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quinta-feira, 27 de maio de 2010

FRANCISCO CARVALHO FALA, COM PROPRIEDADE, SOBRE LIVRO DE NEIDE AZEVEDO LOPES


TEORIA DOS AFETOS
Francisco Carvalho

Tenho a impressão de que todos os poetas, com raríssimas exceções, têm semelhanças estilísticas com outros escritores do universo da poesia. Principalmente os que lêem os grandes autores da poesia erudita, dificilmente escapam às influências dessas leituras. Sabido que elas podem ocorrer por mera casualidade, independentemente do conhecimento direto dos autores. No caso específico de Neide Azevedo Lopes, além da influência machadiana referida pelo prefaciador F.S. Nascimento, é lícito supor que ela se haja nutrido, também, de cancioneiros populares e eruditos, como, por exemplo, o do português Antônio Nobre, conhecido pelo seu gênio de autor de canções imortais.
Simples leitor de poesia, quero referir-me ao livro de Neide Azevedo Lopes (Teoria dos Afetos. Expressão Gráfica, 2010, 120p.), o qual vem a público sob os melhores auspícios.
Fiz uma coleta de textos onde a expressão poética se caracteriza pela intensidade. O final do poema da p. 13 é exemplo de boa poesia: “E na encantada escuridão / Do imenso mar do tempo / Dorme tua face plena de mistérios”.
Na página 15, a poesia volta com a mesma força: “E a saudade passeia por cima das horas / Impaciente, a pena salta da gaveta / E o livro tomba em desalento”.
Na página 18, estes versos chamam a atenção do leitor: “Tens nos olhos estrelas esquecidas / Da cor solar do fruto sazonado”.
O poema da página 52 repete, no final de cada estrofe, o verso: “Para escrever meu verso”. Essa repetição é uma forma bastante usada pelos cancioneiros populares para fortalecer uma idéia no contexto do poema.
Na página 53, a autora demonstra certo misticismo neste breve terceto: “Cobre-se tudo / De silêncio e paz / cantam os anjos”.
Na página 60, Neide Azevedo nos brinda com um grande verso, digno das melhores antologias: “Pesa-me o domingo sobre os ombros”. O leitor esteja à vontade para tirar as suas conclusões.
Na página 63, ela nos transmite esta mensagem: “Tua palavra acorda à tua messe / Ao teu som, ao teu sol / à tua prece”.
No poema da página 67, não se repete o verso, mas a rima em “ar”. Essas repetições caracterizam o estilo da autora. Na referida página, a vocação para o cancioneiro volta a surgir: “Marina tem cheiro de menta / Tem boca que inventa / Canções de ninar”.
Num excelente poema da página 75, ela nos comunica uma de suas preferências literárias. Isso acontece numa quadra da melhor invenção poética: “Estou farta de léxico / Ardil redundante / Prefiro a divina / Comédia de Dante”.
Na página 78, dois versos inesquecíveis: “Sou limo, raiz e hera / Porque sou poeta”. Com toda a certeza, limo, raiz e hera são três coisas indispensáveis a um poeta que se preza.
Os leitores de Neide Azevedo precisam ler e decorar o belo poema da página 89. Não vou citar nenhum verso para obrigá-los a ler esta oitava maravilhosa.
Vou encerrar com o poema A Noite (p.100), com a primeira estrofe: “Tenho medo da noite / Usando o pesado manto / Ela traz o vento de açoite / Não quer ouvir o meu pranto”.
Os versos por mim mencionados são os que me tocaram mais profundamente. Muitos outros poderiam ter vindo à cena, pois não lhes falta merecimento para tanto. Neide Azevedo nos oferece seu testemunho poético do que a vida e os fatos lhe têm proporcionado. Seus poemas são documentos fundamentais de uma existência que se enriquece pela palavra. A palavra que traduz o mistério poético. A palavra que se oferta ao leitor como um sinal de protesto ou de esperança. A palavra que se organiza para compreender o significado da interioridade, que aos poucos desmorona. A poesia pode não ser a salvação do homem pela palavra, mas pode ser a palavra que semeia a esperança num mundo melhor. Não esquecer que no terceiro poema do livro (p.15), estão escritos estes versos: “E a denúncia de uma longa espera / Cai sobre todas as coisas”.

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