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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A CRÔNICA DE RUBEM BRAGA - Zenaide Marçal


Muitas obras literárias, mesmo algumas obras-primas, passaram pela publicação em jornal antes de serem impressas em livro. Podemos citar, entre os autores brasileiros, Machado de Assis, com Memórias Póstumas de Brás Cubas; Graciliano Ramos, com Vidas Secas; Raul Pompéia, com O Ateneu, entre outros.
Assim é a obra de Rubem Braga. Considerado com justiça o maior cronista brasileiro da sua época, suas crônicas sempre tiveram lugar de destaque em grandes jornais e revistas do Brasil. Antes dele a crônica era um gênero pouco valorizado, pelo caráter efêmero da crônica jornalística, mas ele conseguiu dar-lhe o sentido de permanência literária com a sua prosa de admirável simplicidade e de considerável teor poético. A Poesia se faz presente a todo instante nas suas narrativas claras, envolventes, bem-humoradas, e informativas quando o assunto o exige. Assim, veio a ser o único escritor a conquistar um lugar definitivo na nossa literatura, unicamente como cronista.
Manuel Bandeira foi o primeiro a reconhecer, em Rubem Braga, o dom da prosa com originalidade e o incluiu na sua “Antologia dos Poetas Bissextos Contemporâneos”.
Nasceu Rubem Braga em Cachoeiro do Itapemirim no dia 12 de janeiro de 1913. Seu pai, Francisco Carvalho Braga, foi o primeiro prefeito da cidade. Formou-se em Direito em Belo Horizonte, mas nunca exerceu a advocacia. Ainda estudante, iniciou-se no jornalismo cuja profissão o absorveu e na qual obteve muito êxito. Foi cronista, repórter e comentarista político no Brasil e no exterior, como enviado de diversos jornais brasileiros.
Quando correspondente do Diário Carioca, acompanhou a Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Escreveu “in loco” crônicas cheias do realismo brutal da guerra e o fez com tal fidelidade que, lendo-as, somos transportados à Itália, ao meio dos combates; somos levados a partilhar não só a sua indignação com as atrocidades da guerra, mas também a sua piedade pelo sofrimento dos jovens e das suas famílias. Essas crônicas estão reunidas no seu livro intitulado Crônicas da Guerra na Itália.
Durante o ano de 1950, viveu em Paris; em 1955, chefiou o Escritório Comercial do Brasil em Santiago do Chile; de 1961 a 1963, foi Embaixador do Brasil no Marrocos, para citar apenas alguns dos importantes cargos que ocupou. No entanto, nada fez com que a escrita de Rubem Braga perdesse a leveza e a sensibilidade de sempre.
Na época em que escrevia para um dos jornais do Rio de Janeiro, conseguiu prender a atenção dos seus leitores escrevendo sobre uma borboleta amarela, que voava livremente em pleno movimento da cidade. Levou-os durante três semanas, através da sua crônica semanal, a acompanharem o vôo da borboleta, enriquecendo a narrativa com os mais variados e coerentes comentários relacionados aos lugares por onde ela passava, como vemos neste trecho: “A minha borboleta! Isso, que agora eu disse sem querer, era o que eu sentia naquele instante: a borboleta era minha, como se fosse o meu cão, minha amada de vestido amarelo que tivesse atravessado a rua na minha frente e eu devesse segui-la”.
Sobre um pé de milho, que nasceu por acaso no seu jardim e foi cuidado até pendoar, escreveu: “Há muitas flores belas no mundo, e a flor do milho não será a mais linda. Mas, aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. Meu pé de milho é um belo gesto da terra!” – e acrescentou com humor: “Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever, sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos”.
Na verdade, repito, são preciosas as crônicas de Rubem Braga e, segundo Oto Lara Resende, é impossível qualquer análise de prosa em língua portuguesa, ou luso-brasileira, sem o conhecimento da sua obra.

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