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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES DE LUCINEIDE SOUTO SOBRE "VIVENCIANDO PASSOS", LIVRO DE NIRVANDA MEDEIROS



  CONSIDERAÇÕES SOBRE “VIVENCIANDO PASSOS”

                 Um Caminho Construído com Amor

Senhora Presidente desta veneranda Casa, escritora Nirvanda Medeiros
Senhora Presidente de Honra da AJEB, Princesa dos Poetas do Ceará, Giselda Medeiros
 Senhoras e Senhores componentes da Mesa Solene
Senhoras e Senhores jornalistas e escritores Ajebianos

Após o meu Bom Dia, a todos, almejando que a Paz do Senhor Deus esteja conosco, quero-lhes dizer que, pela segunda vez, adentro o ambiente histórico da AJEB, onde seletas personalidades distinguem-me com sua melhor  atenção, embora seja eu, ainda, uma viajante por esses caminhos ajebianos acalentando o sonho de integrar, em breve, esta notável assembleia de renomados intelectuais - orgulho da nossa terra.

A primeira vez, cá estive, no mês de agosto de 2014, sob o amparo da Sra. Presidente Nirvanda Medeiros, a serviço do Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências, Letras e Artes, sediado no Rio de Janeiro, e do Instituto Comnènne Palaiologos  de Educação e Cultura, com sede em São Paulo, ambos presididos por Dom Alexander Comnènne Palaiologos Maia Cruz, para a outorga oficial do Diploma  “Ordem do Mérito Histórico – Literário Castro Alves” conferido às insignes escritoras cearenses Giselda de Medeiros Albuquerque e Rejane Costa Barros,  pelas suas relevantes contribuições à Educação e  à Cultura do Brasil, a quem tive a subida honra de representar na sessão solene do augusto Conselho Internacional, o CONINTER.

Hoje, o que me traz aqui, atendendo ao irrecusável convite oficial da Presidência da Casa, além do meu anseio retromencionado é uma agradável incumbência a que me propus, ao ler a obra de Nirvanda Medeiros, “Vivenciando Passos” Um Caminho Construído com Amor, que me foi autografado, àquela mesa, naquela primeira vez, para o meu deleite.

Apesar de não saber escrever nem dominar completamente o idioma pátrio, sou uma leitora assídua, desde os meus seis ou sete anos de idade. Minha mãe, Antonia Souto, foi bibliotecária da antiga Biblioteca Pública. Seu acervo particular de livros e revistas era invejável. Li tudo o que pude, principalmente, às escondidas, porque não eram leituras para alguém do meu “tope”. Assim diziam.

Algumas vezes, em todos esses anos, rejeitei ler várias obras, até de autores muito famosos. Ao chegar à segunda ou terceira página, desvanecia-me: “Não vale a pena”. Porém, em “Vivenciando Passos,” logo no primeiro capítulo (pag.19) vislumbrei minha Pasárgada; aquela Pasárgada de Manuel Bandeira, não a de Ciro II.

“Era um belo e saudável lugarejo; simples, mas um lugar onde se apreciava o sol nascer e o sol se pôr. QUANTA BELEZA se via naquele pequeno lugar! O luar, que lindeza! Quando se olhava para o firmamento, viam-se as estrelas, sempre brilhantes, embelezando a abóbada celeste, graça dada pelo SER SUPREMO – DEUS, o pintor desta bela natureza. A LUA. Lindo luar!” (Sic)
...
“O povo daquele lugarejo era gente pobre, muito simples, humilde, negros serviçais, em sua maioria, mas com grandes qualidades: honestos, bondosos, respeitadores e amigos.
Trabalhadores na agricultura e na pesca viviam no litoral onde há fartura no mar... O litoral é uma riqueza! É deslumbrante!”.
... “À tardinha, o arco-íris com suas sete cores resplandecendo a tarde maviosa, cheia de beleza”.
... “Você já teve essa oportunidade de observar o firmamento? Já teve oportunidade de se deitar na areia da praia e observar essas noites maviosas?” (Pag. 20)

E a sensível narradora lamenta o fato de os moradores urbanos não despertarem para olhar o céu iluminado por estrelas luzentes.

“Naquele pequeno lugar tudo era grandioso porque ali a riqueza maior de seu povo era a harmonia que havia entre os moradores, harmonia na beleza da CRIAÇÃO DIVINA. A NATUREZA. Lá se respirava, se alimentava, se vivia realmente em condições mínimas de vida; água, luz (natural), alimentação, moradia, choupanas, mas todos tinham seu pedacinho de terra caído do céu.
Os habitantes da região sobreviviam, a maioria, de caça, pesca, pecuária e agricultura. A vegetação era exuberante, embora, predominando a do litoral... Sendo zona litorânea, a pesca era a preferida, desde o camarão, a lagosta, o caranguejo, os peixes de toda espécie, mariscos à vontade”.

Caríssima escritora Nirvanda Medeiros
Diante desta paisagem - mãe generosa de tantas pessoas dignas da palavra “gente”-, minha Pasárgada gritou forte e encontrou Manuel Bandeira com os versos que eu  gostaria de haver dito bem antes dele.
“E como farei ginástica /Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo/Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!/E quando estiver cansado
Deito na beira do rio/ Mando chamar a mãe-d´água
Pra me contar as histórias/Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar/Vou-me embora pra Pasárgada”.

Vou sim, Nirvanda Medeiros! Vou encontrar o casal Dona  Felismina e Sr. Joaquim, naquela casa de taipa, coberta de palha, mas alpendrada, grande, onde, possivelmente, ela, a professora rural, sem formação acadêmica, ensinava aos meninos a ler e a escrever, destinando-lhes um olhar maternal e complacente, e um pedacinho de bolo de milho, de sua última fornada.
Depois, irei encontrar o Sr. Joaquim, lá pelas dunas, e ajudá-lo-ei a plantar em cima dos morros, enquanto apreciarei o seu vigor, a sua Inteligência, coragem, desprendimento, bondade e honestidade, pois esses atributos o fizerem granjear a afeição de todos os moradores, que o admiravam pelos seus dotes e dádivas.
Dona Felismina certamente terá algo para ensinar-me, enquanto estivermos tomando um café torrado, em casa, coado no saco longo e estreito. Ensinar-me-á algo que os mestres catedráticos não o fizeram por desconhecer a riqueza da cultura e a sabedoria do povo de lugarejos perdidos no mapa. Quem sabe, ela me fale da raiz dos caminhos, mas isto, eu já conheço. Ou me fale do grito da noite que troveja sem chuva, quando alguém vai morrer.
No Capítulo “O Casal”, a narradora, segundo Victor Hugo, vaticina: “A verdadeira felicidade consiste em ter sempre o que fazer, alguma coisa que se esperar e alguém para amar”.
Joaquim e Felismina, órfãos de mãe, desde a infância, cresceram sem traumas e se dedicaram ao ofício da retidão de caráter, da bondade demasiada e do trabalho árduo que se comprova nas seguintes palavras da autora:

“Esse casal transmitia a felicidade, revelando, através de suas vivências, harmonia, riqueza espiritual, doçura, simpatia, simplicidade, sorriso, amabilidade, paciência, humildade e muita dedicação”.

“Vivenciando Passos” é uma obra imprescindível de leitura, haja vista notarmos em suas páginas enriquecidas por profundas lições de amor ao próximo, com alguns enxertos de preciosos textos de notáveis escritores universais, a ausência dos graves conflitos da humanidade que se perde entre a violência, drogas, sexo, crimes, ganância, guerras, traições e fanatismo. 
Em “Vivenciando Passos”, não há sequer um episódio nefasto. Ali, as pessoas só sabem amar.

“Vivenciando Passos” é a Pasárgada de cada homem sedento de paz e de amor.
Joaquim e Felismina jamais deveriam morrer, porque desta semente o Mundo carece.
 Aplausos, aplausos!
Aplaudo-a de pé, escritora Nirvanda Medeiros!                                 

Você pôs a nu sua alma! Você desnudou virtudes que a maioria dos homens ignora, porque são frágeis, covardes, porque não sabem amar, são egoístas, vingativos, ambiciosos, perdulários, adúlteros, mentirosos, criminosos, enfim, criaturas sem amor a 
Deus, nem ao próximo nem a si mesmas.

Você, grande escritora Nirvanda Medeiros, é uma pessoa feliz, vez que já vive intensamente na minha tão sonhada Pasárgada que talvez eu esteja ainda muito longe de conhecer.
Que Deus esteja sempre contigo.


Muito obrigada.

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