sexta-feira, 7 de março de 2014
DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 08 de Março. SALVE A MULHER!
NÃO! Não vamos falar de violência, pelo menos hoje não!
Hoje vamos falar de ascensão da mulher, seus avanços, suas
conquistas e os passos caminhados em direção a uma nova era, uma era de
conquistas, - no sentido de ocupar um lugar de destaque, um lugar digno e
merecido na sociedade. Um lugar que sempre lhe foi negado. Até mesmo as
sociedades mais tradicionalistas e fechadas estão reconhecendo os direitos, e
por consequência o valor da mulher. Estão devolvendo-lhe seus direitos para que
ela os exerça com dignidade e altivez.
Hoje é um dia para falar de reconhecimento e gratidão à
mulher Esposa Mãe, Irmã, Médica, Psicóloga, Enfermeira, Parteira,... Generosa,
Do lar, Camponesa. Administradora, Engenheira,.. Marinheira,... Advogada,
Cozinheira, Radialista, Atriz, Juíza,.. Camareira, (Mulher Policial).
Mulher Rendeira,... Seringueira,..
Demorou muitos séculos, mas a mulher conquistou seu espaço,
seu lugar em uma sociedade machista que exerce o domínio desde a pré-história.
Porém, temos que reconhecer que ainda não é tudo, há ainda um longo caminho a
ser percorrido para que se chegue ao ideal. A Mulher já ocupa posições e cargos
importantes sem perder sua feminilidade, sua meiguice, seu charme e elegância.
Deve-se reconhecer que apesar de todos os avanços,??? neste
mundo globalizado somos “bombardeados” a todo momentos com notícias de todas as
partes dando conta de maus tratos, violência, discriminação, e toda sorte de
abusos cometidos contra a mulher. Essa infelizmente é uma realidade da qual não
se pode fugir, - mas por outro lado reconhecemos que a mulher está em um
momento de muitas conquistas, e isso é uma grande evolução se comparado ao que
foi em tempos idos.
Mulher: Governadora, Presidente (a), Prefeita,... Mulher
cativante!
Mulher: Delegada,... Piloto (A) de avião... Comandante de
polícia,.. Mãe leoa...
Mulher: Mecânica,... Ministra e Secretária de Estado,..
Mulher Escritora,... Jornalista,..
Mulher: Caminhoneira,... Motorista de ônibus,..
Promotora,...
.... Essa mulher não é mais aquela que ocupava um lugar
inferior na sociedade. Essa Mulher agora Comanda... Manda!... Dirige!... Está à
Frente!... Ocupando Postos de Vanguarda... Não é mais aquela mulher que entrava
pela porta de serviços... só para a cozinha... Sem a mulher o mundo seria um
deserto! Onde há a presença feminina, há um muito ou um tudo da presença de
Deus!
Mulher Comandante!... Mulher General!... Mulher
Deputada!...Mulher Presidente Federal!...
Mulher Mãe Defensora,.. Primeira Ministra... Mulher
Astronauta,... Mulher que sabe com meiguice e gentileza dar um basta!!! Tomar
as rédeas e o comando assumir!...
... É desta Mulher que estamos falando hoje... Mulher Mãe
Dedicada...
Mulher!... Apesar do mundo, da sociedade, e da (violência),
(Mulher Companheira), Mulher (Esposa e Amante).Professora, Orientadora,
Conselheira,”GUERREIRA”,
Empreendedora, Profissional Liberal...
Um dia é muito pouco. A Mulher deveria ser homenageada todos
os dias do ano.
Parabéns, Rainha Mulher! Parabéns, Deusa Mulher!
Parabéns, Princesa Menina, Fada Mulher!
Hoje, o comando é teu,.. Assim o é, já há algum tempo. Já és
liberta do jugo de uma sociedade que te via como cidadã de segunda ou terceira
categoria. Já tens o comando em tuas delicadas mãos para dirigir tua vida e
por que não a dos demais? Não só pelo comando em si, mas sim pela condição de
igualdade perante todos os demais!
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
HOMENAGEM PÓSTUMA À EBE BRAGA, SÓCIA HONORÁRIA DA AJEB, POR GISELDA MEDEIROS
“EBE BRAGA - UMA HISTÓRIA DE VIDA DEDICADA À EDUCAÇÃO”
“Como são belas as obras de Deus. E, todavia, delas não vemos mais
do que uma centelha.” (Eclo: 42,23)
do que uma centelha.” (Eclo: 42,23)
Oscar Wilde, célebre escritor inglês, em uma de
suas felizes inspirações, assim se expressa: “A vida, assim como a pintura, a escultura e a poesia, também possui
suas obras-primas.” Partindo dessa
assertiva, procuraremos mostrar, ao longo desse trabalho, a perfeita identidade
entre o que foi dito e a professora Ebe Braga, motivo dessa monografia e que,
com efeito, constitui uma perfeita obra-prima da vida.
São 10 de julho de 1925. Na pacata Fortaleza, a
casa número 38 da rua Solon Pinheiro ilumina-se. O casal, Anastácio Braga
Barroso e Edith Dinah da Costa Braga, contemplam eufóricos a concretização do
amor: Maria Ebe da Costa Braga, a menina que, recebendo no nome a força e a
imortalidade do vinho dos deuses, é agraciada, por isso, com o dom de continuar
servindo aos humanos o vinho da sabedoria durante toda a sua vida.
Sensível e inteligente, aos sete anos, é
matriculada no Curso de Alfabetização da Escola Normal Pedro II, hoje Colégio
Estadual Justiniano de Serpa, época em que inicia também seus estudos de piano.
Ensaiava-se, aqui, a definição de sua existência sequiosa de luzes, de cultura,
de disciplina, traçada pelos pais, ricos de preceitos humanísticos e
filosóficos.
Em 1937, freqüenta o Curso de Admissão do Colégio
Farias Brito, sendo transferida, em 1940, para o Colégio Bennett, no Rio de
Janeiro, onde permanece até o ano seguinte, sem abandonar as aulas de piano,
ministradas, ali, pela professora Joaquina Mota, do Instituto Nacional da
Música. Já, a essa época, faz parte do coral, regido pelo maestro Francisco
Minhone.
Em 1942, Fortaleza a recebe de volta e, nesse ano,
conclui o curso ginasial na Escola Normal Pedro II. No seguinte, retorna ao Rio
de Janeiro, onde se dedica a aulas de canto lírico. No entanto, é forçada a
interrompê-las, em virtude de ter que voltar a Fortaleza para a celebração de
seu casamento com José Parente Frota,
passando a assinar-se Maria Ebe Braga Frota.
O elo entre Ebe e a Educação começa a se
fortalecer, imprimindo nela um compromisso de ordem doutrinária, acentuando a
formação de algo luminoso e profundo: uma responsabilidade infrene. Isso se
depreende do fato de, aos vinte e três anos, ser ela nomeada professora de
aulas suplementares de Economia Doméstica na Escola Normal Pedro II.
Em 1950, matricula-se no Colégio São José para
cursar o segundo ano científico. Conclui o curso no ano seguinte. Volta aos
estudos de canto lírico com a professora Marina Medeiros.
Sua índole, marcada já pelo selo da docência,
fá-la matricular-se, em 1951, no Colégio São José para cursar o segundo ano
Normal, vindo a concluir o curso em 1952, sendo escolhida a oradora da turma.
Não é de se estranhar que, já possuída pela
ortodoxia dos princípios filosóficos que procuram nortear a ética do ser
humano, viesse ela a enveredar pelo influxo desses princípios. Assim é que, em
1953, submete-se ao vestibular para o Curso de Filosofia, na Faculdade Católica
de Filosofia, tendo atingido a maior nota geral. Em virtude dessa conquista, é
convidada a lecionar Psicologia, História e Filosofia da Educação no Colégio
São José. É também nomeada professora de Economia Doméstica no Ginásio
Municipal de Fortaleza.. E, em 1955, vai lecionar Psicologia e Sociologia no
Colégio Santa Lúcia.
A difusão da capacidade intelectual de Ebe Braga,
personificando o abstrato do “homo
sapiens”, era um requisito indispensável para que se tivesse a jovem e
inteligente professora integrada ao quadro docente dos bons colégios. Desse
modo, em 1956, ano em que recebeu o grau de Licenciatura Plena em Filosofia, é
nomeada professora interina de Economia Doméstica, na Escola Normal Pedro II,
passando ao cargo de Professor Catedrático da mesma disciplina, através de
Concurso Público, assim como sua nomeação para Técnica de Educação.
De 1957 a
1960 passa a ser membro do Conselho Superior do Centro Estudantil Cearense, do qual
fora Diretora no período 1953/1956. No intervalo 60/66, exerce as funções de
Diretora do Departamento Feminino do Comercial Clube, durante a gestão do
professor José Cláudio de Oliveira.
Traço escolástico de sua personalidade é a
profunda contrição com que exerce seu mister. Difícil ter passado pelas mãos
dessa admirável educadora e não ter assimilado o reflexo de sua luminosidade
anímica. O ardor com que se reveste para a consecução de seus objetivos é o
pano de fundo que lhe determina o caráter de mulher forte, obstinada,
persistente e incorruptível. Jamais a abateram as dificuldades. As mais
humildes manifestações da vida, os seres desprotegidos, sempre foram motivo de
sua acurada filosofia, de sua arraigada filantropia.
Em 1958, a antiga Escola Normal Pedro II deixa as
dependências do prédio da Praça Filgueira de Melo. Transfere-se, agora como
Instituto de Educação, para a rua Graciliano Ramos, no Bairro de Fátima, para
dar lugar, ali, ao atual Colégio Estadual Justiniano de Serpa. Nesse colégio, é
criado, em 1964, o Curso Clássico, cabendo à Ebe Braga a docência da Sociologia
e, em 1968, da Filosofia, disciplinas exigidas pelo vestibular na área de
Humanidades.
Ebe Braga é um mundo nesse pedaço de natureza. A
sua vida, pautada no bem, jamais exigiu recompensas ou glórias. Elas vieram,
sim, mas em decorrência de suas atividades, de seu desprendimento, de sua
competência. Agiu e age de modo determinado, dentro dos preceitos éticos de sua
personalidade. Sempre procurou conduzir os seus discípulos com pertinácia,
mostrando-lhes as oportunidades para crescerem e enfrentarem, sem medo, as
forças, muitas vezes adversas, do tempo. Era como sempre nos tivesse a ensinar:
Caminhar em si mesmo é uma maneira de entender o próximo, ampliar-lhe o rumo,
abrir-lhe o universo. Positivamente, nossa ilustre educadora doava-se como
caminho, transmudava-se em universo. Não tinha fronteiras. Era notável seu
trabalho em sala de aula e fora dela. Sempre programava suas aulas com o amor e
a dedicação que tivera desde os primeiros dias. Jamais deixava a rotina empanar
o brilho de suas aulas. Para isso, ela estava sempre a buscar maneiras de
atrair seus alunos para seqüestrá-los, dóceis e submissos, na cela das
informações dos conteúdos didáticos. Disciplinada e disciplinadora.
Em 1966, é nomeada professora de História e
Filosofia da Educação, bem como de Sociologia, no Colégio Municipal Filgueiras
Lima, vindo a aposentar-se no ano de 1987. Matricula-se, em 1976, no Curso de
Licenciatura Curta em Teologia, no ICRE, concluindo-o em 1979 e, no ano
seguinte, conclui também o Curso de Especialização em Tecnologia Educacional
para o Ensino Superior.
O peso dos anos,
que imprime em nós um ritmo descendente, não o consegue em relação à
ilustre educadora. Pelo contrário, fá-la resistente e incansável. E, para
conseguir caminhar com o tempo, sem retrocessos, é mestra e aluna, numa
simbiose de amor. Tanto é assim que, após a aposentadoria, quando muitos se
acomodam às condições de inatividade, ela não cede. Começa a freqüentar cursos,
na ânsia de mais conhecimentos.
Um meteoro não pode deter sua vertiginosa
trajetória. Desse modo, Ebe Braga conclui, em 1985, com o grau de Licenciatura
Plena, o Curso de Ciências Religiosas. Pelo brilhantismo com que sempre se
distingue em tudo o que faz, é convidada pelo então Diretor do ICRE, Monsenhor
Francisco Pinheiro Landim, a lecionar, ali, a disciplina Introdução à Teologia.
Aposentou-se em 1992.
Merecedora dos maiores encômios, a professora Ebe
Braga recebe, em 1982, a maior comenda na área da Educação: a Medalha
Justiniano de Serpa, homenagem de que se orgulha, haja vista o reconhecimento
ao seu trabalho.
A 6 de junho de 1997, o auditório do Seminário da
Prainha, lotado, aplaude de pé a defesa da monografia intitulada O Ecumenismo: Processo Evolutivo,
requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Religiosas.
Realmente, um trabalho de fôlego, que exigiu cansativas pesquisas, em mais de
setecentas páginas. O mais importante, e vale a pena ressaltar, é o alto poder
de síntese com que foi apresentado pela ilustre bacharela, num verdadeiro
testemunho do seu lastro cultural e humanístico.
Eis, pois, em pinceladas reais, os fatos mais
importantes da história dessa grande educadora que, sem sombra de dúvida,
merece desfilar entre os nomes consagrados da Educação, porque sempre se
manteve a serviço dela, enfrentando os obstáculos, os percalços, com a alquimia
de sua alma exaltada, enriquecida pela inteligência e pelo amor devotado à
profissão, testemunhando, dessa maneira, o espírito forte de uma mulher que,
malgrado a suposta fragilidade da espécie, sabe se impor pela inegável
competência e conquistar o seu espaço, nada ficando a dever, em termos de
cultura e desempenho, ao chamado sexo forte.
Por tudo isso, Maria Ebe Braga Frota é, inegavelmente,
verdadeira obra-prima da vida.
“Labor omnia
vincit.”
Giselda Medeiros
(ex-aluna)
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
UM POEMA DE LILA XAVIER
POESIA PERECÍVEL
Minha poesia
Não é sonora
É perecível ao tempo
É metástase no corpo de algum ente.
Sufrágio de outras almas
Que sofreram os horrores
Dos amores perdidos.
Minha poesia
Não é sonora
Ela se constitui do não-sentido das coisas
São frases textuais desconexas
Sem nexo, sem paladar.
Minha poesia
Não é sonora
Ela não passa de efêmera literatura
Composta de tantas palavras
Jogadas ao vento.
Palavras profanas
Recitadas com gritos inaudíveis
Exclusivos, apenas, aos meus ouvidos
E só aos meus ouvidos!
Faço questão da ênfase!
Tais palavras nada, nada poéticas
Pertencem a um magistrado comunista
Trôpego, bêbado
Político, célebre e patético,
Que representa
A rudeza do meu ser...
Vindo à tona e se mostrando
Como um vestido lindo
Que resgata o ego ferido
Num totalitarismo frascário.
Minha poesia
Não é sonora
É trégua entre o “eu” e “eu”
Entre ser e não ser-nada
Apenas desenha o bulício do esferográfico
Que incrementa a pseudo
Imortalidade dos eruditos.
Minha poesia
Não é sonora
Porque alimentada de pretensão sectária,
Do zelo de uma poesia letrada
Que provoca e exorta
Uma compulsão nos militantes.
Os poetas (os verdadeiros) imortais
Escrevem subliminarmente
Em diáfanos dialetos
E, com certeza, estarão vivos
Dentro de mim.
Lila Xavier.
— com Vicente
Alencar e outras 2 pessoas.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
OS SALMOS: A ANATOMIA DA ALMA HUMANA
03/02/2014
Os salmos constituem uma das formas mais altas de
oração que a humanidade produziu. Milhões e milhões de pessoas, judeus,
cristãos e religiosos de todas as tradições, dia a dia, recitam e cantam
salmos, especialmente os religiosos e religiosas e os padres no assim chamado
“ofício das horas” diário.
Não sabemos exatamente quem seus autores, pois eles recolhem
as orações que circulavam no meio do povo. Seguramente muitos são de Davi
(século X a.C.). É considerado, por
excelência, o protótipo do salmista. Foi pastor, guerreiro, profeta, poeta,
músico, rei e profundamente religioso. Conquistou o Monte Sion dentro de
Jerusalém e lá, ao redor da Arca da Aliança, organizou o culto e introduziu os
salmos.
Quando se diz “salmo de Davi” na maioria das vezes
significa: “salmo feito no estilo de Davi”. Os salmos surgiram no arco de quase
mil anos, nos lugares de culto e recitados pelo povo até serem recopilados na
época dos Macabeus no século II.a.C. O saltério é um microcosmo histórico,
semelhante a uma catedral da Idade Média, construída durante séculos, por
gerações e gerações, por milhares de mãos e incorporando as mudanças de estilo
arquitetônico das várias épocas. Assim há salmos que revelam diferentes
concepções de Deus, próprias de certa época, como aqueles, estranhas para nós,
que expressam o desejo de vingança e o juízo implacável de Deus.
Os salmos testemunham a profunda convicção de que Deus, não
obstante habitar numa luz inacessível, está em nosso meio, morando como que numa tenda
(shekinah). Podemos chegar a Ele, em súplicas, lamentações, louvores e ações de
graças. Ele está sempre pronto para escutar.
O lugar denso de sua presença é o Templo onde se cantam os
salmos. Mas como Criador do céu e da terra, está igualmente em todos os
lugares, embora nenhum possa contê-lo.
Com razão, se orgulhavam os hebreus dizendo: “ninguém tem um
Deus tão próximo como nós”! Próximo de cada um e no meio de seu povo. Os salmos
revelam a consciência da proximidade divina e do amparo consolador. Por isso há
neles intimidade pessoal sem cair no intimismo individualista. Há oração
coletiva sem destituir a experiência pessoal. Uma dimensão reforça a outra,
pois cada uma é verdadeira: não há pessoas sem o povo no qual estão inseridas e
não há povo sem pessoas livres que o formam.
Ao rezar os salmos, encontramos neles a nossa radiografia
espiritual, pessoal e coletiva. Neles identificamos nossos estados de
ânimo: desespero e alegria, medo e confiança, luto e dança, vontade de
vingança e desejo de perdão, interioridade e fascinação pela grandeza do
céu estrelado. Bem o expressou o reformador João Calvino (1509-1564) no prefácio
de seu grandioso comentário aos salmos:
“Costumo definir este livro como uma anatomia de todas as
partes da alma, porque não há sentimento no ser humano que não esteja aí
representado como num espelho. Diria que o Espírito Santo colocou ali, ao vivo,
todas as dores, todas as tristezas, todos os temores, todas as dúvidas, todas
as esperanças, todas as preocupações, todas as perplexidades até as emoções
mais confusas que agitam habitualmente o espírito humano”.
Pelo fato de revelarem nossa autobiografia espiritual, os
salmos representam a palavra do ser humano a Deus e, ao mesmo tempo, a
palavra de Deus ao ser humano. O saltério serviu sempre como livro de
consolação e fonte secreta de sentido, especialmente quando irrompe na
humanidade o desamparo, a perseguição, a injustiça e a ameaça de morte. O
filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) deu este insuspeitado testemunho: “Das
centenas de livros que li nenhum me trouxe tanta luz e conforto quanto estes
poucos versos do salmo 23: O Senhor é meu pastor e nada me falta; ainda que
ande por um vale tenebroso, não temo mal nenhum, porque Tu estás comigo”.
Um judeu, por exemplo, cercado de filhos, era empurrado,
para as câmaras de gás em Auschwitz. Ele sabia que caminhava para o extermínio.
Mesmo assim, ia recitando alto o salmo 23: “O Senhor é meu pastor… Ainda que eu
ande pela sombra do vale da morte, nenhum mal temerei, porque Tu estás
comigo”. A morte não rompe a comunhão com Deus. É passagem, mesmo dolorosa,
para o grande abraço infinito da paz eterna.
Por fim, os salmos são poesias religiosas e místicas da mais
alta expressão. Como toda poesia, recriam a realidade com metáforas e imagens
tiradas do imaginário. Este obedece a uma lógica própria, diferente daquela da
racionalidade. Pelo imaginário, transfiguramos situações e fatos detectando
neles sentidos ocultos e mensagens divinas. Por isso dizemos que não só
habitamos prosaicamente o mundo, colhendo o sentido manifesto do desenrolar
rotineiro dos acontecimentos. Habitamos também poeticamente o mundo, vendo o
outro lado das coisas e um outro mundo dentro do mundo de beleza e de
encantamento.
Os salmos nos ensinam a habitar poeticamente a realidade.
Então ela se transmuta num grande sacramento de Deus, cheia de sabedoria, de
admoestações e de lições que tornam mais seguro nosso peregrinar rumo à Fonte.
Como bem diz o salmista: “quando caminho entre perigos, tu me conservas a vida…
e estás até o fim a meu favor” (Salmo 138, 7-8).
Leonardo Boff é autor
de O Senhor é meu Pastor: consolo divino para o desamparo humano,
Vozes 2013.
(in: leonardoboff.com)
sábado, 18 de janeiro de 2014
A AJEB-CE UNE-SE AO PESAR DE NILZE COSTA E SILVA PELA PERDA DE SUA MÃE
À MINHA MÃE
Pe. Antônio Tomás
Quer viva alegre, quer me punjam dores,
Jamais esqueço a minha Mãe querida,
Pois trago dentro em mim como esculpida
A imagem dela ornada de fulgores.
E de contínuo em místicos ardores
Se eleva aos céus minha alma enternecida,
Pedindo a Deus que lhe prolongue a vida
E lhe conceda sempre os seus favores.
Se eleva aos céus minha alma enternecida,
Pedindo a Deus que lhe prolongue a vida
E lhe conceda sempre os seus favores.
E quando eu vou rezar à Virgem pura,
Sucede que o seu nome se mistura
Às minhas preces com frequência tanta ...
Sucede que o seu nome se mistura
Às minhas preces com frequência tanta ...
Que eu temo, às vezes, não se manifeste
Enciumada a minha mãe celeste
Do grande amor que eu tenho àquela santa.
Enciumada a minha mãe celeste
Do grande amor que eu tenho àquela santa.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
AJEBIANA ROSA FIRMO FAZ APRECIAÇÃO SOBRE LIVRO DE NIRVANDA MEDEIROS
Minha cara Nirvanda,
Quando adquiro um livro meu desejo é ler de imediato, leio o prefácio, a
apresentação e me empolgo para desbravar o texto.
Como
presente de Natal recebi alguns livros, inclusive o seu, “Vivenciando Passos –
Um caminho construído com amor”. A
temática logo me chamou a atenção e o contexto em que se passava a história,
pois, o mar e sertão se fundem em mim.
Para deleite enquanto degusto a leitura de um livro, costumeiramente
faço minhas anotações. Com seu livro não foi diferente, após a conclusão da
leitura e minha apreciação produzi este texto.
Sempre
observei como são nítidas as diferenças entre o litoral e o sertão, no entanto,
em termos econômicos e sociais não fogem às semelhança em relação ao processo
do desenvolvimento, tudo foi acontecendo lentamente em ambos, enquanto isso
homens de coragem e fé como os personagens “Joaquim e Felismina" como você
destaca; estes foram os desbravadores, os construtores do progresso em décadas
passadas no litoral de Camocim. Assim também aconteceu em outras regiões do
Ceará, muitos personagens transformaram paisagens áridas, fizeram histórias
análogas a sua.
Os
personagens moradores do “Lugarejo,” esse paraíso que você descreve, mesmo
pobre economicamente, mas de uma nobreza singular, literalmente rica de
qualidades e valores morais e espirituais mostra quanto o homem de fé é
criativo e capaz de transformar e dar rumos à história.
A
natureza exuberante do “Lugarejo”, cenário em que você coloca os personagens
representados por pessoas simples, desprovidas de bens materiais, porém sábias
para lidar com as riquezas do mar, do mangue, enfim, tudo que o litoral oferece
para sobrevivência, faz-nos reportar à Pasárgada de Manoel Bandeira. E isso
impulsiona o leitor questionar que existia um paraíso perdido, e este lugarejo
constitui-se, porém não somente de belezas naturais, bem como de personagens
vivos espiritualizados, corajosos que sobreviveram com as dificuldades com
determinação.
Ao
longo da narrativa você tece numa linguagem singela, o perfil de uma família
equilibrada, personagens que são modelo de inúmeras famílias nordestinas, sejam
elas sertanejas ou litorâneas, que percorreram caminhos espinhosos, enfrentaram
perdas e ganhos, porem com fé e coragem conquistarem seus ideais; especialmente
granjearam uma melhor condição para seus filhos. Assim se constitui a nossa
história, que por vezes somos personagens e autores ao mesmo tempo.
Providencialmente, vale ressaltar que suas memórias revelam a sua
essência, são retalhos do passado que saltam de suas entranhas como
reminiscências de um passado cheio de sentimentos bons, de felicidade.
As
mensagens entremeadas ao longo do texto romanceado mesmo fugindo o roteiro, representa
seu perfil de educadora, que deseja repassar para o leitor reflexões e lições
de vida.
Parabéns, Nirvanda, por mais um legado para as
novas gerações.
Rosa Firmo
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
FELIZ ANO NOVO, QUERIDOS AJEBIANOS!
Feliz Ano Novo!
Giselda Medeiros
O ano começa...
Uma nova luz te chegará
pela primeira aurora.
E teus sonhos serão sóis,
que hás de conservar ardendo,
sempre em chamas.
Eles te impulsionarão,
da aurora ao arrebol de cada dia
da tua vida!
A felicidade, então,
te sorrirá,
em asas e plumas,
mesmo na languescência
dos poentes...
E A LUZ!
A luz do teu sonho
virá, sempre,
pela madrugada sangrenta,
e desabrochará,
linda e majestosa,
em pétalas!
Faça-se a Luz!
Feliz Ano Novo para você!
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
AJEB - FELIZ NATAL
A AJEB deseja a todos os seus associados, amigos e leitores desse blog um FELIZ NATAL! Que as bênçãos de luz irradiadas das mãos do MENINO-JESUS caiam sobre cada um de nós, trazendo-nos paz, harmonia, amor e felicidades.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
NIRVANDA MEDEIROS LANÇA LIVRO
A Presidente da AJEB-CE, Nirvanda Medeiros, lançou seu segundo livro, Vivenciando Passos: Um caminho construído com amor, dia 27 de novembro de 2013, no Náutico Atlético Cearense, em evento dos mais prestigiados, com apresentação do jornalista Vicente Alencar.
Confiram as fotos e, ao final, leiam as palavras da autora, em seus agradecimentos.
Confirmamos as
palavras de José Saramago:
Agradeço a gentileza
do nosso amigo, escritor e jornalista
Vicente Alencar, que, com sua
brilhante fala, fez
a apresentação do livro.
Confiram as fotos e, ao final, leiam as palavras da autora, em seus agradecimentos.
VIVENCIANDO PASSOS –
Um caminho construído com amor.
Boa Noite, prezadas autoridades que
compõem a mesa principal, que
saúdo em nome do Presidente da Academia de Retórica, Dr. Mauricio Benevides, meu
dileto amigo e compadre; autoridades de outras arcádias presentes; confrades,
confreiras, meu companheiros, companheiras do Lions Clubes, amigos, amigas e
familiares.
Cada manhã
que chega traz a
explosão de grandes
projetos dentro de
cada um de nós,
com promessas a
cumprir o que
planejamos.
Procure dar o mais que puder... Uma boa palavra; Um
sorriso, um pensamento generoso... E você há de sentir em seu coração a grande verdade: é muito
melhor dar que receber! Confiemos nessa força que habita dentro de cada um de nós,
dando-nos vida e coragem.
Lembro Clarice Lispector:
“DIZEM QUE A VIDA
É PARA QUEM
SABE VIVER, MAS NINGUÉM
NASCE PRONTO.
A VIDA É PARA QUEM
É CORAJOSO O SUFICIENTE
PARA ARRISCAR E HUMILDE
O BASTANTE PARA APRENDER”.
Daí, a nossa razão de ter coragem e de
ter humildade em pensar, refletir e de criar coisas
novas, de ser sábia, portanto, somos
dotados de inteligência, de raciocínio, além de sermos capazes de
fazer cultura.
A vida é um encanto de beleza!
Tenho certeza de que, assim, a vida se transformará num hino de ação
de graças ao PAI TODO PODEROSO. Fiquemos atentos!
“Somos todos
escritores, só que alguns escrevem e
outros não”.
Repito, há necessidade de ter coragem e de
ter humildade, para podermos
parar, pensar e escrever
algo que está dentro de cada
um de nós. Nossos sonhos, pensamentos!
O pensamento é a maior força criadora que existe sobre a
terra.
Não é difícil,
é só começar e resolver: escreva,
escreva , rabisque, pesquise, torne o imaginário quase realidade.
Plante semente de otimismo e de amor para colher frutos
doces da alegria e da felicidade.
Palavras de Rubem Alves;
“Um livro é
um brinquedo feito
com letras. LER
É BRINCAR!”
Há necessidade de ter
coragem de começar a escrever e
humildade para ouvir as
críticas construtivas ou
destrutivas. Ter certeza de que
somos seres únicos. Cada um com sua liberdade.
Acredito que seja felicidade, quando se sabe
que o outro
leu e comentou.
Assim, como os
universos foram criados pela palavra de Deus, assim, também, nossos pequenos mundos foram criados pelas
nossas palavras.
Tudo é
aprendizagem!
Sinto – me feliz, nesta
noite de profunda significação, ao lado
de meus amigos, amigas e familiares.
Para mim é motivo
de alegria de ter tido
a coragem de lançar
mais um livro escrito
com muito amor, que representa uma
vida saudável, cheia de
harmonia e muita
paz.
Escrevo e falo com simplicidade; aprendi com meus pais e
continuei como professora de crianças.
Escrevi VIVENCIANDO PASSOS: Um
caminho construído com
amor! Foram felizes dias
escrevendo.
Registramos, aqui, com satisfação, e ao
mesmo tempo, agradecemos
a nossa escritora
e Presidente de Honra
da AJEB ( Associação de
Jornalistas e Escritoras
do Brasil) Giselda Medeiros,
que, com
presteza e sabedoria,
fez a revisão
dos textos, e, para completar escreveu
a apresentação.
Agradeço ao nosso arquiteto Claudemir Sousa, que
carinhosamente criou
a capa de nosso livro.
À Editora Premius,
na pessoa do CL do Lions Clube Fortaleza Jangada
e Confrade Francisco de
Assis de Almeida Filho, pelo projeto gráfico. E, para completar, fez uma sábia mensagem.
Ao Náutico Atlético
Cearense, na pessoa de seu Presidente Pedro Jorge Medeiros,
que nos acolhe com muita delicadeza e presteza de seus funcionários.
Destaco a alegria de
contar com as presenças dos
Companheiros, companheira e domadoras do
Lions Clube Fortaleza Fátima e dos companheiros, companheiras dos outros clubes que fazem parte do Distrito
LA4; a todos o meu reconhecimento pelas presenças.
Aos confrades e
confreiras das Academias a que pertenço:
Academia Leonística de Cultura do Ceará; como presidente Antônio Nogueira
Filho; Academia
Metropolitana de Fortaleza - presidente Júnior Bomfim; Academia Feminina
de Letras - presidente Argentina Andrade; nosso grupo especial de AJEB ( Associação de Jornalistas e
Escritoras do Brasil). Obrigada,
ajebianas e sócios colaboradores.
Participamos, também, de um
grupo peculiar, A ALFE
(Associação das Lojistas Femininas). Obrigada, amigas, pelo comparecimento.
Aos meus amigos e
amigas da Escola de Pais, grupo que colaborou e nos enriqueceu para educação de nossos filhos.
Ao nosso grupo do cafezinho, a turma do almoço da Esmeralda...
Quero reverenciar a memória de meu inesquecível esposo Raimundo Medeiros Sobrinho, que
há cinco anos está ao lado do PAI
CELESTE, e agora tenho
certeza de que ele está aqui presente
ao meu lado, ao nosso lado.
Sinto falta dos meus estimados pais Francisco das Chagas
Medeiros e Joaquina Teixeira Medeiros, de meus irmãos Maria Alice e José Nilson Medeiros,
que também já se foram.
Meus filhos, genro, noras
e netos, estes guerreiros que
sempre estão ao meu lado, me dando coragem e sabedoria, para que eu
continue na jornada da vida:
Pedro Jorge Medeiros
e EVELINE,
Adda Ch ristiane Medeiros
Moreira e Daniel;
Jorge André Medeiros
e Maria do Céu;
Raimundo Medeiros Filho e Juliana;
Amável, neto, Pedro Jorge
Medeiros Filho;
Queridas netas; Natasha, Sarah Christiane,
Marina, Maria Clara,
Mirela e Júlia;
Meus irmãos, irmãs, cunhados, cunhadas, sobrinhos e
primos presentes.
Vocês são importantes para mim!
Ao PAI CELESTIAL, NOSSA MÃE SANTÍSSIMA, razão de nossa existência. Que nos deem luz, Paz e muita saúde!
Enfim, desejo a todos vocês
um Feliz Natal, que brilhe uma nova luz! O Natal é a proposta de
Deus para todos nós.
OBRIGADA!
Maria Nirvanda
Medeiros
27/11/2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
IMORTALIZA-SE O GRANDE DEFENSOR DA PAZ
NELSON MANDELA.
(In Memoriam)
Hoje, o mundo, em luto, vela
O paladino da Paz,
O insigne Nelson Mandela
Que, no amor, se fez capaz
De se doar por inteiro
À causa em prol da igualdade
Racial. Pacífico e ordeiro,
Este homem-fraternidade
Padecera na prisão
Por longos 27 anos
Por lutar pela paz e o amor.
O mundo chora esse irmão,
Que pela força dos arcanos
Fez seu povo vencedor!
J. Udine – 05-12-2013.
(In Memoriam)
Hoje, o mundo, em luto, vela
O paladino da Paz,
O insigne Nelson Mandela
Que, no amor, se fez capaz
De se doar por inteiro
À causa em prol da igualdade
Racial. Pacífico e ordeiro,
Este homem-fraternidade
Padecera na prisão
Por longos 27 anos
Por lutar pela paz e o amor.
O mundo chora esse irmão,
Que pela força dos arcanos
Fez seu povo vencedor!
J. Udine – 05-12-2013.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
AJEB - LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA NACIONAL
A Diretoria Executiva Nacional da AJEB, sediada na cidade de São Paulo, presidida por Daisy Buazar, promoverá o lançamento de mais uma Antologia Nacional, sob o título LETRAS ENCANTADAS.
Da Coordenadoria do Ceará participam: Nirvanda Medeiros, Rejane Costa Barros, Maria Helena Macedo, Giselda Medeiros, Sérgio Macedo, Moacir Gadelha e Pereira de Albuquerque.
O lançamento ocorrerá dia 5 de dezembro, de 18h30min - 21h30min, na Livraria da Vila, Shopping Pátio Higienópolis - Piso Pacaembu.
Endereço: Av. Higienópolis, 618 - SP
Será mais um evento que elevará o nome da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, entidade que vem se mantendo com sucesso há 43 anos.
PARABÉNS, DAISY! PARABÉNS, AJEB!
sábado, 30 de novembro de 2013
NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
Maria vem até nós
Na medalha milagrosa:
Suas mãos derramam graças
Como raios luminosos.
No reverso da medalha
A letra M e a cruz;
E os corações amorosos
De Maria e de Jesus.
Ó Maria, Mãe de Deus,
Concebida sem pecado,
Nossa Senhora das Graças!
Ó Maria Imaculada,
Rogai agora por nós,
Que recorremos a vós!
Horácio Dídimo
Música de Mauro Augusto
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
UM CONTO DE GISELDA MEDEIROS
SELMA
Ainda a
bordo do avião, fico a pensar em Selma. Como será o nosso reencontro?!
Imagino-a mais madura (quem sabe?)
curada daquele trauma antigo. Luís, ao meu lado, finge não perceber minha preocupação, chamando-me a atenção para
suas leituras. Sei que o seu objetivo é desviar meus pensamentos. No entanto, à
medida que a distância aérea vai sendo vencida, mais eu me vou compungindo
nesta expectativa de novamente reacender toda uma triste história adormecida no
passado.
Ficar três anos longe do Brasil (e sem notícia, pois
assim achara melhor Dr. Henrique) fizera-nos um bem enorme. Estamos inteiros
Luís e eu, para esclarecer (digo melhor, virar) uma página que não fora lida,
muito menos interpretada com exatidão. Como estaria Selma era a minha grande
preocupação. E como reagiria ante o nosso regresso? Sabia-me amada por ela,
para quem fui mais que uma irmã, desde a morte de nossos pais. Estaria ela
melhor? Tomara!
Toda aquela cena de antes jorrou sobre mim,
cascateando dúvidas (como sempre as tive), medo e insegurança. E se aquelas
suspeitas fossem duras verdades? Sempre acreditara no óbvio. Mas, se o óbvio
passar a ser o não óbvio? Como reagirei? Que atitude tomar?
Após a morte de nossos pais (Selma estava com sete
anos), eu, recém-casada, passara a cuidar dela e não me lembro de ter notado,
até essa época, nada de anormal no seu comportamento. Era uma criança precoce,
é bem verdade. Com o passar dos dias, fomos nos tornando seus pais. Luís a
colocava no colo, brincava de cavalinho, de pega-pega, de cabra-cega, enfim,
eram duas crianças peraltas. Esse clima, familiarmente perfeito, durou até o
dia em que a presenciei amuar-se quando Luís a pôs no colo. Era natural,
pensei, já estava mudando: os seios intumesciam-se, os pêlos desenhavam-se no
corpo e a menarca precoce que lhe chegara. Desde então, comecei a notar algo
esquisito no seu comportamento. Fugia para o quarto, sempre com alguma
desculpa, à simples chegada de Luís.
Porque casara muito jovem, aos 14 anos (Luís tinha
30), não sabia bem como assumir a maternidade nesta fase adolescente. Por isso
(e acho que foi aí o meu erro), deixei Luís mais à vontade para iniciá-la nessa
nova fase da vida, uma vez que o via como um verdadeiro pai para ela,
amadurecido e experiente. Ah, adolescência, adolescência! - pensei com saudade.
Não tive tempo para usufruí-la em sua exuberância nem pude vê-la cair sobre
minha irmã. Pobre Selma!
Recriminava-me agora por tê-la abandonado. Digo melhor, não abandonado,
pois a deixara sob a tutela do Dr. Henrique, que nos aconselhara a viagem.
Deixasse com ele as providências quanto ao caso de Selma.
Novamente Luís intervém, dizendo-me estar perto a
chegada. O coração angustia-se. Bate mais forte. Suores. Ondas de frio e calor
percorrem-me o corpo. Fecho os olhos, acomodo-me à poltrona e finjo dormir.
Rememoro o primeiro encontro com Luís, um empresário recém-saído de um
casamento sem filhos. Dizia não querê-los. Este era um ponto discordante entre
nós, porque sempre achei serem os filhos uma peça vital no tabuleiro do
matrimônio. Tornavam-no mais completo, mais sólido, embora entendesse não ser
isso somente o seu sustentáculo. Mas eram o sal necessário ao paladar do casal.
Diante deste meu posicionamento, Luís sempre achava argumentos para provar que
nem sempre eu estava com a razão. Porém o mais intrigante era o fato de ele não
querer filhos e gostar tanto de crianças, principalmente das meninas. Sempre
fora um bom marido, entretanto uma nódoa pairava no nosso céu. Eu sentia
(aliás, sempre senti) algum embaraço na voz, nos gestos dele, quando evocávamos
o passado. “Vamos esquecer isso”, dizia-me sempre que queria retomar o assunto.
Agora mesmo, no avião, enquanto finjo dormir, noto-lhe
uma ansiedade no olhar, um não sei quê perdido que preciso reencontrar. Finge
ler e me examina. Pareço dormir, ele afrouxa a gravata, sério. E, como que
tomado de um certo medo, suspira aflição. Novamente volta a me olhar (sinto-lhe
o hálito preocupado no beijo que deita nos meus lábios e que me queima pele
adentro). O “querida, estamos chegando” arranca-me do meu falso sono.
“Apertem os cintos”... E o pouso em minha terra.
Cumprimentos, abraços, beijos. Nada me distrai. Meu
olhar busca Selma com ânsia dorida. Selma! Selma! (?)
“Olá, Dr. Henrique! E Selma?!”
Selma não viera. Tão moça!
Cheia de interrogações, vi cair sobre Luís o olhar
áspero, carregado de revolta, vindo do Dr. Henrique no “como vão”, secamente
articulado.
(In: SOB EROS E THANATOS)
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
REUNIÃO DA AJEB - 15 DE OUTUBRO DE 2013
Professor – Um profissional
com perspectiva?
Prossigo, portanto, à minha fala, afirmando
que foi com prazer e receio que aceitei o convite da nossa presidenta para
dialogar com minhas colegas da AJEB sobre o dia do professor, pois, temos nossa
AJEB muitas educadoras, Nirvanda Medeiros, Giselda Medeiros, Evan Bessa, Maria
do Carmo, Neide Freire, Maria Helena, e Francinette Azevedo, me desculpem se
existem outras e deixei de citá-las.
Estou aqui apenas para dedicar uma mensagem,
e não para falar sobre o dia do professor inserido no atual sistema educacional
brasileiro, nem tão pouco para defendê-lo, apesar de ter dedicado grande parte
da minha vida a essa tão nobre e ao mesmo tempo árdua profissão. Citarei apenas
algumas informações ao aludido dia de um profissional tão especial como afirma
Cora Coralina:
“Professor,
“sois o sal da terra e a luz do mundo”.
Sem
vós tudo seria baço e a terra escura.
Professor,
faze de tua cadeira,
a
cátedra de um mestre.
É evidente que todas as categorias merecem
respeito, pela contribuição dada, cada qual a seu modo, ao desenvolvimento da
sociedade. Porém, o dia do professor é uma das datas mais significativas do
calendário de homenagens dirigidas às categorias profissionais.
Nesse contexto, entretanto, o professor
desempenha papel de particular relevância, por transmitir o conhecimento que
servirá de base à formação dos demais profissionais. E ainda por estimular, em
sua tarefa cotidiana, o crescimento pessoal e o exercício da cidadania entre
seus alunos, sejam eles crianças, jovens ou adultos.
Ninguém nega o valor da educação e que um bom
professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus
filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra
o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário,
mas, permitimos que esses profissionais
continuem sendo desvalorizados. E ainda
mal remunerados, com baixo prestígio social são responsabilizados pelo
fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu
trabalho.
A profissão de educador continua sendo
muito necessária, sendo mais atraente na rede privada e escolas de nível
superior. E menos concorrida na rede pública; no entanto, não para de crescer
em nosso país, nem mesmo com os avanços tecnológicos.
Informações sobre esse assunto vêm do estudo:
Professores do Brasil: Impasses e
Desafios. Lançado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura-Unesco, o doutor em educação e consultor Celio da Cunha, ao
comentar este assunto, “lembrou que os professores representam o terceiro maior
grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários
(15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). A profissão supera,
inclusive, o setor de construção civil (4%).” RAIS 2006.
O
poder público é responsável por 83% dos empregos do magistério. Destes, 77,6%
estão na educação básica.
As mulheres ocupam 77% dos postos de
trabalho, o que tem também óbvias implicações de gênero, nem sempre devidamente
aprofundadas nos estudos da área de educação. Sua presença varia segundo os
níveis de escolaridade e a proporção delas aumenta gradativamente nos níveis
mais baixos de escolarização.
Na
educação infantil (EI) 98%; ensino fundamental (EF) 88,3% ensino médio (EM) 67%
PNAD, 2006.
A Confederação Nacional de Trabalhadores da
Educação - CNTE estima uma base de 2,8 milhões de trabalhadores em exercício
nas redes públicas de ensino básico, dos quais 1,8 milhão está lotado no
magistério.
Para o professor avançar na sua carreira é
de suma importância a educação continuada. “A educação continuada vê as pessoas
como capazes de aproveitar oportunidades de aprendizado em todas as idades e em
numerosos contextos: no trabalho, em casa e através de atividades de lazer, não
apenas através de canais formais tais como escolas e universidades.”
Tudo o que se espera de um professor é que
ele seja um educador suficientemente preparado para, por um lado, ensinar e
proporcionar aos seus alunos as aprendizagens fundamentais previstas em cada
etapa da vida escolar e, por outro, ser um exemplo em relação aos valores
universais da modernidade.
Acredito, pois, se houver educação continuada
com pessoas abertas a novas ideias, decisões, habilidades, espírito coletivo e
fazendo os ajustes necessários que sempre surgem seguramente com o cumprimento
da Lei 11.769, sancionada em 2008, que torna obrigatório o ensino de música na
educação básica em todas as escolas do país, daqui a alguns anos, podemos ter
um cenário bem mais promissor do que o atual. Assim também como o ensino da
música em minha opinião seria oportuno, a inclusão da poesia nas escolas, e já
existem algumas que trabalham este tema, apesar de ser um número
insignificante. Existem também escolas que possuem até academias literárias.
Uma sociedade com professores bem formados,
com projetos atraentes e uma remuneração digna será possível atingir a
qualidade que o Brasil precisa para a educação básica. "Caso isso não se
concretize poderá colocar em risco o futuro do país, por conta da importância
que a educação tem em um mundo altamente competitivo e em uma sociedade
globalizada."
Hoje a carreira do magistério se torna mais
atraente, com mais perspectivas e avança com capacitações contínuas, novas
tecnologias, as medidas educativas e suportes adequados para incorporar valores
como solidariedade, afetividade, entre outros, no entanto, estão ainda
insuficientes.
A data é um convite para que todos nós,
pais, alunos, escritores, poetas, enfim, a sociedade; repensemos nossos papéis
e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação.
Concluo e dedico estas minhas palavras aos
heroicos professores anônimos da rede pública educacional de Fortaleza, as
minhas colegas ajebianas, especialmente as educadoras, e ainda, ao grande
educador e poeta lavrense, Filgueiras Lima (inmemorian), a minha mensagem de
esperança, pois, admito que, educação e poesia sempre formaram um par ordenado.
Encerro
com os trechos destes dois poemas:
Educação dos meus sonhos (autoral)
Quero
ver o mundo
Como
nos meus sonhos,
Sonhos
exagerados, colossais,
Nutridos
de esperanças
Professores
repletos de alegria
Realizando
seus ideais.
Que
o sonho do educador,
Concretize-se
com brevidade,
Sejam
além disso valorizados
E
respeitados pelo seu labor.
Escola
Filgueiras
Lima
D.
Mariana, minha primeira professora,
tinha
uns olhos de santa de legenda
e
os braços que a Vênus de Millus perdeu...
Ela
repreendia todos os alunos,
porém,
nunca me repreendeu!
Também
no dia da visita do Inspetor
ninguém
dizia versos como eu.
D.
Mariana saltava de contente,
e
a meninada
ficava
comigo “por aqui”
com
cara de judeu.
Um
dia,
(e
este dia nunca me esqueceu)...
Muito
obrigada.
Rosa
Firmo Beserra Gomes
Referências:
GATTI,
Bernadete. A construção metodológica da pesquisa em educação: desafios”
publicado na Revista da ANPAE, v.28, n.1, 2012
. Acesso em 05 de
outubro de 23013.
GATTI,
Bernadete Angelina e Elba Siqueira de Sá Barreto (Coords). cenpec.org.br/biblioteca/educacão/estudos-
e-pesquisas/professores-do-brasil-impasses-e-desafios> Acesso em 04 de
outubro de 2013.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_continuada>
Acesso em: 04 de outubro de 2013
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_professor>
Acesso em: 04 de outubro de 2013.
LEITÃO,
Juarez, Ensino como quem reza – Vida e tempo de Filgueiras Lima, Tecnograf,
2006.
Palestra proferida em reunião da AJEB-CE
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