional, com aproximadamente duzentas representações – seções e delegacias – além de dezesseis representações no exterior.

                                   Em 1960, em congresso de trovadores realizado em São Paulo, foi eleita a família real da trova, sendo que, Luiz Otávio, recebeu o honroso  título de o “Príncipe dos Trovadores”. Luiz Otávio publicou diversos livros de trova  e poesia e compôs os hinos, como o “Hino dos Trovadores” e o Hino dos Jogos Florais”, utilizados até o presente.

                                   A UBT fora criada no dia 21 agosto de 1967.

 6. FUNDAÇÃO DA UBT – NO CEARÁ.                                   

                                 UBT – Secção de Fortaleza-CE foi  fundada em 11 de novembro de 1969, e, dentro de pouco menos de dois meses, completará 45 anos de laboriosa e triunfante existência. O primeiro presidente foi Santiago Vasques Filho e mais vinte e dois poetas, que, em reunião histórica,  na Casa Juvenal Galeno, criaram, oficialmente, a UNIÃO BRASLEIRA DE TROVADORES – Secção de Fortaleza-CE.

                                   Um nome que merece destaque é o de Fernando Câncio Araújo, o qual se fez um grande  e  atuante presidente da entidade por longos vinte anos, dedicando-se com paixão e denodo à trova, usando toda a sua sabedoria e carisma para cada vez mais elevá-la e promovê-la, em nosso meio.

                                   Outro não menos destacável Presidente é o Cel. Gutemberg Liberato de Andrade, que ocupou a entidade por quatro mandatos, com extraordinária capacidade de trabalho, dado o seu dinamismo, eficiência e criatividade no comando da UBT.  Gutemberg  é, hoje,  Presidente de honra da UBT/CE. Fundou delegacias e secções e é o atual  presidente do Conselho Estadual da UBT,  tendo direito a voto na UBT Nacional. Durante as suas gestões, chegou a escrever o livro DOCUMENTOS, que se constitui numa fonte fidedigna de pesquisa e, como o título indica, de cunho documental. Foi, também, o criador do Estandarte da UBT. Graças à sua brilhante e profícua atuação, a UBT, hoje, goza, grande conceito, e figura, no Nordeste, como a única que está devidamente  regular, por cumprir todas as exigências determinadas  pela UBT Nacional. Deixo, a este nosso amigo, Gutemberg, aqui presente,  em nome dos trovadores, o nosso  grande reconhecimento e  gratidão pelo seu  trabalho belíssimo que prestou e ainda presta à querida UBT.

                           O ilustre Jornalista e  trovador – VICENTE ALENCAR – é o nosso atual Presidente. Com bastante empenho e dedicação, ele  vem conduzindo, satisfatoriamente,  os destinos de nossa querida entidade, que tem como Patrono o divino poeta e trovador – SÃO FRANCISCO DE ASSIS.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

                              Ao encerrar esta palestra, não poderia deixar de citar  a célebre  frase do grande escritor Jorge Amado , sobre a Trova:  “ Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a trova e o trovador são imortais”.

                           Desejo ressaltar que, foi muito bom e prazeroso pesquisar sobre a Trova, conhecer um pouco mais do seu histórico, de sua origem, e do seu alto poder de magia que ela exerce sobre cada um de nós. Este pequenino, mas grandioso poema merece, sem dúvida, real destaque no cenário da literatura brasileira. A trova e o soneto, para mim, representam os mais belos tipos de poema. Por eles tenho a maior predileção.  Aprecio, dos célebres autores,  essas primorosas composições. Passarei a ler, agora, algumas trovas famosas, da autoria de notáveis poetas, que já partiram para o além, mas, em razão de a trova e o trovador serem imortais, eles aqui são relembrados e como que ressuscitados por força da beleza de suas divinas produções literárias. Da mesma forma, lerei trovas de alguns grandes trovadores atuais, dos meus diletos amigos, companheiros da nossa gloriosa UBT Fortaleza, para prestigiá-los, já que essa palestra gira em torno da trova e do trovador.


                                 Encerro esta minha palestra invocando as bênçãos do nosso Patrono SÃO FRANCISCO DE ASSIS sobre todos nós e, em especial, para todos os trovadores do Brasil e do mundo inteiro.

                                   Muito Obrigado

                                    João Udine Vasconcelos.  

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