ATUAL DIRETORIA AJEB-CE - 2018/2020

PRESIDENTE DE HONRA: Giselda de Medeiros Albuquerque

PRESIDENTE: Elinalva Alves de Oliveira

1ª VICE-PRESIDENTE: Gizela Nunes da Costa

2ª VICE-PRESIDENTE: Maria Argentina Austregésilo de Andrade

1ª SECRETÁRIA: Rejane Costa Barros

2ª SECRETÁRIA: Nirvanda Medeiros

1ª DIRETORA DE FINANÇAS: Gilda Maria Oliveira Freitas

2ª DIRETORA DE FINANÇAS: Rita Guedes

DIRETORA DE EVENTOS: Maria Stella Frota Salles

DIRETORA DE PUBLICAÇÃO: Giselda de Medeiros Albuquerque

CERIMONIALISTA: Francinete de Azevedo Ferreira

CONSELHO

Evan Gomes Bessa

Maria Helena do Amaral Macedo

Zenaide Marçal

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020

DIRETORIA AJEB-CE - 2018-2020
DIRETORIA ELEITA POR UNANIMIDADE

sexta-feira, 7 de março de 2014

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 08 de Março. SALVE A MULHER!


NÃO! Não vamos falar de violência, pelo menos hoje não!
Hoje vamos falar de ascensão da mulher, seus avanços, suas conquistas e os passos caminhados em direção a uma nova era, uma era de conquistas, - no sentido de ocupar um lugar de destaque, um lugar digno e merecido na sociedade. Um lugar que sempre lhe foi negado. Até mesmo as sociedades mais tradicionalistas e fechadas estão reconhecendo os direitos, e por consequência o valor da mulher. Estão devolvendo-lhe seus direitos para que ela os exerça com dignidade e altivez.

Hoje é um dia para falar de reconhecimento e gratidão à mulher Esposa Mãe, Irmã, Médica, Psicóloga, Enfermeira, Parteira,... Generosa, Do lar, Camponesa. Administradora, Engenheira,.. Marinheira,... Advogada, Cozinheira, Radialista, Atriz, Juíza,.. Camareira, (Mulher Policial).
Mulher Rendeira,... Seringueira,..

Demorou muitos séculos, mas a mulher conquistou seu espaço, seu lugar em uma sociedade machista que exerce o domínio desde a pré-história. Porém, temos que reconhecer que ainda não é tudo, há ainda um longo caminho a ser percorrido para que se chegue ao ideal. A Mulher já ocupa posições e cargos importantes sem perder sua feminilidade, sua meiguice, seu charme e elegância.
Deve-se reconhecer que apesar de todos os avanços,??? neste mundo globalizado somos “bombardeados” a todo momentos com notícias de todas as partes dando conta de maus tratos, violência, discriminação, e toda sorte de abusos cometidos contra a mulher. Essa infelizmente é uma realidade da qual não se pode fugir, - mas por outro lado reconhecemos que a mulher está em um momento de muitas conquistas, e isso é uma grande evolução se comparado ao que foi em tempos idos.

Mulher: Governadora, Presidente (a), Prefeita,... Mulher cativante!
Mulher: Delegada,... Piloto (A) de avião... Comandante de polícia,.. Mãe leoa...
Mulher: Mecânica,... Ministra e Secretária de Estado,.. Mulher Escritora,... Jornalista,..
Mulher: Caminhoneira,... Motorista de ônibus,.. Promotora,...

.... Essa mulher não é mais aquela que ocupava um lugar inferior na sociedade. Essa Mulher agora Comanda... Manda!... Dirige!... Está à Frente!... Ocupando Postos de Vanguarda... Não é mais aquela mulher que entrava pela porta de serviços... só para a cozinha... Sem a mulher o mundo seria um deserto! Onde há a presença feminina, há um muito ou um tudo da presença de Deus!

Mulher Comandante!... Mulher General!... Mulher Deputada!...Mulher Presidente Federal!...
Mulher Mãe Defensora,.. Primeira Ministra... Mulher Astronauta,... Mulher que sabe com meiguice e gentileza dar um basta!!! Tomar as rédeas e o comando assumir!...
... É desta Mulher que estamos falando hoje... Mulher Mãe Dedicada...
Mulher!... Apesar do mundo, da sociedade, e da (violência), (Mulher Companheira), Mulher (Esposa e Amante).Professora, Orientadora, Conselheira,”GUERREIRA”,
Empreendedora, Profissional Liberal...

Um dia é muito pouco. A Mulher deveria ser homenageada todos os dias do ano.
Parabéns, Rainha Mulher! Parabéns, Deusa Mulher!
Parabéns, Princesa Menina, Fada Mulher!

Hoje, o comando é teu,.. Assim o é, já há algum tempo. Já és liberta do jugo de uma sociedade que te via como cidadã de segunda ou terceira categoria. Já tens o comando em tuas delicadas mãos para dirigir tua vida e por que não a dos demais? Não só pelo comando em si, mas sim pela condição de igualdade perante todos os demais!


CLEO ANSELMO

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

HOMENAGEM PÓSTUMA À EBE BRAGA, SÓCIA HONORÁRIA DA AJEB, POR GISELDA MEDEIROS

“EBE BRAGA - UMA HISTÓRIA DE VIDA DEDICADA À EDUCAÇÃO”


     “Como são belas as obras de Deus. E, todavia, delas não vemos mais                                          
 do que uma centelha.” (Eclo: 42,23)
                                                                     
                                           
                   Oscar Wilde, célebre escritor inglês, em uma de suas felizes inspirações, assim se expressa: “A vida, assim como a pintura, a escultura e a poesia, também possui suas obras-primas.”  Partindo dessa assertiva, procuraremos mostrar, ao longo desse trabalho, a perfeita identidade entre o que foi dito e a professora Ebe Braga, motivo dessa monografia e que, com efeito, constitui uma perfeita obra-prima da vida.
                   São 10 de julho de 1925. Na pacata Fortaleza, a casa número 38 da rua Solon Pinheiro ilumina-se. O casal, Anastácio Braga Barroso e Edith Dinah da Costa Braga, contemplam eufóricos a concretização do amor: Maria Ebe da Costa Braga, a menina que, recebendo no nome a força e a imortalidade do vinho dos deuses, é agraciada, por isso, com o dom de continuar servindo aos humanos o vinho da sabedoria durante toda a sua vida.
                   Sensível e inteligente, aos sete anos, é matriculada no Curso de Alfabetização da Escola Normal Pedro II, hoje Colégio Estadual Justiniano de Serpa, época em que inicia também seus estudos de piano. Ensaiava-se, aqui, a definição de sua existência sequiosa de luzes, de cultura, de disciplina, traçada pelos pais, ricos de preceitos humanísticos e filosóficos.
                   Em 1937, freqüenta o Curso de Admissão do Colégio Farias Brito, sendo transferida, em 1940, para o Colégio Bennett, no Rio de Janeiro, onde permanece até o ano seguinte, sem abandonar as aulas de piano, ministradas, ali, pela professora Joaquina Mota, do Instituto Nacional da Música. Já, a essa época, faz parte do coral, regido pelo maestro Francisco Minhone.
                   Em 1942, Fortaleza a recebe de volta e, nesse ano, conclui o curso ginasial na Escola Normal Pedro II. No seguinte, retorna ao Rio de Janeiro, onde se dedica a aulas de canto lírico. No entanto, é forçada a interrompê-las, em virtude de ter que voltar a Fortaleza para a celebração de seu casamento com José Parente Frota,  passando a assinar-se Maria Ebe Braga Frota. 
                   O elo entre Ebe e a Educação começa a se fortalecer, imprimindo nela um compromisso de ordem doutrinária, acentuando a formação de algo luminoso e profundo: uma responsabilidade infrene. Isso se depreende do fato de, aos vinte e três anos, ser ela nomeada professora de aulas suplementares de Economia Doméstica na Escola Normal Pedro II.
                   Em 1950, matricula-se no Colégio São José para cursar o segundo ano científico. Conclui o curso no ano seguinte. Volta aos estudos de canto lírico com a professora Marina Medeiros.
                   Sua índole, marcada já pelo selo da docência, fá-la matricular-se, em 1951, no Colégio São José para cursar o segundo ano Normal, vindo a concluir o curso em 1952, sendo escolhida a oradora da turma.
                   Não é de se estranhar que, já possuída pela ortodoxia dos princípios filosóficos que procuram nortear a ética do ser humano, viesse ela a enveredar pelo influxo desses princípios. Assim é que, em 1953, submete-se ao vestibular para o Curso de Filosofia, na Faculdade Católica de Filosofia, tendo atingido a maior nota geral. Em virtude dessa conquista, é convidada a lecionar Psicologia, História e Filosofia da Educação no Colégio São José. É também nomeada professora de Economia Doméstica no Ginásio Municipal de Fortaleza.. E, em 1955, vai lecionar Psicologia e Sociologia no Colégio Santa Lúcia.
                   A difusão da capacidade intelectual de Ebe Braga, personificando o abstrato do “homo sapiens”, era um requisito indispensável para que se tivesse a jovem e inteligente professora integrada ao quadro docente dos bons colégios. Desse modo, em 1956, ano em que recebeu o grau de Licenciatura Plena em Filosofia, é nomeada professora interina de Economia Doméstica, na Escola Normal Pedro II, passando ao cargo de Professor Catedrático da mesma disciplina, através de Concurso Público, assim como sua nomeação para Técnica de Educação.   
                     De 1957 a 1960 passa a ser membro do Conselho Superior do Centro Estudantil Cearense, do qual fora Diretora no período 1953/1956. No intervalo 60/66, exerce as funções de Diretora do Departamento Feminino do Comercial Clube, durante a gestão do professor José Cláudio de Oliveira.
                   Traço escolástico de sua personalidade é a profunda contrição com que exerce seu mister. Difícil ter passado pelas mãos dessa admirável educadora e não ter assimilado o reflexo de sua luminosidade anímica. O ardor com que se reveste para a consecução de seus objetivos é o pano de fundo que lhe determina o caráter de mulher forte, obstinada, persistente e incorruptível. Jamais a abateram as dificuldades. As mais humildes manifestações da vida, os seres desprotegidos, sempre foram motivo de sua acurada filosofia, de sua arraigada filantropia.
                   Em 1958, a antiga Escola Normal Pedro II deixa as dependências do prédio da Praça Filgueira de Melo. Transfere-se, agora como Instituto de Educação, para a rua Graciliano Ramos, no Bairro de Fátima, para dar lugar, ali, ao atual Colégio Estadual Justiniano de Serpa. Nesse colégio, é criado, em 1964, o Curso Clássico, cabendo à Ebe Braga a docência da Sociologia e, em 1968, da Filosofia, disciplinas exigidas pelo vestibular na área de Humanidades.
                   Ebe Braga é um mundo nesse pedaço de natureza. A sua vida, pautada no bem, jamais exigiu recompensas ou glórias. Elas vieram, sim, mas em decorrência de suas atividades, de seu desprendimento, de sua competência. Agiu e age de modo determinado, dentro dos preceitos éticos de sua personalidade. Sempre procurou conduzir os seus discípulos com pertinácia, mostrando-lhes as oportunidades para crescerem e enfrentarem, sem medo, as forças, muitas vezes adversas, do tempo. Era como sempre nos tivesse a ensinar: Caminhar em si mesmo é uma maneira de entender o próximo, ampliar-lhe o rumo, abrir-lhe o universo. Positivamente, nossa ilustre educadora doava-se como caminho, transmudava-se em universo. Não tinha fronteiras. Era notável seu trabalho em sala de aula e fora dela. Sempre programava suas aulas com o amor e a dedicação que tivera desde os primeiros dias. Jamais deixava a rotina empanar o brilho de suas aulas. Para isso, ela estava sempre a buscar maneiras de atrair seus alunos para seqüestrá-los, dóceis e submissos, na cela das informações dos conteúdos didáticos. Disciplinada e disciplinadora.
                   Em 1966, é nomeada professora de História e Filosofia da Educação, bem como de Sociologia, no Colégio Municipal Filgueiras Lima, vindo a aposentar-se no ano de 1987. Matricula-se, em 1976, no Curso de Licenciatura Curta em Teologia, no ICRE, concluindo-o em 1979 e, no ano seguinte, conclui também o Curso de Especialização em Tecnologia Educacional para o Ensino Superior.
                   O peso dos anos,  que imprime em nós um ritmo descendente, não o consegue em relação à ilustre educadora. Pelo contrário, fá-la resistente e incansável. E, para conseguir caminhar com o tempo, sem retrocessos, é mestra e aluna, numa simbiose de amor. Tanto é assim que, após a aposentadoria, quando muitos se acomodam às condições de inatividade, ela não cede. Começa a freqüentar cursos, na ânsia de mais conhecimentos.
                   Um meteoro não pode deter sua vertiginosa trajetória. Desse modo, Ebe Braga conclui, em 1985, com o grau de Licenciatura Plena, o Curso de Ciências Religiosas. Pelo brilhantismo com que sempre se distingue em tudo o que faz, é convidada pelo então Diretor do ICRE, Monsenhor Francisco Pinheiro Landim, a lecionar, ali, a disciplina Introdução à Teologia. Aposentou-se em 1992.
                   Merecedora dos maiores encômios, a professora Ebe Braga recebe, em 1982, a maior comenda na área da Educação: a Medalha Justiniano de Serpa, homenagem de que se orgulha, haja vista o reconhecimento ao seu trabalho.
                   A 6 de junho de 1997, o auditório do Seminário da Prainha, lotado, aplaude de pé a defesa da monografia intitulada O Ecumenismo: Processo Evolutivo, requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Religiosas. Realmente, um trabalho de fôlego, que exigiu cansativas pesquisas, em mais de setecentas páginas. O mais importante, e vale a pena ressaltar, é o alto poder de síntese com que foi apresentado pela ilustre bacharela, num verdadeiro testemunho do seu lastro cultural e humanístico.
                   Eis, pois, em pinceladas reais, os fatos mais importantes da história dessa grande educadora que, sem sombra de dúvida, merece desfilar entre os nomes consagrados da Educação, porque sempre se manteve a serviço dela, enfrentando os obstáculos, os percalços, com a alquimia de sua alma exaltada, enriquecida pela inteligência e pelo amor devotado à profissão, testemunhando, dessa maneira, o espírito forte de uma mulher que, malgrado a suposta fragilidade da espécie, sabe se impor pela inegável competência e conquistar o seu espaço, nada ficando a dever, em termos de cultura e desempenho, ao chamado sexo forte.
                   Por tudo isso, Maria Ebe Braga Frota é, inegavelmente, verdadeira obra-prima da vida.
                   “Labor omnia vincit.”                   
  
                                                                                 
Giselda Medeiros
                                                                                   
 (ex-aluna)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UM POEMA DE LILA XAVIER

POESIA PERECÍVEL

Minha poesia
Não é sonora
É perecível ao tempo
É metástase no corpo de algum ente.
Sufrágio de outras almas
Que sofreram os horrores
Dos amores perdidos.

Minha poesia
Não é sonora
Ela se constitui do não-sentido das coisas
São frases textuais desconexas
Sem nexo, sem paladar.

Minha poesia
Não é sonora
Ela não passa de efêmera literatura
Composta de tantas palavras
Jogadas ao vento.

Palavras profanas
Recitadas com gritos inaudíveis
Exclusivos, apenas, aos meus ouvidos
E só aos meus ouvidos!
Faço questão da ênfase!

Tais palavras nada, nada poéticas
Pertencem a um magistrado comunista
Trôpego, bêbado
Político, célebre e patético,
Que representa
A rudeza do meu ser...
Vindo à tona e se mostrando
Como um vestido lindo
Que resgata o ego ferido
Num totalitarismo frascário.

Minha poesia
Não é sonora
É trégua entre o “eu” e “eu”
Entre ser e não ser-nada
Apenas desenha o bulício do esferográfico
Que incrementa a pseudo
Imortalidade dos eruditos.

Minha poesia
Não é sonora
Porque alimentada de pretensão sectária,
Do zelo de uma poesia letrada
Que provoca e exorta
Uma compulsão nos militantes.

Os poetas (os verdadeiros) imortais
Escrevem subliminarmente
Em diáfanos dialetos
E, com certeza, estarão vivos
Dentro de mim.

Lila Xavier.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

OS SALMOS: A ANATOMIA DA ALMA HUMANA

03/02/2014

Os salmos constituem uma  das formas mais altas de oração que a humanidade produziu. Milhões e milhões de pessoas, judeus, cristãos e religiosos de todas as tradições, dia a dia, recitam e cantam salmos, especialmente os religiosos e religiosas e os padres no assim chamado “ofício das horas” diário.
Não sabemos exatamente quem seus autores, pois eles recolhem as orações que circulavam no  meio do povo. Seguramente muitos são de Davi (século X  a.C.). É considerado, por excelência, o protótipo do salmista. Foi pastor, guerreiro, profeta, poeta, músico, rei e profundamente religioso. Conquistou o Monte Sion dentro de Jerusalém e lá, ao redor da Arca da Aliança, organizou o culto e introduziu os salmos.
Quando se diz “salmo de Davi” na maioria das vezes significa: “salmo feito no estilo de Davi”. Os salmos surgiram no arco de quase mil anos, nos lugares de culto e recitados pelo povo até serem recopilados na época dos Macabeus no século II.a.C. O saltério é um microcosmo histórico, semelhante a uma catedral da Idade Média, construída durante séculos, por gerações e gerações, por milhares de mãos e incorporando as mudanças de estilo arquitetônico das várias épocas. Assim há salmos que revelam diferentes concepções de Deus, próprias de certa época, como aqueles, estranhas para nós, que expressam o desejo de vingança e o juízo implacável de Deus.
Os salmos testemunham a profunda convicção de que Deus, não obstante habitar numa luz inacessível, está  em nosso meio, morando como que numa tenda (shekinah). Podemos chegar a Ele, em súplicas, lamentações, louvores e ações de graças. Ele está sempre pronto para escutar.
O lugar denso de sua presença é o Templo onde se cantam os salmos. Mas como Criador do céu e da terra, está igualmente em todos os lugares, embora nenhum possa contê-lo.
Com razão, se orgulhavam os hebreus dizendo: “ninguém tem um Deus tão próximo como nós”! Próximo de cada um e no meio de seu povo. Os salmos revelam a consciência da proximidade divina e do amparo consolador. Por isso há neles intimidade pessoal sem cair no intimismo individualista. Há oração coletiva sem destituir a experiência pessoal. Uma dimensão reforça a outra, pois cada uma é verdadeira: não há pessoas sem o povo no qual estão inseridas e não há povo sem pessoas livres que o formam.
Ao rezar os salmos, encontramos neles a nossa radiografia espiritual, pessoal e coletiva. Neles identificamos nossos estados de ânimo:  desespero e alegria, medo e confiança, luto e dança, vontade de vingança e  desejo de perdão, interioridade e fascinação pela grandeza do céu estrelado. Bem o expressou o reformador João Calvino (1509-1564) no prefácio de seu grandioso comentário aos salmos:
“Costumo definir este livro como uma anatomia de todas as partes da alma, porque não há sentimento no ser humano que não esteja aí representado como num espelho. Diria que o Espírito Santo colocou ali, ao vivo, todas as dores, todas as tristezas, todos os temores, todas as dúvidas, todas as esperanças, todas as preocupações, todas as perplexidades até as emoções mais confusas que agitam habitualmente o espírito humano”.
Pelo fato de revelarem nossa autobiografia espiritual, os salmos representam a palavra do ser humano a  Deus e, ao mesmo tempo, a palavra de Deus ao ser humano. O saltério serviu sempre como  livro de consolação e fonte secreta de sentido, especialmente quando irrompe na humanidade o desamparo, a perseguição, a injustiça e a ameaça de morte. O filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) deu este insuspeitado testemunho: “Das centenas de livros que li nenhum me trouxe tanta luz e conforto quanto estes poucos versos do salmo 23: O Senhor é meu pastor e nada me falta; ainda que ande por um vale tenebroso, não temo mal nenhum, porque Tu estás comigo”.
Um judeu, por exemplo, cercado de filhos, era empurrado, para as câmaras de gás em Auschwitz. Ele sabia que caminhava para o extermínio. Mesmo assim, ia recitando alto o salmo 23: “O Senhor é meu pastor… Ainda que eu ande pela sombra do  vale da morte, nenhum mal temerei, porque Tu estás comigo”. A morte não rompe a comunhão com Deus. É passagem, mesmo dolorosa, para o grande abraço infinito da paz eterna.
Por fim, os salmos são poesias religiosas e místicas da mais alta expressão. Como toda poesia, recriam a realidade com metáforas e imagens tiradas do imaginário. Este obedece a uma lógica própria, diferente daquela da racionalidade. Pelo imaginário, transfiguramos situações e fatos detectando neles sentidos ocultos e mensagens divinas. Por isso dizemos que não só habitamos prosaicamente o mundo, colhendo o sentido manifesto do desenrolar rotineiro dos acontecimentos. Habitamos também poeticamente o mundo, vendo o outro lado das coisas e um outro mundo dentro do mundo de beleza e de  encantamento.
Os salmos nos ensinam a habitar poeticamente a realidade. Então ela se transmuta num grande sacramento de Deus, cheia de sabedoria, de admoestações e de lições que tornam mais seguro nosso peregrinar rumo à Fonte. Como bem diz o salmista: “quando caminho entre perigos, tu me conservas a vida… e estás  até o fim a meu favor” (Salmo 138, 7-8).


Leonardo Boff é autor de  O Senhor é meu Pastor: consolo divino para o desamparo humano, Vozes 2013.

(in: leonardoboff.com)

sábado, 18 de janeiro de 2014

A AJEB-CE UNE-SE AO PESAR DE NILZE COSTA E SILVA PELA PERDA DE SUA MÃE



À MINHA MÃE
Pe. Antônio Tomás

Quer viva alegre, quer me punjam dores,
Jamais esqueço a minha Mãe querida,
Pois trago dentro em mim como esculpida
A imagem dela ornada de fulgores.

E de contínuo em místicos ardores
Se eleva aos céus minha alma enternecida,
Pedindo a Deus que lhe prolongue a vida
E lhe conceda sempre os seus favores.

E quando eu vou rezar à Virgem pura,
Sucede que o seu nome se mistura
Às minhas preces com frequência tanta ...


Que eu temo, às vezes, não se manifeste
Enciumada a minha mãe celeste
Do grande amor que eu tenho àquela santa.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

AJEBIANA ROSA FIRMO FAZ APRECIAÇÃO SOBRE LIVRO DE NIRVANDA MEDEIROS

Minha cara Nirvanda,

     Quando adquiro um livro meu desejo é ler de imediato, leio o prefácio, a apresentação e me empolgo para desbravar o texto.
  Como presente de Natal recebi alguns livros, inclusive o seu, “Vivenciando Passos – Um caminho construído com amor”.  A temática logo me chamou a atenção e o contexto em que se passava a história, pois, o mar e sertão se fundem em mim.
        Para deleite enquanto degusto a leitura de um livro, costumeiramente faço minhas anotações. Com seu livro não foi diferente, após a conclusão da leitura e minha apreciação produzi este texto.
   Sempre observei como são nítidas as diferenças entre o litoral e o sertão, no entanto, em termos econômicos e sociais não fogem às semelhança em relação ao processo do desenvolvimento, tudo foi acontecendo lentamente em ambos, enquanto isso homens de coragem e fé como os personagens “Joaquim e Felismina" como você destaca; estes foram os desbravadores, os construtores do progresso em décadas passadas no litoral de Camocim. Assim também aconteceu em outras regiões do Ceará, muitos personagens transformaram paisagens áridas, fizeram histórias análogas a sua.
  Os personagens moradores do “Lugarejo,” esse paraíso que você descreve, mesmo pobre economicamente, mas de uma nobreza singular, literalmente rica de qualidades e valores morais e espirituais mostra quanto o homem de fé é criativo e capaz de transformar e dar rumos à história.
  A natureza exuberante do “Lugarejo”, cenário em que você coloca os personagens representados por pessoas simples, desprovidas de bens materiais, porém sábias para lidar com as riquezas do mar, do mangue, enfim, tudo que o litoral oferece para sobrevivência, faz-nos reportar à Pasárgada de Manoel Bandeira. E isso impulsiona o leitor questionar que existia um paraíso perdido, e este lugarejo constitui-se, porém não somente de belezas naturais, bem como de personagens vivos espiritualizados, corajosos que sobreviveram com as dificuldades com determinação.
    Ao longo da narrativa você tece numa linguagem singela, o perfil de uma família equilibrada, personagens que são modelo de inúmeras famílias nordestinas, sejam elas sertanejas ou litorâneas, que percorreram caminhos espinhosos, enfrentaram perdas e ganhos, porem com fé e coragem conquistarem seus ideais; especialmente granjearam uma melhor condição para seus filhos. Assim se constitui a nossa história, que por vezes somos personagens e autores ao mesmo tempo.
       Providencialmente, vale ressaltar que suas memórias revelam a sua essência, são retalhos do passado que saltam de suas entranhas como reminiscências de um passado cheio de sentimentos bons, de felicidade.
  As mensagens entremeadas ao longo do texto romanceado mesmo fugindo o roteiro, representa seu perfil de educadora, que deseja repassar para o leitor reflexões e lições de vida.
Parabéns, Nirvanda, por mais um legado para as novas gerações.

Rosa Firmo


terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ ANO NOVO, QUERIDOS AJEBIANOS!



Feliz Ano Novo!
Giselda Medeiros

O ano começa...
Uma nova luz te chegará
pela primeira aurora.
E teus sonhos serão sóis,
que hás de conservar ardendo,
sempre em chamas.
Eles te impulsionarão,
da aurora ao arrebol de cada dia
da tua vida!
A  felicidade, então, te sorrirá,
em asas e plumas,
mesmo na languescência
dos poentes...
E A LUZ!
A luz do teu sonho
virá, sempre,
pela madrugada sangrenta,
e desabrochará,
 linda e majestosa,
em pétalas!
Faça-se a Luz!

Feliz Ano Novo para você!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

AJEB - FELIZ NATAL



A AJEB deseja a todos os seus associados, amigos e leitores desse blog um FELIZ NATAL! Que as bênçãos de luz irradiadas das mãos do MENINO-JESUS caiam sobre cada um de nós, trazendo-nos paz, harmonia, amor e felicidades.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

NIRVANDA MEDEIROS LANÇA LIVRO

A Presidente da AJEB-CE, Nirvanda Medeiros, lançou seu segundo livro, Vivenciando Passos:  Um  caminho  construído  com  amor, dia 27 de novembro de 2013, no Náutico Atlético Cearense, em evento dos mais prestigiados, com apresentação do jornalista Vicente Alencar.
Confiram as fotos e, ao final, leiam as palavras da autora, em seus agradecimentos.



















VIVENCIANDO PASSOS – Um caminho construído com amor.

        Boa Noite, prezadas autoridades que  compõem  a mesa principal, que saúdo em nome do Presidente da Academia de Retórica, Dr. Mauricio Benevides, meu dileto amigo e compadre; autoridades de outras arcádias presentes; confrades, confreiras, meu companheiros, companheiras do Lions Clubes, amigos, amigas e familiares.
        Cada  manhã  que  chega  traz  a explosão  de  grandes  projetos  dentro   de  cada  um  de nós,  com  promessas  a  cumprir  o  que  planejamos.
        Procure dar o mais que puder... Uma boa palavra; Um sorriso, um pensamento generoso... E você há de sentir em seu coração a grande verdade: é muito melhor dar que receber! Confiemos nessa força que habita dentro de cada um de nós, dando-nos vida e coragem.
        Lembro Clarice  Lispector:
       “DIZEM QUE  A   VIDA  É  PARA  QUEM  SABE VIVER,   MAS  NINGUÉM  NASCE PRONTO.
       A VIDA    É  PARA QUEM  É  CORAJOSO   O SUFICIENTE  PARA ARRISCAR   E HUMILDE  O BASTANTE  PARA  APRENDER”. 
        Daí, a  nossa razão de ter coragem  e  de ter humildade  em pensar,  refletir  e  de criar  coisas  novas, de ser sábia,  portanto, somos dotados  de inteligência,  de raciocínio, além de  sermos capazes de  fazer  cultura.
        A vida é um encanto de beleza!
        Tenho certeza de que, assim, a vida se transformará num hino de ação de graças ao  PAI  TODO PODEROSO. Fiquemos atentos!
        Confirmamos   as  palavras de  José  Saramago:
       “Somos   todos  escritores,  só que  alguns escrevem  e  outros  não”.
       Repito, há necessidade  de ter coragem  e  de ter  humildade,  para podermos  parar, pensar  e  escrever  algo  que está dentro  de cada  um de nós. Nossos sonhos, pensamentos!
       O pensamento é a maior força criadora que existe sobre a terra.
       Não   é  difícil,  é só começar  e resolver:  escreva,  escreva ,  rabisque,  pesquise, torne  o imaginário quase realidade.
       Plante semente de otimismo e de amor para colher frutos doces da alegria e da felicidade.
       Palavras de Rubem Alves;  
      “Um   livro  é um  brinquedo  feito  com  letras.  LER  É  BRINCAR!”
       Há necessidade de  ter coragem de começar a escrever  e humildade para  ouvir  as  críticas  construtivas  ou  destrutivas.  Ter certeza de que somos  seres  únicos. Cada um com sua liberdade. 
       Acredito que seja  felicidade, quando se  sabe  que  o  outro  leu  e  comentou.
       Assim, como os universos foram criados pela palavra de Deus, assim, também,  nossos pequenos mundos foram criados pelas nossas palavras.
       Tudo é aprendizagem!
       Sinto – me feliz, nesta noite de profunda   significação, ao lado de meus amigos, amigas e familiares.
       Para mim é   motivo  de  alegria  de ter tido  a  coragem de  lançar  mais um  livro  escrito  com  muito  amor, que  representa   uma  vida  saudável,  cheia de  harmonia  e  muita  paz.
        Escrevo e falo com simplicidade; aprendi com meus pais e continuei como professora de crianças.
        Escrevi VIVENCIANDO  PASSOS:  Um  caminho  construído  com  amor! Foram  felizes dias escrevendo. 
        Registramos, aqui,  com satisfação,  e  ao mesmo  tempo,  agradecemos  a  nossa  escritora  e  Presidente  de Honra  da AJEB ( Associação de  Jornalistas  e  Escritoras  do Brasil) Giselda  Medeiros, que,  com  presteza  e  sabedoria,  fez  a  revisão  dos textos, e,  para completar  escreveu  a  apresentação.
        Agradeço ao  nosso arquiteto Claudemir Sousa, que carinhosamente   criou  a  capa de  nosso livro.
        Agradeço a  gentileza do nosso amigo, escritor  e jornalista Vicente Alencar,  que, com sua brilhante  fala,  fez  a  apresentação do livro.
        À Editora  Premius,  na pessoa do CL do Lions Clube Fortaleza  Jangada  e Confrade Francisco  de Assis  de Almeida  Filho, pelo projeto gráfico. E,  para completar,  fez uma sábia mensagem.
        Ao Náutico Atlético Cearense, na pessoa de seu Presidente Pedro Jorge   Medeiros,  que nos  acolhe  com muita delicadeza e presteza  de seus funcionários.
        Destaco a  alegria de  contar com as presenças  dos Companheiros, companheira e domadoras  do Lions Clube Fortaleza Fátima e dos companheiros, companheiras  dos outros clubes que fazem parte do Distrito LA4; a todos o meu reconhecimento pelas presenças.
         Aos confrades e confreiras das Academias a que pertenço:
         Academia Leonística  de Cultura  do Ceará; como presidente Antônio Nogueira Filho; Academia Metropolitana de Fortaleza - presidente Júnior Bomfim;  Academia Feminina de Letras - presidente Argentina Andrade; nosso grupo   especial de AJEB ( Associação de Jornalistas e Escritoras  do Brasil). Obrigada, ajebianas e sócios colaboradores.
        Participamos, também, de  um  grupo peculiar,  A ALFE (Associação das Lojistas Femininas). Obrigada, amigas, pelo comparecimento.
        Aos meus amigos e amigas da Escola de Pais, grupo que colaborou e nos enriqueceu  para educação de nossos filhos.
        Ao nosso grupo do cafezinho, a turma do almoço da Esmeralda...
       Quero  reverenciar a  memória  de meu inesquecível  esposo  Raimundo Medeiros  Sobrinho, que  há  cinco anos  está ao lado do  PAI  CELESTE, e  agora  tenho  certeza  de que ele está  aqui presente  ao  meu  lado, ao nosso  lado.
        Sinto falta dos meus estimados pais Francisco das Chagas Medeiros e Joaquina Teixeira Medeiros, de meus  irmãos Maria Alice e José Nilson Medeiros, que também  já se foram.
         Meus  filhos,  genro, noras  e netos, estes  guerreiros que sempre estão  ao meu lado,  me dando coragem  e sabedoria, para  que  eu continue na jornada  da vida:
         Pedro Jorge   Medeiros  e EVELINE,
        Adda Ch ristiane Medeiros  Moreira  e  Daniel;
        Jorge   André Medeiros  e  Maria  do Céu;
        Raimundo Medeiros Filho e Juliana;
        Amável,  neto, Pedro Jorge Medeiros Filho;
        Queridas netas; Natasha, Sarah   Christiane,  Marina,  Maria  Clara,  Mirela  e  Júlia;
        Meus irmãos, irmãs,  cunhados, cunhadas, sobrinhos  e  primos presentes.
        Vocês são importantes para mim!
        Ao PAI CELESTIAL, NOSSA MÃE SANTÍSSIMA,  razão de nossa existência. Que nos deem luz, Paz e muita saúde!
        Enfim, desejo a todos vocês  um Feliz Natal, que brilhe uma nova luz! O Natal é a proposta de  Deus  para todos nós.
        OBRIGADA!

            Maria  Nirvanda  Medeiros
             27/11/2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

IMORTALIZA-SE O GRANDE DEFENSOR DA PAZ



NELSON MANDELA.
(In Memoriam)

Hoje, o mundo, em luto, vela
O paladino da Paz,
O insigne Nelson Mandela
Que, no amor, se fez capaz

De se doar por inteiro
À causa em prol da igualdade
Racial. Pacífico e ordeiro,
Este homem-fraternidade

Padecera na prisão
Por longos 27 anos
Por lutar pela paz e o amor.

O mundo chora esse irmão,
Que pela força dos arcanos
Fez seu povo vencedor!

J. Udine – 05-12-2013.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

AJEB - LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA NACIONAL



A Diretoria Executiva Nacional da AJEB, sediada na cidade de São Paulo, presidida por Daisy Buazar, promoverá o lançamento de mais uma Antologia Nacional, sob o título LETRAS ENCANTADAS.
Da Coordenadoria do Ceará participam: Nirvanda Medeiros, Rejane Costa Barros, Maria Helena Macedo, Giselda Medeiros, Sérgio Macedo, Moacir Gadelha e Pereira de Albuquerque.
O lançamento ocorrerá dia 5 de dezembro, de 18h30min - 21h30min, na Livraria da Vila, Shopping Pátio Higienópolis - Piso Pacaembu.
Endereço: Av. Higienópolis, 618 - SP
Será mais um evento que elevará o nome da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, entidade que vem se mantendo com sucesso há 43 anos.
PARABÉNS, DAISY! PARABÉNS, AJEB!

sábado, 30 de novembro de 2013

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS


NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
 
Maria vem até nós
Na medalha milagrosa:
Suas mãos derramam graças
Como raios luminosos.

No reverso da medalha
A letra M e a cruz;
E os corações amorosos
De Maria e de Jesus.

Ó Maria, Mãe de Deus,
Concebida sem pecado,
Nossa Senhora das Graças!

Ó Maria Imaculada,
Rogai agora por nós,
Que recorremos a vós!

Horácio Dídimo
Música de Mauro Augusto

domingo, 24 de novembro de 2013

UM CONTO DE GISELDA MEDEIROS



SELMA

               Ainda a bordo do avião, fico a pensar em Selma. Como será o nosso reencontro?! Imagino-a mais  madura (quem sabe?) curada daquele trauma antigo. Luís, ao meu lado, finge não perceber  minha preocupação, chamando-me a atenção para suas leituras. Sei que o seu objetivo é desviar meus pensamentos. No entanto, à medida que a distância aérea vai sendo vencida, mais eu me vou compungindo nesta expectativa de novamente reacender toda uma triste história adormecida no passado.
               Ficar três anos longe do Brasil (e sem notícia, pois assim achara melhor Dr. Henrique) fizera-nos um bem enorme. Estamos inteiros Luís e eu, para esclarecer (digo melhor, virar) uma página que não fora lida, muito menos interpretada com exatidão. Como estaria Selma era a minha grande preocupação. E como reagiria ante o nosso regresso? Sabia-me amada por ela, para quem fui mais que uma irmã, desde a morte de nossos pais. Estaria ela melhor? Tomara!
               Toda aquela cena de antes jorrou sobre mim, cascateando dúvidas (como sempre as tive), medo e insegurança. E se aquelas suspeitas fossem duras verdades? Sempre acreditara no óbvio. Mas, se o óbvio passar a ser o não óbvio? Como reagirei? Que atitude tomar?
               Após a morte de nossos pais (Selma estava com sete anos), eu, recém-casada, passara a cuidar dela e não me lembro de ter notado, até essa época, nada de anormal no seu comportamento. Era uma criança precoce, é bem verdade. Com o passar dos dias, fomos nos tornando seus pais. Luís a colocava no colo, brincava de cavalinho, de pega-pega, de cabra-cega, enfim, eram duas crianças peraltas. Esse clima, familiarmente perfeito, durou até o dia em que a presenciei amuar-se quando Luís a pôs no colo. Era natural, pensei, já estava mudando: os seios intumesciam-se, os pêlos desenhavam-se no corpo e a menarca precoce que lhe chegara. Desde então, comecei a notar algo esquisito no seu comportamento. Fugia para o quarto, sempre com alguma desculpa, à simples chegada de Luís.
               Porque casara muito jovem, aos 14 anos (Luís tinha 30), não sabia bem como assumir a maternidade nesta fase adolescente. Por isso (e acho que foi aí o meu erro), deixei Luís mais à vontade para iniciá-la nessa nova fase da vida, uma vez que o via como um verdadeiro pai para ela, amadurecido e experiente. Ah, adolescência, adolescência! - pensei com saudade. Não tive tempo para usufruí-la em sua exuberância nem pude vê-la cair sobre minha irmã. Pobre Selma!
                  Recriminava-me agora por tê-la abandonado. Digo melhor, não abandonado, pois a deixara sob a tutela do Dr. Henrique, que nos aconselhara a viagem. Deixasse com ele as providências quanto ao caso de Selma.
               Novamente Luís intervém, dizendo-me estar perto a chegada. O coração angustia-se. Bate mais forte. Suores. Ondas de frio e calor percorrem-me o corpo. Fecho os olhos, acomodo-me à poltrona e finjo dormir. Rememoro o primeiro encontro com Luís, um empresário recém-saído de um casamento sem filhos. Dizia não querê-los. Este era um ponto discordante entre nós, porque sempre achei serem os filhos uma peça vital no tabuleiro do matrimônio. Tornavam-no mais completo, mais sólido, embora entendesse não ser isso somente o seu sustentáculo. Mas eram o sal necessário ao paladar do casal. Diante deste meu posicionamento, Luís sempre achava argumentos para provar que nem sempre eu estava com a razão. Porém o mais intrigante era o fato de ele não querer filhos e gostar tanto de crianças, principalmente das meninas. Sempre fora um bom marido, entretanto uma nódoa pairava no nosso céu. Eu sentia (aliás, sempre senti) algum embaraço na voz, nos gestos dele, quando evocávamos o passado. “Vamos esquecer isso”, dizia-me sempre que queria retomar o assunto.
               Agora mesmo, no avião, enquanto finjo dormir, noto-lhe uma ansiedade no olhar, um não sei quê perdido que preciso reencontrar. Finge ler e me examina. Pareço dormir, ele afrouxa a gravata, sério. E, como que tomado de um certo medo, suspira aflição. Novamente volta a me olhar (sinto-lhe o hálito preocupado no beijo que deita nos meus lábios e que me queima pele adentro). O “querida, estamos chegando” arranca-me do meu falso sono.
               “Apertem os cintos”... E o pouso em minha terra.
              Cumprimentos, abraços, beijos. Nada me distrai. Meu olhar busca Selma com ânsia dorida. Selma! Selma! (?)
               “Olá, Dr. Henrique! E Selma?!”
               Selma não viera. Tão moça!

            Cheia de interrogações, vi cair sobre Luís o olhar áspero, carregado de revolta, vindo do Dr. Henrique no “como vão”, secamente articulado. 

(In: SOB EROS E THANATOS) 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

REUNIÃO DA AJEB - 15 DE OUTUBRO DE 2013



Professor – Um profissional com perspectiva?

 
Digníssimos membros da mesa diretora dos trabalhos desta manhã, os quais saúdo na figura da Presidente desta casa, Nirvanda Medeiros.

 Inicio minhas palavras agradecendo a presidenta Nirvanda pelo convite para estar aqui com vocês e, especialmente agradeço, pela confiança de me incumbir tarefa tão importante como esta. Para prosseguir minha fala, reporto-me ao educador e poeta Filgueiras Lima, com a frase que nos enche a alma: “Ensino como quem reza: com a alma genuflexa”.

  Prossigo, portanto, à minha fala, afirmando que foi com prazer e receio que aceitei o convite da nossa presidenta para dialogar com minhas colegas da AJEB sobre o dia do professor, pois, temos nossa AJEB muitas educadoras, Nirvanda Medeiros, Giselda Medeiros, Evan Bessa, Maria do Carmo, Neide Freire, Maria Helena, e Francinette Azevedo, me desculpem se existem outras e deixei de citá-las.

   Estou aqui apenas para dedicar uma mensagem, e não para falar sobre o dia do professor inserido no atual sistema educacional brasileiro, nem tão pouco para defendê-lo, apesar de ter dedicado grande parte da minha vida a essa tão nobre e ao mesmo tempo árdua profissão. Citarei apenas algumas informações ao aludido dia de um profissional tão especial como afirma Cora Coralina:

 
“Professor, “sois o sal da terra e a luz do mundo”.

Sem vós tudo seria baço e a terra escura.

Professor, faze de tua cadeira,

a cátedra de um mestre.

 
   No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), D. Pedro I publicou um decreto Imperial que determinava a criação de escolas no Brasil. Era o início da Educação oficial do País, e essa data foi escolhida para homenagear os profissionais do magistério. O Dia do Professor mostra a importância de valorizar a carreira docente e o trabalho dos bons professores. Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor. Foi em São Paulo, Ginásio Caetano de Campos.

 É evidente que todas as categorias merecem respeito, pela contribuição dada, cada qual a seu modo, ao desenvolvimento da sociedade. Porém, o dia do professor é uma das datas mais significativas do calendário de homenagens dirigidas às categorias profissionais.

   Nesse contexto, entretanto, o professor desempenha papel de particular relevância, por transmitir o conhecimento que servirá de base à formação dos demais profissionais. E ainda por estimular, em sua tarefa cotidiana, o crescimento pessoal e o exercício da cidadania entre seus alunos, sejam eles crianças, jovens ou adultos.

  Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas,  permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. E ainda  mal remunerados, com baixo prestígio social são responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.

    A profissão de educador continua sendo muito necessária, sendo mais atraente na rede privada e escolas de nível superior. E menos concorrida na rede pública; no entanto, não para de crescer em nosso país, nem mesmo com os avanços tecnológicos.

  Informações sobre esse assunto vêm do estudo: Professores do Brasil: Impasses e Desafios. Lançado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura-Unesco, o doutor em educação e consultor Celio da Cunha, ao comentar este assunto, “lembrou que os professores representam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). A profissão supera, inclusive, o setor de construção civil (4%).” RAIS 2006.

O poder público é responsável por 83% dos empregos do magistério. Destes, 77,6% estão na educação básica.

  As mulheres ocupam 77% dos postos de trabalho, o que tem também óbvias implicações de gênero, nem sempre devidamente aprofundadas nos estudos da área de educação. Sua presença varia segundo os níveis de escolaridade e a proporção delas aumenta gradativamente nos níveis mais baixos de escolarização.

Na educação infantil (EI) 98%; ensino fundamental (EF) 88,3% ensino médio (EM) 67% PNAD, 2006.

   A Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação - CNTE estima uma base de 2,8 milhões de trabalhadores em exercício nas redes públicas de ensino básico, dos quais 1,8 milhão está lotado no magistério.

   Para o professor avançar na sua carreira é de suma importância a educação continuada. “A educação continuada vê as pessoas como capazes de aproveitar oportunidades de aprendizado em todas as idades e em numerosos contextos: no trabalho, em casa e através de atividades de lazer, não apenas através de canais formais tais como escolas e universidades.”

   Tudo o que se espera de um professor é que ele seja um educador suficientemente preparado para, por um lado, ensinar e proporcionar aos seus alunos as aprendizagens fundamentais previstas em cada etapa da vida escolar e, por outro, ser um exemplo em relação aos valores universais da modernidade.

  Acredito, pois, se houver educação continuada com pessoas abertas a novas ideias, decisões, habilidades, espírito coletivo e fazendo os ajustes necessários que sempre surgem seguramente com o cumprimento da Lei 11.769, sancionada em 2008, que torna obrigatório o ensino de música na educação básica em todas as escolas do país, daqui a alguns anos, podemos ter um cenário bem mais promissor do que o atual. Assim também como o ensino da música em minha opinião seria oportuno, a inclusão da poesia nas escolas, e já existem algumas que trabalham este tema, apesar de ser um número insignificante. Existem também escolas que possuem até academias literárias.

 Uma sociedade com professores bem formados, com projetos atraentes e uma remuneração digna será possível atingir a qualidade que o Brasil precisa para a educação básica. "Caso isso não se concretize poderá colocar em risco o futuro do país, por conta da importância que a educação tem em um mundo altamente competitivo e em uma sociedade globalizada."

  Hoje a carreira do magistério se torna mais atraente, com mais perspectivas e avança com capacitações contínuas, novas tecnologias, as medidas educativas e suportes adequados para incorporar valores como solidariedade, afetividade, entre outros, no entanto, estão ainda insuficientes.

        A data é um convite para que todos nós, pais, alunos, escritores, poetas, enfim, a sociedade; repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação.

   Concluo e dedico estas minhas palavras aos heroicos professores anônimos da rede pública educacional de Fortaleza, as minhas colegas ajebianas, especialmente as educadoras, e ainda, ao grande educador e poeta lavrense, Filgueiras Lima (inmemorian), a minha mensagem de esperança, pois, admito que, educação e poesia sempre formaram um par ordenado.

Encerro com os trechos destes dois poemas:

   Educação dos meus sonhos (autoral)

Quero ver o mundo

Como nos meus sonhos,

Sonhos exagerados, colossais,

Nutridos de esperanças

Professores repletos de alegria

Realizando seus ideais.

Que o sonho do educador,

Concretize-se com brevidade,

Sejam além disso valorizados

E respeitados pelo seu labor.

 
Escola

Filgueiras Lima

D. Mariana, minha primeira professora,

tinha uns olhos de santa de legenda

e os braços que a Vênus de Millus perdeu...

Ela repreendia todos os alunos,

porém, nunca me repreendeu!

Também no dia da visita do Inspetor

ninguém dizia versos como eu.

D. Mariana saltava de contente,

e a meninada

ficava comigo “por aqui”

com cara de judeu.

Um dia,

(e este dia nunca me esqueceu)...

 
Muito obrigada.

Rosa Firmo Beserra Gomes

 
Referências:

GATTI, Bernadete. A construção metodológica da pesquisa em educação: desafios” publicado na Revista da ANPAE, v.28, n.1, 2012 . Acesso em 05 de outubro de 23013.

GATTI, Bernadete Angelina e Elba Siqueira de Sá Barreto (Coords).   cenpec.org.br/biblioteca/educacão/estudos- e-pesquisas/professores-do-brasil-impasses-e-desafios> Acesso em 04 de outubro de 2013.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_professor> Acesso em: 04 de outubro de 2013.

LEITÃO, Juarez, Ensino como quem reza – Vida e tempo de Filgueiras Lima, Tecnograf, 2006.

Palestra proferida em reunião da AJEB-CE